O evento será no Museu da Cidade, na Avenida Andrade Neves, perto da Estação Cultura, das 10h às 17h, com entrada franca
Presidente e diretor-geral da CCHB, Berhman Garçon (Dominique Torquato/AAN)
A Casa de Cultura Haiti Brasil (CCHB) e a Associação dos Haitianos de Campinas e Região para Desenvolvimento (A.H.C.R.D.) realizarão no próximo domingo, dia 20, a 7ª edição da Festa da Bandeira do Haiti no Brasil, evento que faz parte das comemorações da data da Bandeira do Haiti, que acontece dia 18 de maio. A festa será no Museu da Cidade, na Avenida Andrade Neves, perto da Estação Cultura, das 10h às 17h, com entrada franca. Haverá palestra com o antropólogo Omar Ribeiro Tomaz, exposições com vendas de artesanatos, gastronomia e bate-papo sobre a cultura haitiana. "O evento tem como objetivo compartilhar a história do Haiti, sua cultura, para brasileiros e mostrar como é Campinas, para a comunidade. Ou seja, serve para uma troca de culturas. Nós, haitianos, sofremos preconceito. Queremos mostrar que não somos imigrantes que só oferecem serviço braçal, mas que temos capacidade para oferecer outros trabalhos mais importantes como na área de educação entre outros" , disse o presidente e diretor-geral da CCHB, Berhman Garçon, de 38 anos. A comunidade haitiana em Campinas começou a ser formada em agosto de 2011 quando 45 jovens haitianos vieram para Campinas para estudar na Unicamp através do Programa Pró Haiti. No ano seguinte, outros quatro haitianos chegaram na cidade graças ao Programa Missão de Paz. Hoje a comunidade já soma cerca de 1,5 mil haitianos distribuídos em Campinas, Americana, Sumaré, Nova Odessa, Paulínia e Hortolândia. Somente em Campinas, são entre 800 e 900 haitianos. O idealizador da comunidade foi Garçon, o primeiro a chegar em Campinas, pós terremoto que destruiu o país, em janeiro de 2010. Formado em Jornalismo, ele chegou na cidade no dia 11 de agosto, ao lado da mulher, a enfermeira Marie Claire Garraud, de 38 anos. O casal veio com visto de estudante para fazer pós-graduação na Unicamp. Ela na área de enfermagem, ele em Antropologia Social. "Quando chegamos aqui não falávamos nada de Português. Só 'bom dia', 'sou estrangeiro e não falo português' e 'fome'" , disse Garçon que fala francês, inglês, espanhol, criolo e agora Português. O casal se instalou em Barão Geraldo e foram os primeiros a passar na imigração da Polícia Federal (PF). De lá para cá, aumentou-se o número de haitianos no Brasil através do Missão de Paz. Segundo dados do programa, de 2018 até neste ano, o País concedeu 137 mil vistos a imigrantes, sendo que cerca de 40 mil são do Haiti. Só no estado de São Paulo são cerca de 20 mil. "Entre 2011 e 2015 vieram muitos haitianos para o Brasil em busca de oportunidades. Um ia falando para o outro que aqui era um País acolhedor e de oportunidades. Mas hoje percebemos que há muito preconceito. O brasileiro acha que somos refugiados, mas não. Somos imigrantes, temos visto e estamos legalizados aqui. A gente precisa se conhecer melhor, tanto nós aos campineiros e vice-versa. Temos medo dos brasileiros e os brasileiros, medo de nós. Precisamos nos conhecer melhor e acabar com esse medo. Somos haitianos que estamos nos tornando brasileiros" , falou Garçon, destacando que já somam 15 filhos de haitianos nascidos em Campinas, desde 2011, inclusive ele tem dois filhos, Clement (7) e Dylan (2) nascidos aqui. Restaurante haitiano Os quatro primeiros haitianos que chegaram ao Brasil em 2012, se tornaram empresários. Qaundo chegaram em Campinas, o quarteto foi trabalhar em uma rede de fast food. Pouco tempo depois, eles se juntaram e abriram o próprio negócio: um restaurante com comida haitiana. Para ajudar os conterrâneos em terras campineiras, Garçon também fundou a CCHB, que dá suporte aos imigrantes quanto a documentação, legislação, aulas de português entre outros serviços. A casa fica na Rua Falcon Filho, 152, no bairro Guanabara, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h. "Também damos aula de francês e criolo. Tudo de graça e atendemos até brasileiros. Basta fazer um cadastro" , disse Garçon que é produtor da Discovery Brasil, Frances 24, rádios Groove FM e Canal + Haiti. Em Campinas, os haitianos residem nas regiões de Barão Geraldo, São Marcos, Ouro Verde e Vila União. Além da CCHB, eles costumam também se reunir aos domingos na Igreja Salém, da comunidade haitiana, localizada ao lado do terminal de ônibus, em Barão Geraldo. São cerca de 200 haitianos que frequentam ao local, com cultos nos idiomas inglês, francês e criolo. Os encontros acontecem das 10h às 14h e há coral entre outros eventos.