A última vez que foi possível presenciar um fenômeno como esse, que é visível a olho nu, foi no dia 6 de junho de 1943, há 72 anos atrás.
Campinas será palco novamente de espetáculo no céu (Roberta Mign Hallaif/foto do internauta)
Pare o que você estiver fazendo neste sábado (18) ao anoitecer e olhe para o céu. Um raro fenômeno resultado da conjunção dos planetas Vênus e Júpiter, da Lua e da estrela Regulus formará no firmamento uma cruz. Alinhados, os astros formarão um falso Cruzeiro do Oeste. “É um balé cósmico que combina vários fatores: a Lua orbita ao redor da Terra, Júpiter tem uma órbita de 11 anos e a de Vênus é de pouco mais de 260 dias, além da distante estrela Regulus. Essa geometria celeste é que causa essa configuração”, explica o astrônomo Julio Lobo, do Observatório Municipal Jean Nicolini, de Campinas. O evento está sendo chamado de “A Noite dos Três Cruzeiros” porque apenas neste dia estarão visíveis no céu a constelação do Cruzeiro do Sul verdadeira, a falsa (formada pelas constelações de Pupis e Karina) e o Cruzeiro do Oeste. O fenômeno é tão raro que a última vez que o mundo presenciou um show como esse foi no dia 6 de junho de 1943. E o melhor de tudo é que o espetáculo é visível a olho nu. Durante esta semana, já foi possível observar que o planeta Vênus se exibe de forma exuberante no céu logo ao anoitecer. Depois do Sol e da Lua, Vênus é o astro mais brilhante. “Ele reflete a luz do Sol, tem quase o mesmo tamanho da Terra e uma camada de nuvem da alta atmosfera, por isso, brilha tanto”, diz Lobo. Um deleite para quem gosta de observar os astros. O observatório estará fechado hoje à noite porque o fenômeno é observado a olho nu e porque a localização do prédio não permitirá a sua visualização. Existe uma floresta de eucaliptos que impede uma visão do horizonte Oeste.Para ver o fenômeno, tudo o que a pessoa precisa fazer é olhar para o céu na direção Oeste (onde o sol se põe) assim que anoitecer. Na região de Campinas, a observação fica perfeita até, no máximo, 19h15. “A pessoa pode transformar o local onde está em um obsevatório. Convide os amigos, faça uma festa e se divirta”, incentiva o astrônomo. Quem não conseguir observar agora, só terá uma nova chance em 25 de junho de 2039 e em 2 de setembro de 2062, já que o fenômeno só se repete a cada 24 anos. “É uma chance única, sem dúvida um belo espetáculo para ser visto. E a conjunção de 2039 não será tão favorável nem tão bonita, porque os astros não estarão tão baixos quanto agora e a formação não ficará tão bacana”, alerta Lobo.Dia 31 de julho tem Blue Moon no ObservatórioNo próximo dia 31, uma sexta-feira, o observatório municipal de Campinas terá um evento especial para a observação da Lua. “Este mês, teremos duas luas cheias e, no dia 31, teremos um food truck para observar a Blue Moon”, diz o astrônomo Julio Lobo. A Blue Moon, ou Lua Azul em português, recebe esse nome quando a Lua cheia aparece pela segunda vez em um mês.Neste dia, além de observar a Lua cheia, os visitantes poderão fazer lanches servidos em caminhões que levam vários tipos de guloseimas e bebidas aos lugares mais remotos. O evento costuma reunir público recorde no distrito de Joaquim Egídio. No último feriado, dia 9, mais de 1,7 mil pessoas foram até o local para observar os astros e degustar delícias na primeira edição do evento Food Truck nas Estrelas, que voltou a se repetir no último domingo.O astrônomo conta que algumas dicas são importantes para que o passeio seja aproveitado. “Pedimos que os visitantes não usem lanternas dos celulares e tenham paciência com as filas”, diz . O Jean Nicolini dispõe de três telescópios e a espera é inevitável. No entanto, durante esse período, é possível observar o céu a olho nu. Lobo percorre as filas, reúne grupos de dez visitantes e dá orentações sobre o que observar o céu a olho nu, mostrando onde estão as principais estrelas e constelações. “Nas noites de Lua cheia, o brilho excessivo da lua ofusca a observação da Via Láctea”, ressalva o astrônomo.