FEAC investirá R$ 36,7 mi em projetos sociais em 2024

A Fundação FEAC, entidade que investe recursos próprios e de terceiros em organizações assistências de Campinas, anuncia para o próximo ano a disponibilidade de R$ 36,7 milhões para o financiamento de projetos sociais. Esse valor foi definido em seu reformulado planejamento estratégico, que prevê ampliar a quantidade de organizações assistidas, mensurar os resultados das iniciativas que receberão investimentos e atuar em parceria com agentes privados e públicos.

Segundo o superintendente sócio-educativo da FEAC, Jair Resende, a longo prazo a meta da fundação será assegurar o bem-estar social em Campinas de forma equitativa para todos os moradores da cidade, em áreas essenciais como educação, saúde, trabalho, lazer e convivência, de modo a inspirar ações similares em outros municípios.

Resende explica que a FEAC deixará de exercer a filantropia básica, cuja função é apenas destinar recursos. Para isso, vem migrando para o modelo de investimento social privado, que demandará parcerias com o poder público e empresas. "Desde o ano de 2018, a FEAC opera em transição do modelo de doação simples para o modelo de investimento por projeto", esclarece. No investimento por projeto, as entidades devem apresentar propostas bem definidas, alinhadas aos interesses da FEAC, que prioriza investir em projetos que atendam crianças e adolescentes. Também precisam descrever as ações que serão desenvolvidas e detalhar os recursos necessários para serem executadas.

EIXOS

O modelo de investimento social privado da FEAC está estruturado em três eixos, sendo o primeiro deles o fortalecimento das organizações da sociedade civil. O segundo tratará da colaboração intersetorial e, o último, tem como objetivo o desenvolvimento territorial. Resende explica o primeiro eixo tem como foco o investimento de recursos nas organizações não governamentais civis, de modo a fortalecê-las e prepará-las para executarem seus projetos e auferirem resultados.

A FEAC transfere recursos privados às organizações e instituições da sociedade civil e, por isso, "é preciso que elas estejam bem preparadas para atuarem, ancoradas na sustentabilidade", diz Resende. A fundação, que já atende a uma rede de mais de 100 organizações do município de Campinas, traçou como estratégia ampliar, a partir do próximo ano, seus investimentos em instituições menores, que atuam em territórios periféricos.

Como principal eixo do projeto, estão reservados para as entidades R$ 16,5 milhões para 2024. Quanto à colaboração intersetorial, Resende observa que a FEAC definiu como uma de suas diretrizes para este segundo eixo a atuação em parceria com o poder público, universidades, empresas, institutos, conselhos, sociedade civil organizada, voluntariado e outras fundações. O trabalho em colaboração com estes atores é necessário, continua Resende, uma vez que a FEAC muitas vezes se depara com demandas que precisam ser atendidas, mas que não são de sua responsabilidade, mas próprias do poder público. "A colaboração intersetorial foi criada para permitir que a FEAC possa assegurar o bem-estar social em Campinas", reforça o dirigente. O orçamento deste eixo será de R$ 2,9 milhões.

Sobre o terceiro eixo, o desenvolvimento territorial, o superintendente da FEAC explica que, a partir do próximo ano, as propostas das organizações da sociedade civil que terão prioridade no recebimento de recursos serão aquelas que almejem a transformação social dos territórios vulneráveis. Isso significa que os projetos deverão buscar proporcionar à população a ampliação da oferta dos serviços públicos, das condições de habitação, de convivência, além de segurança e lazer.

Para a execução deste eixo, conforme Resende, a FEAC contará com parcerias com o poder público, empresas e instituições. "Desejamos que um território de vulnerabilidade seja transformado em território de prosperidade", afirma. De acordo com ele, "a prosperidade não é apenas dinheiro, mas um lugar no qual as pessoas possam viver com segurança, ter acesso ao transporte público, ao comércio, a uma praça para convivência social e lazer". O valor do montante reservado para o terceiro eixo é de R$ 9,2 milhões para 2024.

MENSURAÇÃO

Questionado a respeito do balanço que a FEAC faz de suas ações ao longo de sua trajetória (foi criada em 1964), Resende afirma que a fundação "contribuiu muito com a cidade, mas mensurou pouco". A FEAC, prossegue, estruturou e fortaleceu toda a rede de organizações sociais que atuam no município de Campinas, que contribuem desenvolvendo e complementando as políticas públicas direcionadas à sociedade.

"Muitas entidades atenderam milhares de crianças e adolescentes e implementaram projetos para o enfrentamento das vulnerabilidades a partir do apoio da FEAC", analisa. Além disso, soma-se aos feitos da FEAC a inclusão de lideranças de organizações e comunidades nas discussões e participação na formulação de políticas públicas.

INTERLOCUTOR

Atualmente, a FEAC ocupa um espaço de interlocução com o poder público, segundo Resende. Ele explica que a fundação tem tentado, ao longo destes anos, trabalhar para implementar políticas que promovam o bem-estar e, em algumas vezes, apontou problemas sociais por meio de diálogo com agentes públicos, mostrando dados e evidências na busca por soluções. Um exemplo disso é o estudo que a FEAC prepara sobre as causas do aumento da população de rua em Campinas. "Precisamos de informações para entendermos o problema e, assim, debater com o governo as soluções", finaliza Resende.