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FEAC estimula formação de rede de apoio às pessoas com deficiência

Projetos desenvolvidos pela entidade reforçam a importância do trabalho em conjunto entre instituições e famílias

Aline Guevara/ [email protected]
25/09/2023 às 10:19.
Atualizado em 25/09/2023 às 10:19
Atividade de dança terapia promovida pelo do Centro Síndrome de Down de Campinas (CESD), uma das instituições que atuam em parceria com a FEAC (Kamá Ribeiro)

Atividade de dança terapia promovida pelo do Centro Síndrome de Down de Campinas (CESD), uma das instituições que atuam em parceria com a FEAC (Kamá Ribeiro)

Na última quinta-feira, 21 de setembro, foi celebrado o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, data que busca promover conscientização sobre as necessidades deste indivíduo em relação à assistência, inclusão social e qualidade de vida. Neste quesito, o termo "rede" parece estar bastante alinhado a essa luta diária. É dentro do conceito da importância do trabalho em rede que a Fundação FEAC atua no enfrentamento das vulnerabilidades dessas pessoas em Campinas.

A instituição, que trabalha em parceria com outras organizações na cidade, atua em forma de projetos destinados a todo tipo de deficiência, seja ela intelectual, física ou sensorial, múltiplas deficiências, pessoas com transtorno do espectro autista e pessoas com deficiência psicossocial. Apesar da frente ampla, o olhar tenta ao máximo ser individual.

"Cada pessoa é única, e mesmo dentro de um grupo com a mesma deficiência, cada caso irá demandar um apoio e recursos específicos. Esse olhar atento e individualizado é fundamental para garantir que todos sejam contemplados com o que realmente necessitam", detalha Viviane Machado, coordenadora do Programa Mobilização pela Autonomia (MOB), da FEAC.

Ela explica que os profissionais e instituições que atendem a necessidades específicas precisam dialogar entre si, para só então suprir as reais demandas da pessoa com deficiência. "Quando trabalhamos isolados, nos enfraquecemos. Quando nos unimos, o impacto é muito maior".

Uma das premissas do trabalho do MOB é que todo mundo tem habilidade, um perfil, e que uma deficiência não é um fator paralisante. Assim, a garantia de autonomia é que é fundamental. "O conceito de deficiência diz respeito a um impedimento de longo prazo em alguma área quando em interação com alguma barreira, ou seja, a pessoa pode necessitar de apoio em alguma área, mas não significa que não possa fazer mais nada. Todos nós fazemos uso de redes para seguir nossas vidas, eu por exemplo dependo de alguém que me ajude com meus filhos para poder trabalhar. Como seres sociais, precisamos que nossas redes funcionem".

REDE DE APOIO QUE DÁ ASAS O MOB

hoje trabalha com instituições que atendem demandas específicas dentro de cada deficiência, como é o caso do CESD que atende pessoas com Síndrome de Down. Esta última é a organização proponente da atual fase do programa ASAS, que chega através da FEAC para trabalhar a importância da rede de apoio entre as famílias, com foco naquelas pessoas com deficiência que já estão na vida adulta. "A ASAS é uma metodologia canadense que trata de uma questão sensível: o que será do meu filho quando eu não estiver mais aqui? A pergunta disparadora é na reflexão pessoal. A consequência disso é justamente gerar uma rede de apoio que dê mais autonomia para o filho", conta Catarina Palermo, coordenadora de programas e projetos que está à frente da estruturação do ASAS no CESD.

Os aplicadores do programa entenderam que trabalhar com a família é imprescindível para o desenvolvimento da pessoa com deficiência. "Geralmente as famílias são tão superprotetoras que mesmo que o filho tenha o desejo e condições da autonomia, o cuidador não permite essa autonomia nem a formação de redes de apoio porque acham que ninguém vai cuidar como ele. Mas a autonomia é permitir que o filho continue caminhando mesmo sem a sua proteção constante", esclarece Catarina. O projeto, portanto, propõe uma roda de conversa com os cuidadores, junto com uma psicóloga que desenvolve entre o grupo a importância desta rede de apoio que vai auxiliá-los, permitindo que eles cuidem mais de si mesmos, desenvolvam hobbies, e se deem asas. Asas essas que os filhos também vão poder criar em decorrência. A primeira turma atendeu 50 famílias. A segunda, influenciada pelos relatos positivos de quem participou da anterior, conta com 141.

O aposentado José Rubens Cavalcante, de 64 anos, faz parte do primeiro grupo do ASAS e é pai de Robinson, de 35 anos, que frequenta o CESD há 15 anos. "O ASAS mostra que você precisa ter auxílio, porque não sabemos o dia de amanhã. Temos que ter amigos e atrair uma rede que nos auxilie. Quanto mais gente, melhor o conforto. Nosso grupo se aproximou muito depois do projeto. O ASAS abriu nossa cabeça para buscar horizontes que estavam esquecidos ou adormecidos lá atrás", explica.

O também aposentado Sebastião Alves Pereira, de 73, concorda com o amigo. Eles já se conheciam "de vista", mas desenvolveram uma amizade forte por causa do programa. Enquanto a comunicativa Liege, a filha de 35 anos, encontra os amigos e desenvolve outras atividades numa sala ao lado, o pai mantém os encontros semanais com o grupo do ASAS mesmo depois da turma deles ter concluído o projeto. "Aqui a gente conversa abertamente sobre todos os problemas e se sente à vontade para falar sobre eles". Sebastião explica que a filha desenvolveu seu lado comunicativo graças ao suporte da instituição. "Antes ela brincava mais com jovens, mas hoje interage bastante com pessoas adultas também".

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