PASSEIO

Fazendas viram novo atrativo para turismo na RMC

Elas já foram o centro de uma sociedade controlada por barões do café, e agora começam a ter esse potencial cultural descoberto

Bruno Bacchetti
28/10/2013 às 15:29.
Atualizado em 24/04/2022 às 23:38
Fazendas ( Carlos Sousa Ramos/AAN)

Fazendas ( Carlos Sousa Ramos/AAN)

Fazendas e casarões históricos construídos na Região Metropolitana de Campinas (RMC) durante o ciclo do café, entre os séculos 18 e 19, estão passando por um processo de restauração para tornarem-se opções de turismo rural, cultural e áreas de lazer. São os casos dos casarões da Fazenda Pau Preto, em Indaiatuba, Fazenda Salto Grande, em Americana, e Fazenda da Barra, em Jaguariúna, construídas com taipa de pilão, técnica comum para a época. Após a restauração, os visitantes poderão curtir o clima bucólico e o ar puro da natureza, além de aproveitar para conhecer a história de um dos principais ciclos econômicos do País, o do café, que transformou a região num importante eixo de desenvolvimento no Estado de São Paulo.“As fazendas por si só já são espaços históricos e explicam bastante a construção do Estado de São Paulo. É possível colocar o turismo nessas propriedades desde que tenha relação com a dimensão histórica da fazenda, para criar um lastro de identidade com a região”, afirmou o professor de História da Arte da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcos Tognon, autor do estudo intitulado “Patrimônio Rural Cultural Paulista: espaço privilegiado para a pesquisa, ensino e turismo”. Foto: Carlos Sousa Ramos/AAN QG na Revolução de 32 e cenário do filme 'O Palhaço', Fazenda da Barra, em Jaguariúna, passa por revitalização O Casarão Pau Preto, em Indaiatuba, está passando por um processo de restauração há pouco mais de um mês. Sede administrativa da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, do Museu e Biblioteca Municipal Rui Barbosa, o casarão está interditado pela Defesa Civil e pela Secretaria de Planejamento Urbano e Engenharia. O prédio histórico sofreu dois rompimentos seguidos de uma adutora, no início do ano, que provocaram a movimentação da parede do prédio. A previsão é que a revitalização seja finalizada no início do ano que vem. Outra propriedade histórica do século 19 que passa por revitalização e será opção de turismo cultural na região é a Fazenda da Barra, em Jaguariúna. O local está sendo restaurado pela Prefeitura com recursos federais e irá abrigar uma série de atrações turísticas. A previsão é que a propriedade, que foi utilizada como quartel-general durante a Revolução Constitucionalista de 1932 e mais recentemente cenário do filme 'O Palhaço', esteja restaurada até o meio do ano que vem. Já existe em andamento um processo no Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico de Jaguariúna (Conphaaj) para o tombamento da propriedade como patrimônio histórico.“A Fazenda da Barra vai ser aberta ao público e abrigará um museu da revolução e um do café. Como ela é grande também será utilizada pela Secretaria de Educação. Esperamos que até julho do ano que vem a restauração esteja terminada”, explicou a diretora de Cultura e Turismo de Jaguariúna, Márcia Coelho.Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Americana (Condepham), a antiga sede da Fazenda Salto Grande, em Americana, está fechada desde 2003 e ainda não tem prazo para reabrir. O local abriga o Museu Histórico e Pedagógico Municipal Dr. João da Silva Carrão, cujo acervo é composto por objetos que pertenceram a americanenses que contribuíram para a formação do município. Existem desde peças que foram utilizadas na Revolução de 1932 e na 2 Guerra Mundial, até coleções de moedas, mobiliário médico e dentário, móveis e objetos antigos.“Faltam recursos para a restauração. As empresas não estão se interessando em bancar e está difícil recuperar o patrimônio. O governo precisa criar um fundo específico para isso, senão a história vai acabar”, disse o diretor de Cultura de Americana, Melquesedeque Ferreira. Serão necessários cerca de R$ 5 milhões para finalizar o restauro nas paredes, pisos e portas do casarão histórico.De acordo com Tognon, em todo o Estado existem cerca de 2,5 mil fazendas históricas. No entanto, ele explica que muitas dessas propriedades que poderiam ser utilizadas como espaço de turismo e cultura na região estão abandonadas e deixando para trás o imenso valor histórico.“Tem muitas propriedades privadas que estão preservadas, mas em outros casos os proprietários estão sob pressão. Ou plantam cana, ou vendem para condomínios. A Fazenda Jambeiro, em Campinas, está em ruínas e poderia ser uma área muito interessante”, finalizou o especialista. Preservação garante uso constantePoucas propriedades construídas na Região Metropolitana de Campinas (RMC) durante o ciclo do café estão tão preservadas como a Fazenda Vila Rica, em Itatiba. Erguida em 1860, o local abriga atualmente um espaço para casamentos, workshops e eventos corporativos, mas ainda preserva a arquitetura histórica da época. A capela original, o enorme pé direito e a biblioteca com livros escritos há mais de 100 anos testemunham a importância da fazenda. “Tudo aqui é preservado, e a restauração é feita de acordo com a arquitetura do século 19. A família que adquiriu a fazenda cogitou pedir o tombamento, mas se for tombada não se pode fazer nenhum trabalho de restauração sem autorização, por isso houve a desistência”, contou a administradora, Fátima Geromel. O casarão da Fazenda Mato Dentro, onde foi construído o Parque Ecológico Emílio José Salim, em Campinas, também está preservado e serve como opção de turismo na região. Alunos orientados por monitores passeiam pelos cômodos da propriedade, que ainda abriga a velha senzala, com as portas, janelões e treliças. A área foi tombada pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) em 2002 como patrimônio histórico e cultural do município. Já a Fazenda Santa Maria, no distrito de Joaquim Egídio, também em Campinas, ofereceu por muitos anos eventos para grupos acima de 10 pessoas ou estrangeiros, como estudo do meio e educação ambiental para escolas, tour histórico-cultural, almoços, eventos corporativos e confraternizações. Atualmente a única atividade turística no local é a colheita de jabuticaba aberta ao público. (BB/AAN) SERVIÇOFazenda Santa MariaRua Professora Lydia Abdala km 8,5 - Joaquim Egídio, CampinasTelefone: 3298-6423 Fazenda Vila RicaRua Sandra Piovesana, s/n - bairro São Francisco, ItatibaTelefone: (11) 99497-7599 Fazenda Mata Dentro - Parque Ecológico Monsenhor Emílio José SalimRodovia Heitor Penteado, s/n, km 3,5, bairro Vila Brandina, CampinasTelefone: 3252-9988 Fazenda da BarraRua Maranhão s/nº, bairro de Guedes, JaguariúnaTelefone: 3837-4791 Fazenda Pau PretoRua Pedro Gonçalves, 477, bairro Jardim Pau Preto, IndaiatubaTelefone: 3875-8383 Fazenda Salto GrandeAvenida Presidente Médici, s/n, bairro Salto Grande, AmericanaTelefone: 3469-1898

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por