ABASTECIMENTO

Farmácia de alto custo tem fila de 6h

Pacientes reclamam do atendimento moroso e denunciam que unidades na região foram fechadas

Renato Piovesan
20/06/2018 às 07:46.
Atualizado em 28/04/2022 às 13:22
Posto de distribuição localizado na Ponte Preta registra grande procura diária pelos medicamentos gratuitos; usuários superlotam local (Divulgação)

Posto de distribuição localizado na Ponte Preta registra grande procura diária pelos medicamentos gratuitos; usuários superlotam local (Divulgação)

Portadores de doenças crônicas ou raras têm sofrido cada vez mais para conseguir medicamentos de alto custo gratuitos em Campinas por meio da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). A principal farmácia de alto custo da cidade, no bairro Ponte Preta, convive diariamente com um cenário de caos que só tem aumentado nas últimas semanas. Há relatos de até 6 horas de espera para retirada de um remédio no local. A reportagem do Correio Popular esteve ontem nessa farmácia e constatou filas que dobravam o quarteirão da calçada da Rua General Setembrino de Carvalho no período da manhã. Na parte da tarde, as filas eram menores, mas o interior da unidade seguia lotado, mesmo após as 15h, prazo para retirada das últimas senhas – o atendimento é feito até as 17h. Eram centenas de pessoas na espera, muitas de pé, sendo a maioria idosa. Alguns carregavam sondas nasoenterais e máscaras. Outros estavam de cadeira de rodas. Quem não estava “amontoado” dentro da sala de espera, precisou aguardar do lado de fora, exposto ao Sol, como a analista financeira Valéria Zukeran, de 46 anos. “Hoje (ontem) foi um negócio absurdo. Cheguei às 8h com a fila dando volta no quarteirão. Para entrar na sala e fazer a triagem deu 1h30, antes eram 15 minutos. Não sei o que está acontecendo, mas está difícil assim”, reclamou. O procedimento para preenchimento da ficha, alterado pelo Ministério da Saúde em março, também ajuda a explicar a demora, já que informações, como peso e altura, devem ser colocadas pelo médico. O professor Rafael Marques, de 35 anos, chegou à farmácia de alto custo às 10h30 e só deixou o local às 16h30. “Minha avó de 85 anos, que possui glaucoma, precisa pegar medicamento contínuo. Como ela não tem condições de esperar esse tempo todo, eu trouxe os exames, renovei a receita, depois peguei a outra senha para retirar o medicamento. Na última vez que eu vim, há três meses, demorei 1h30 no processo todo”, afirmou. São muitos os boatos que circulam entre os pacientes na fila de espera. O principal deles é que a outra farmácia de alto custo de Campinas, localizada na Unicamp, teria fechado, mas a informação não procede. A Unicamp informou que a unidade está funcionando normalmente no Hospital de Clínicas (HC). “Fecharam várias farmácias, só pode. Tem gente da região toda aqui”, denunciou o vigilante aposentado Cláudio Ferreira de Oliveira, de 55 anos. A Secretaria Estadual de Saúde alegou ontem falta de tempo para checar se alguma farmácia de alto custo da região fechou recentemente. O órgão estadual divulgou ainda que a farmácia da Ponte Preta atende, em média, 1,2 mil pessoas diariamente, e que há atendimento preferencial para idosos – com priorização de pessoas com 80 anos ou mais. Cerca de 90% dos usuários dessa unidade são idosos. O fornecimento de medicamentos é realizado mediante a entrega de documentos por parte dos pacientes, incluindo o laudo com a solicitação do item, que deve ser corretamente preenchido pelo profissional.

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