JUSTIÇA

Famílias defendem inocência de jovens

Duas mulheres afirmam que seus irmãos foram presos por preconceito e truculência da PM

Alenita Ramirez
26/09/2020 às 12:17.
Atualizado em 28/03/2022 às 00:13
Vinícius e Luik são amigos de infância e foram detidos no último dia 7 (Wagner Souza/AAN)

Vinícius e Luik são amigos de infância e foram detidos no último dia 7 (Wagner Souza/AAN)

Duas famílias moradoras no Parque Novo Mundo, no distrito do Campo Grande, em Campinas, tentam provar para a Justiça a inocência de dois jovens que foram presos, no dia 7 deste mês, pela Polícia Militar (PM), por suposto envolvimento nos roubos de um carro e de uma moto em datas distintas. Segundo elas, os policiais foram truculentos e preconceituosos na abordagem, aos relacionarem a criminalidade às tatuagens e às correntes de prata grandes que ostentam. Eles foram detidos em um ponto de encontro que costumam se reunir há anos, no bairro onde moram. “A gente já não consegue mais dormir. Os dias estão horríveis. Sabemos que eles são inocentes”, disse Vittória Beatriz Ramos, de 18 anos, irmã de Vinícius César Ramos, de 21 anos, um dos acusados. De acordo com as famílias, os jovens, desde a infância, vivem em um grupo de cinco e têm por hábito se reunir nos finais de semana, pela manhã, em frente a um mercado desativado, na rua onde Luik Rauan Matheus de Paula Moreira dos Santos, de 19 anos, mora. Luik também é supeito, segundo a polícia Antes de seguirem para o local, eles compravam lanches para comerem juntos. No dia 7, não foi diferente. O grupo ia em uma cachoeira e por volta das 8h30 se encontrou no local de costume como de costume. “Estavam sentados quando a PM passou e os abordou. Mas foi uma abordagem abusiva. Perguntou por que usavam correntes de prata e tinham tatuagens. Minha mãe e irmã ficaram em choque e foram ver o que acontecia”, contou a auxiliar administrativa Raiane de Paula Santos Cardoso, de 24 anos, irmã de Luik. Segundo a família, naquele dia, por volta das 7h, dois bandidos em um carro roubado renderam um motociclista e lavaram a moto e o celular da vítima. Como o aparelho tinha GPS, a localização apontava no endereço onde estava o grupo. “O celular foi achado dentro do carro, na garagem da casa que fica ao lado do mercado. O homem que estava na casa, que conhecemos só de vista, pois é morador novo, afirmou que o carro estava com ele e que conhecia os meninos de vista”, disse Raiane. Ainda conforme a família, mesmo negando envolvimento, os policiais tiraram fotos dos jovens e enviaram a outros policiais e vítimas, que apontaram Vinícius e Luik nos roubos. Os dois jovens e o homem que estava com o carro roubado, onde estava o celular do motociclista, foram presos em flagrante por roubo. “Penso que, infelizmente os meninos estavam na hora errada e no local errado, mas meu irmão trabalha em um açougue desde que completou 18 anos. Apenas são jovens da periferia, que gostam de tatuagens e de usar correntes. Isso não é crime”, disse Vittoria. Luik trabalha com os pais na sorveteria da família, que funciona na própria casa. Cada família contratou advogados para comprovar a inocência. Em nota, a Polícia Militar informou que as ocorrências relativas a possíveis erros procedimentais, quando chegam ao conhecimento do comando, são submetidos à apuração rigorosa. “Quanto à ocorrência demandada, mais especificamente quanto à localização de um celular que teria sido roubado em posse de Luik e de Vinicius, coloca ambos na situação de infratores, não havendo alternativa quanto à prisão a ser levada a efeito, estando afastadas as circunstancias que não se amoldem ao aspecto jurídico da ação policial”, informou em nota. Ainda conforme a corporação, o caso será apreciado pelo Poder Judiciário e que até ontem não houve formalização de contestação sobre o caso na PM.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por