Moradores esperam proposta da Aeroportos Brasil Viracopos
Moradores em área invadida por trator: revolta e medo (Alessandro Rosman/AAN)
As famílias que moram ou têm terrenos no Cidade Singer, em Campinas, em área que pertence ao Aeroporto Internacional de Viracopos, informaram que só sairão do local depois de receberem indenização.
Lideranças do bairro esperam uma proposta da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S/A, responsável pela administração do terminal. Aproximadamente cem casas estão no espaço que será utilizado nas obras de ampliação e estrutura viária do aeroporto, e precisam ser demolidas.
Na segunda-feira (25), uma ação da concessionária com apoio ostensivo das polícias Militar e Federal tentou retomar terrenos do bairro.
Foram derrubados muros de pelo menos dez loteamentos ainda vazios e construções de residências em fase inicial. Vários moradores entraram na frente das máquinas para impedir que seus imóveis fossem destruídos. Na manhã de ontem, pessoas haviam deixado de ir ao trabalho para tomar conta das casas, com medo que elas fossem demolidas.
Em nota, a concessionária informou que “dentro da razoabilidade, dará o amparo para que as pessoas que invadiram a área se estabeleçam em outro local”. A operação foi feita para impedir que moradores continuassem comercializando imóveis no local, de acordo com a empresa. Muitos terrenos e casas na área têm placa de vende-se.
A decisão de reivindicar indenização pelas casas foi tomada na noite de anteontem, após uma reunião entre os moradores. Serão chamados um engenheiro e um perito para determinar o valor de cada residência. As casas terão valor negociado individualmente, de acordo com uma das líderes do bairro, Adriana Sá.
“Não queremos casa da Cohab. Queremos ter o direito de decidir onde vamos morar. Também não vamos aceitar um valor baixo pelo nosso sonho”, disse. Segundo o comerciante Abraão Eugênio Pinheiro, a concessionária admitiu ter errado em fazer a operação. “Os advogados pediram desculpas e admitiram para nós que a ação foi desastrada”, disse Pinheiro.
Uma das moradoras que não saiu de casa ontem foi a costureira Nazaré Morais, de 61 anos. De acordo com Nazaré, seu marido teve que ir ao hospital depois da operação de reintegração, com uma crise de hipertensão.