Pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria revela que brincar e ficar com parentes é o que alegra crianças
Tiago e Andrea com Leonardo: resultados da pesquisa não forma novidade ( Janaína Maciel/Especial a AAN )
Nem videogame, bicicleta ou outro brinquedo de última geração. O que faz uma criança feliz é ficar ao lado da família e dos amigos. Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Pediatria mostrou que os pequenos não são naturalmente consumistas e que valorizam a convivência familiar antes de mais nada. Para eles, o maior motivo de tristeza é ficar longe da família.Psicólogos e educadores ouvidos pela reportagem concordam com a avaliação e dizem que o convívio familiar saudável é a chave para uma boa educação. A psicóloga Priscila Ribeiro Manzoli afirma que afeto e segurança garantem uma infância feliz. “É importante que os pais demonstrem o afeto tanto por palavras quanto por atitudes. Assim ela se sente amada independente do que faça”, disseFoi por esse motivo que a psicóloga Talita Paris decidiu suspender temporariamente suas atividades profissionais para se dedicar exclusivamente às duas filhas. “Eu quero ficar com elas o maior tempo possível porque sei da importância da presença da família principalmente durante a primeira infância”, afirma.E amar uma criança, dizem os especialistas, inclui estabelecer limites e saber dizer “não”. “A segurança se dá por meio dos limites. São os pais que devem definir até onde as crianças podem ir, quais são os comportamentos aceitáveis e quais não são. Os limites ajudam a criança ser mais segura e confiante. As crianças precisam basicamente disso para serem felizes”, afirma Priscila. A família é o primeiro grupo social que a criança participa e onde começa aprender os valores, o que é importante para a sua formação. “É também a primeira fonte de afeto e onde a criança tem as primeiras experiências de como se relacionar com as pessoas”, completa Priscila.Essa proximidade da família traz reflexos em vários aspectos da vida da criança. “Toda vez que a criança se sente importante, pertencente, reconhecida, ela é preenchida por uma sensação de bem-estar e saciedade. A relação que a criança estabelece dentro da família com os pais e irmãos é a mais significativa para sua formação. Mais do que o presente, o importante para a criança é o quanto de amor e carinho ele vem impregnado. A atenção individualizada à criança, favorece o desenvolvimento de sua autoimagem e autoestima. E a criança que tem uma visão positiva de si, se sente capaz e confiante para superar os desafios da aprendizagem, pois acredita no seu potencial e age com segurança”, diz a educadora Vânia Bueno.A falta de tempo com os pequenos é motivo de preocupação constante para muitas mães, que temem que sua ausência possa trazer prejuízos às crianças. A educadora diz que não existe uma receita sobre o desenvolvimento infantil e, por isso, não é póssível determinar até que ponto a falta de tempo é responsável por reflexos na personalidade da criança. “Muitas crianças têm a companhia da mãe ou do pai por longos períodos do dia e isso não garante que ela crie estrutura emocional saudável. O ideal mesmo é conhecer e entender as necessidades da criança, isso não significa atender às suas vontades.”Segundo Vânia, é imprescindível que os pais pensem em como utilizar o tempo com a criança. “Tentar priorizar o tempo de convivência e, se não for possível ampliar a quantidade de momentos juntos, ter em foco a qualidade desse tempo, onde se faz indispensável a presença de lições de valores e regras de convivência”, afirma.A dona de casa Andrea Cunha, mãe de Leonardo, de 6 anos, diz que o resultado da pesquisa não a surpreende. “O Leonardo é muito ligado aos pais, gosta dos momentos em famílias. O momento de maior felicidade é quando fica junto com a gente fazendo alguma atividade”, conta. Por isso, os momentos de lazer são sempre a três. “Nós curtimos muito em família”, diz.