acusado de assédio sexual

Família de líder religioso foragido reconhece corpo encontrado no Rio Atibaia, em Campinas

O homem estava desaparecido desde a madrugada do dia 29 de julho

Do Correio.com
26/08/2022 às 10:22.
Atualizado em 29/08/2022 às 10:31
Altar da Associação Espiritual de Umbanda Pai Tajubim (AEUPT), casa de oração onde o líder espiritual Domingos Forchezatto ocupou o principal posto da entidade durante 30 anos (Arquivo)

Altar da Associação Espiritual de Umbanda Pai Tajubim (AEUPT), casa de oração onde o líder espiritual Domingos Forchezatto ocupou o principal posto da entidade durante 30 anos (Arquivo)

Na manhã desta sexta-feira (26), a família de Domingos Forchezatto, líder religioso acusado de assediar e violentar sexualmente mulheres durante 'cerimônias religiosas', reconheceu o corpo encontrado no Rio Atibaia como sendo do homens de 68 anos.

Na noite de quinta-feira (25), o corpo de um homem foi encontrado boiando no Rio Atibaia, na região do bairro Vale das Garças, no distrito de Barão Geraldo em Campinas.

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local acompanhando a remoção do cadáver. Informações preliminares davam conta de que o caseiro de Domingos teria reconhecido as roupas que vestiam o corpo como sendo as usadas pelo religioso no dia do seu desaparecimento misterioso, ocorrido na madrugada de uma sexta-feira, dia 29 de julho, durante um ritual religioso às margens do Rio Atibaia, em uma área de mata fechada que dá acesso à propriedade que morava.

Na ocasião, ele estava acompanhado do caseiro e teria pedido para ficar sozinho às margens do rio. Com a demora do fim do ritual, o caseiro retornou para chamá-lo e Domingos não foi mais encontrado. O caseiro e uma segunda pessoa foram as últimas que estiveram com ele às margens do rio antes dele desaparecer. O Corpo de Bombeiros esteve no local no dia seguinte para realizar buscas, porém, a corporação informou que o homem não foi encontrado. 

O boletim de ocorrência sobre o desaparecimento foi realizado no dia seguinte pela esposa de Domingos, tendo o caseiro como testemunha. O mistério envolvendo o sumiço do pai de santo prosseguiu e nenhuma possibilidade foi descartada pelas autoridades que investigavam o caso. Foi cogitada até a suposta possibilidade de fuga dele do país. Familiares e outras testemunhas foram sendo intimadas para prestar depoimento e as diligências prosseguiram na tentativa de elucidar os fatos.

O caso

A investigação das acusações contra o líder religioso estava sendo conduzida pela 1ª Delegacia da Mulher (DDM) de Campinas. Ao menos quatro mulheres confirmaram à Polícia terem sido abusadas sexualmente pelo pai de santo. Na última semana, inclusive, foi decretado um mandado de prisão contra Domingos Forchezatto, que passou a ser considerado foragido.

O caso envolvendo o líder espiritual chocou a comunidade ligada às religiões de matrizes africanas de Campinas. Relatos das mulheres que sofreram violência sexual mostraram que Domingos exercia uma forte influência pisicológica sobre as vítimas, as quais eram abusadas sexualmente pelo pai de santo.

As primeiras denúncias de violência sexual surgiram no início do mês de junho. Após os relatos, outras mulheres também procuraram a Polícia comunicando outros abusos. Durante a fase de investigação da DDM, Domingos chegou a negar as acusações e disse, por meio de seu advogado, que se apresentaria espontaneamente assim que fosse convocado pelas autoridades policiais responsáveis pelo caso. Porém, antes mesmo de ser ouvido, desapareceu durante a prática de um ritual religioso às margens do Rio Atibaia. O local era frequentemente usado para trabalhos espirituais.

O mistério envolvendo o caso também teve um episódio anterior ao desaparecimento no mínimo intrigante e que chamou a atenção da Polícia. Domingos procurou as autoridades policiais para registrar o extravio de documentos de sua casa e outros documentos pessoais. Desde então a polícia seguiu sem pistas do pai de santo. (Rodrigo Piomonte)

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