CAMPINAS

Família cigana é enterrada após tragédia em rodovia

Corpos dos sete ciganos que morreram em acidente em Jundiaí foram sepultados neste domingo em Campinas

Fabiana Marchezi/Especial para AAN
26/05/2013 às 15:37.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:26
Cortejo para sepultamento da família de ciganos (Janaína Maciel/AAN)

Cortejo para sepultamento da família de ciganos (Janaína Maciel/AAN)

Foram sepultados na manhã deste domingo, 26, em Campinas os corpos dos sete ciganos de uma mesma família que morreram na madrugada de sábado após um grave acidente no km 56 da Rodovia dos Bandeirantes, em Jundiaí, sentido interior. Uma jovem de 19 anos foi a única sobrevivente. Ela passou por cirurgia e está internada em estado grave no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O Jetta que transportava a família - pai, mãe, filha, nora e netos - foi atingido pelo Polo de um motorista que invadiu a contramão. O motorista do Polo, o eletricista Benedito Alves Martins, de 45 anos, também morreu na hora.

Revolta, comoção, tristeza e indignação marcaram o enterro da família. Mais de 3 mil membros da Igreja da Comunidade Cigana de vários Estados do Brasil e do exterior passaram pelo cemitério Flamboyant durante o velório das vítimas. O sepultamento ocorreu no cemitério das Aleias. Até os funcionários do cemitério ficaram comovidos com a multidão que tomou o local. Dentro do Jetta estavam Simone Martins, de 59 anos, Marcus Ianof, 57 anos, Gatúcia Ianof, 31 anos, Natália Ianof 14 anos, Samira Ianof, 11 anos, Nádia Angélica Marcovit, 35 anos, Lucas Marcovit, de 4 anos, além de Lira Ianof, de 19 anos, a única sobrevivente.

"A comunidade cigana de todo o mundo está arrasada. É a primeira vez, em toda a nossa história que acontece uma tragedia dessa proporção. Estamos surpresos e condoídos. Foi uma grande perda para o nosso círculo familiar. Perda irreparável. É um sentimento de muita dor. Uma imprudência de um indivíduo ceifou sete vidas importantes para nós. Agora, precisamo cuidar do que restou da família, tanto espiritualmente quanto materialmente" , disse o pastor Jorge Ramos Aristides. O único integrante da família que restou não quis presenciar o momento de dor e decidiu ficar ao lado da filha Lira, de 19 anos, que está no hospital.

"Estamos arrasados. Os ciganos são muito unidos, nem precisa ser parente para sofrer junto. Tudo por causa de uma pessoa descontrolada e imprudente que estava na contramão" , disse Hilda Michel Oliveira, amiga da família. "É muito triste. A verdade é que no trânsito em geral, as pessoas têm permissão para matar. As pessoas fazem barbaridades e nem presas são" , afirmou Jesu Michel Oliveira. Na comunidade, a informação é de que Martins teve um desentendimento com a esposa e decidiu se matar. Por isso, teria saído de um posto de gasolina pela contramão.

O acidente aconteceu por volta da 0h30, quando o Polo conduzido por Martins invadiu a pista contrária e bateu de frente com o Jetta, que levava os oito membros da família. Martins viajava sozinho e era morador do bairro Jardim Amanda, em Hortolândia. No velório de Martins familiares não conseguem explicar o que pode ter ocorrido com ele. Segundo apuração da reportagem, parentes que não quiseram se identificar disseram que Martins era um homem tranquilo, que estava bem com a esposa e que não havia motivos para cometer suicídio. "Não sabemos o que aconteceu. A única coisa que sabemos é que estamos velando uma pessoa que sempre foi querida e nunca deu indícios de nada. Só a polícia e os exames vão explicar o que realmente aconteceu" , disse um dos familiares.

De acordo com o boletim de ocorrência, há imagens da concessionária AutoBAn, que administra o Sistema Anhanguera-Bandeirantes, de que Martins estava trafegando pela contramão. Um policial militar chegou a monitorá-lo, mas não teve tempo de impedir a ação do motorista antes da colisão frontal. Informações preliminares dão conta de que ele chegou a trafegar pelo menos dois quilômetros pela contramão, com os faróis apagados. A AutoBAn não confirmou as informações e disse que vai aguardar as investigações da polícia. O caso foi registrado no 6º Distrito Policial de Jundiaí como homicídio culposo na direção de veículo automotor.

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