EDITORIAL

Faltam peritos criminais, mas sobram vagas

Das 65 vagas para peritos em Campinas, apenas 43 estão preenchidas. Isso acarreta na demora do atendimento às vítimas

06/03/2021 às 14:46.
Atualizado em 22/03/2022 às 02:58

Reportagem do Correio Popular veiculada na edição de hoje revela que, há mais de uma década, Campinas convive com um déficit de 33,8% no quadro de peritos criminais. Este dado é apenas um dentre tantos casos de defasagem de recursos humanos observados no funcionalismo público do Estado de São Paulo e do Município. Neste caso específico, a falta de peritos impacta diretamente na segurança da população.

A falta desses profissionais acarreta na demora do atendimento às vítimas — e este talvez seja o problema de menor gravidade diante da quantidade de investigações paradas ou interrompidas.

Atualmente, das 65 vagas para peritos criminais abertas em Campinas, apenas 43 estão preenchidas. Isso significa que há 22 vagas à espera de serem ocupadas — e este número ainda não é o ideal, segundo o Sindicato dos Peritos Criminais do Estado.

O território paulista é responsável por 55% da demanda nacional por peritos criminais. Com uma defasagem de quase 15% (o equivalente a 260 vagas), não é difícil entender por que o Estado de São Paulo registra, ano após ano, altos índices de criminalidade, em que pese o fato de ser o estado brasileiro com maior capacidade de investir em infraestrutura.

No caso de Campinas, cabe ao prefeito Dário Saadi se reunir com o governador João Dória para tentar convencê-lo não a abrir novo concurso — proibidos enquanto durar a pandemia —, mas simplesmente permitir que as vagas existentes sejam preenchidas ainda este ano. Além de ser uma questão de interesse da sociedade campineira, trata-se de um gesto de consideração pelos profissionais que estão sobrecarregados, por conta do acúmulo de funções.

O afastamento motivado por estresse tem sido uma constante na profissão, tornando cada vez mais deficitário o atendimento ao público. Este fato tem de ser considerado quando formos analisar o aumento de crimes não solucionados em Campinas e região.

O Correio Popular compreende que a crise econômica causada principalmente pela pandemia é uma realidade nacional — e que a queda na arrecadação tem comprometido a capacidade de investimentos em São Paulo. É preciso, porém, priorizar os recursos humanos dos serviços públicos considerados essenciais, como a Saúde, a Educação e a Segurança.

Por pior que seja uma crise, a derrocada deste tripé inviabiliza a retomada a curto ou médio prazo. Eis uma regra básica da gestão pública.

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