VALINHOS

Falta de pessoal atrasa entrega de 3 milhões de cartas

Equipe reduzida em central na região, responsável por 147 cidades, causa o problema; população reclama de prejuízo por receber as faturas após o vencimento

Cecília Polycarpo
03/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:56
Moradores de Campinas reclamam de prejuízo porque faturas são entregues pelos Correios depois do vencimento ( Janaína Ribeiro/ Especial a AAN )

Moradores de Campinas reclamam de prejuízo porque faturas são entregues pelos Correios depois do vencimento ( Janaína Ribeiro/ Especial a AAN )

O Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Valinhos, chegou a 3 milhões de cartas acumuladas nesta segunda-feira (2), de acordo com o sindicato da categoria em Campinas. O número dobrou em uma semana — reportagem publicada reportagem no último dia 23 mostrava uma quantidade de 1,5 milhão de encomendas represadas.   A unidade, responsável pela distribuição de correspondências em 147 cidades do Interior paulista, deveria ter 800 trabalhadores, segundo o sindicato, mas opera apenas com 400. O problema se arrasta desde o final do ano passado, quando a empresa pública demitiu 432 funcionários terceirizados.   Défciti   Os Correios informam que o déficit tem reflexos na entrega em 20 municípios do Interior, mas o Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares de Campinas e Região (SintecCas) diz que quase todas as cidades tem problemas. São 2 mil trabalhadores para todos os municípios da base de Valinhos.   Jaguariúna é um dos locais mais afetados: são apenas quatro responsáveis pela entrega de cartas de mais de 50 mil habitantes. A cidade tem 80 mil correspondências acumuladas. Em Campinas, a lentidão no Centro de Tratamento de encomendas e o número reduzido de carteiros resultaram em 300 mil cartas atrasadas.   Bairros   A população das regiões do Campo Grande e Ouro Verde, em Campinas, afirma que é comum pagar contas após o vencimento por não receber em tempo a fatura. Mas bairros mais próximos da região central, como Taquaral, Gramado e Nova Europa também são afetados. O número de correspondências acumuladas passou de 200 mil a 220 mil em uma semana. Valinhos tem 150 mil cartas atrasadas e Hortolândia, 80 mil.   O diretor do SintecCas, Remerson Braga, afirmou que o volume de cartas aguardando entrega está crescendo em velocidade maior e sobrecarrega funcionários da distribuição. O trabalho puxado, com mutirões aos finais de semana para tentar regularizar a demanda, causa afastamento médicos por problemas ortopédicos, principalmente em braços e ombros. “Vira uma bola de neve. Quanto mais cartas, mais os funcionários trabalham e têm problemas de saúde. O que, consequentemente, atrasa mais a entrega”, disse.   Avanço do problema   A demora no escoamento das cartas, antes comum em bairros periféricos, agora já atinge a região central. Braga contou que correspondências simples de condomínios fechados do Gramado, por exemplo, levam até 20 dias para chegarem nas casas. Já em bairros afastados do Centro, a situação se agravou ainda mais.   Em uma rua da Vila Aeroporto, região do Ouro Verde, moradores falaram que o carteiro aparece apenas uma vez por semana. As contas de fevereiro da agente de educação infantil Fátima Oliveira, de 49 anos, estão atrasadas porque até ontem estava sem os boletos. “O carteiro passou agora e entregou várias contas de uma vez. Algumas venceram no dia 15. Em janeiro foi a mesma coisa”, contou. O operador de máquinas Claudinei dos Santos, de 38 anos, disse que no ano passado as cartas chegavam três vezes por semana. “Agora, é só uma vez por semana e olhe lá”, falou.   Prejuízo   O publicitário Valdir Matos, de 37 anos, também teve prejuízo por receber boletos de contas atrasados pelos Correios. “Os Correios passaram de uma instituição confiável para uma com imagem arranhada. E não tem como alegar que o carteiro atrasou a conta para não pagar juros e multa.”   A reportagem conversou com um carteiro, que preferiu não se identificar, e disse que anda em média sete quilômetros por dia, mas já chegou a percorrer mais de 10. “Depende muito do dia, mas o trabalho está cada vez mais pesado. Depois das demissões, piorou muito. E tem muita pilha de carta acumulada ainda em Campinas.” Empresa prepara licitação para reforçoOs Correios reiteraram que está em processo de licitação a contratação de uma nova empresa de mão de obra temporária. Porém, ainda não há data para a alocação desses trabalhadores. Ainda segundo a nota oficial da instituição, uma decisão judicial que manteve vigente um concurso público de 2011 em Campinas impede a realização de outra prova para contratação permanente de funcionários.   No concurso de 2011, foram contratados mais de 20 mil trabalhadores em todo o País, sendo cerca de 200 para a Região Metropolitana de Campinas (RMC). O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou na Justiça, em 2013, após a constatação de que os Correios contratam profissionais terceirizados para atuar em cargos efetivos.   Questionamento   Na Ação Civil Pública, o MPT questionou os Correios sobre a não-convocação dos candidatos classificados no cadastro reserva da última seleção. A empresa pública terá então que fazer um levantamento dos aprovados remanescentes e chamá-los antes de fazer novo concurso.Os Correios informaram que implantaram um plano de contingência para garantir a entrega das encomendas à população.   As ações incluem redistribuição de carga, realocação de empregados de outras cidades nas unidades mais afetadas e hora extra nos finais de semana. “Embora não sejam de forma diária, as entregas de correspondências são feitas regularmente e, independentemente do segmento dos objetos postais, os Correios não deixam de entregá-los”, diz a nota da instituição.   Acúmulo de cartas sem entrega em algumas cidades da RMCCampinas- 300 mil   Sumaré -220 mil   Valinhos 150 mi   Hortolândia- 80 mil   Jaguariúna- 80 mil

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