Nos últimos dias, cinco médicos deixaram a unidade do Campo Grande
A população que depende da unidade de Pronto Atendimento (PA) Campo Grande continua sofrendo na pele as consequências da falta de médicos em Campinas. Ontem a espera por atendimento chegou a 10 horas, segundo a coordenação da unidade. Apenas dois clínicos gerais estavam trabalhando, mas o número não era suficiente para atender os casos de urgência e emergência e dar assistência às 14 pessoas que estavam internadas na unidade. “Os dois médicos que estão aqui não conseguem atender à demanda que surgiu”, afirmou o coordenador da unidade, Marcos Firmino. A média de atendimentos do local é de 200 pessoas por dia nos três primeiros dias da semana.
Quando a auxiliar de serviços gerais Alzira Tobias chegou ao PA foi informada de que havia apenas um médico atendendo. “Já me avisaram que eu teria que esperar pelo menos seis horas. Absurdo.”
A falta de profissionais na unidade, que já vinha ocorrendo há mais de um ano, se agravou com a demissão dos funcionários contratados pelo convênio com o Cândido Ferreira. E a situação piorou nas últimas três semanas, quando cinco médicos pediram demissão. Segundo o coordenador da unidade, é preciso contratar 14 clínicos gerais com carga horária de 24 horas semanais para sanar o déficit. Firmino disse que há uma defasagem de 200 horas semanais de clínicos e de 120 horas de pediatra. Dos 25 clínicos que saíram após o fim do convênio com o Cândido, 22 foram repostos, mas com carga horária inferior. E apenas quatro repuseram as vagas deixadas por dez pediatras.
A unidade acionou a Secretaria de Saúde e um médico foi enviado no fim da manhã. “Esperaram a gente reclamar, ligar para a Ouvidoria e chamar a imprensa e só depois foram atrás de mais médico”, disse a usuária Cristiana Anselmo. O secretário de Saúde, Carmino de Souza, explicou que um dos clínicos faltou, mas outro profissional foi remanejado para o local. “Quando você tem dois clínicos, depende de como está a parte de dentro (internação). Se o número de pacientes é pequeno e a gravidade é baixa, é possível atender a porta. Quando eu soube desse assunto logo cedo, pegamos um médico do São José e levamos para lá.”
Souza disse que a falta de médicos deve ser normalizada em julho. “Dia 28 de junho homologamos o concurso e 243 médicos assumem em julho.” Ainda segundo ele, a Saúde terá que fazer um novo concurso para psiquiatras. “Das 11 vagas abertas, apenas cinco foram preenchidas.”
Moradores do Jardim Satélite Íris que dependem do SUS organizam uma manifestação em frente à unidade do PA hoje à noite. O grupo fará um abraço simbólico por volta das 20h. “Vamos usar branco e acender velas para fazer a manifestação, já que aqui é um hospital e não podemos fazer barulho”, disse o presidente da associação dos moradores do Satélite Íris 4, Cecílio Serafim dos Santos.