ATIVIDADES

Falta de médicos coloca em risco os 'atletas' da Lagoa

Parque Portugal, que recebe 50 mil pessoas no final de semana, não tem atendimento médico

Cecília Polycarpo Cabalho
cecilia.cebalho@rac.com.br
15/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:37

Populares praticam atividades físicas na Lagoa da Taquaral, principal área de lazer da cidade: falta de assistência médica preocupa (César Rodrigues/AAN)

O Parque Portugal, ou Lagoa do Taquaral, um dos lugares públicos mais frequentados de Campinas, que chega a receber 50 mil pessoas em um final de semana, não possui estrutura de atendimento médico. Quem passa mal durante uma caminhada ou corrida no espaço, precisa esperar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ou os bombeiros, para receber os primeiros socorros. O local não tem ao menos o desfibrilador externo automático (DEA), equipamento utilizado em paradas cardiorrespiratórias com o objetivo de restabelecer ou reorganizar o ritmo cardíaco. Pela legislação brasileira, qualquer lugar com circulação média diária de mil pessoas deve ter o aparelho.

No Parque do Ibirapuera, na Capital, por exemplo, além do desfibrilador, os usuários têm à disposição um posto médico fixo, que funciona das 7h às 13h, e uma ambulância do Samu, que fica no local o dia todo. Aos sábados e domingos, quando o movimento é maior, são três ambulâncias, com médico, enfermeiro e motorista, ligados à Secretaria de Saúde do município.

Mas em Campinas, nem aos finais de semana e feriados, com o movimento na Lagoa do Taquaral triplicado, há plantão médico. O padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, que precisou de atendimento de urgência no local na última segunda-feira, afirmou que não encontrou nenhum funcionário capacitado para ajudá-lo. “Estava tomando um medicamento que me fez mal durante a caminhada. Mesmo me sentindo péssimo, andei o parque todo atrás de atendimento. Me assustei quando um empregado me disse que não existia médico no parque”, disse. De acordo com Di Lascio, é importante que a Lagoa tenha aparelhos básicos, como um medidor de pressão arterial. “Além dos atletas, o parque tem vários idosos que frequentam a academia ao ar livre. Não existe suporte a essas pessoas”, completou.

Treinamento

O cardiologista Otávio Rizzi, do Hospital de Clínicas da Unicamp, afirmou que tão importante quanto estrutura médica e desfibrilador, é o treinamento de funcionários do Parque Portugal em primeiros socorros. De acordo com Rizzi, o primeiro atendimento em casos de infarto ou parada cardíaca é fundamental, e poucas pessoas são capacitadas para fazer os procedimentos corretamente.

“Uma ambulância com médico é importante. Mas e se a pessoa tem um mal súbito em outra extremidade da Lagoa, onde a ambulância vai demorar pelo menos 5 minutos para chegar? Por isso é essencial qualificação dos funcionários em primeiro atendimento”.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia tem uma campanha para que o poder público capacite o maior número de pessoas possível no procedimento chamado de Basic Life Suporte (BSL), que na sigla em inglês significa Suporte Básico para a Vida, segundo Rizzi. “Esse curso ensina, inclusive, a usar o desfibrilador. Não adianta nada ter o aparelho sem conhecimento do que ele faz. Ele salva muitas vidas, mas se utilizado corretamente”. Ainda de acordo com o cardiologista, é essencial que as pessoas, principalmente idosas, consultem um médico e façam exames antes de começarem uma rotina de exercícios.

Prefeitura

A Prefeitura informou que a Secretaria de Esportes irá estudar uma parceria com outros órgãos do município para montar postos médicos em todos os parques da cidade com prática esportiva e circulação diária superior a mil pessoas. Ainda de acordo com a Administração, as estruturas serão equipadas com aparelhos médicos básicos, entre eles o desfibrilador. Segundo a assessoria de imprensa, funcionários dos locais serão treinados em primeiros socorros. No entanto, não foi estabelecido uma data para que isso ocorra.

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