Fim de contrato com terceirizada gera problemas na região de Campinas; demora chega a um mês. O acúmulo já atrasa as entregas em cerca de 100 cidades
Centro de Distribuição dos Correios em Valinhos: sindicato fala em déficit de 450 funcionários para a região ( Edu Fortes/ AAN)
A falta de funcionários fez o Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Valinhos, acumular 1,5 milhão de encomendas e cartas para entrega. Faltam ao menos cem funcionários para triagem e encaminhamento das correspondências. O problema começou no fim do ano passado e ainda não há uma previsão para ser resolvido. O acúmulo já atrasa as entregas em cerca de 100 cidades que deveriam receber as encomendas do Centro de Valinhos. Muitas delas distantes da região de Campinas, como Araras, por exemplo. As informações são do sindicato da categoria, que fala em déficit de mais de 450 funcionários depois da demissão dos terceirizados, em dezembro passado. Outros locais A situação também é preocupante nas agências dos Correios de muitas cidades. Em Sumaré, até a semana passada, o acúmulo de correspondências chegava a 200 mil e, em Hortolândia, 150 mil. O atraso e até a ausência de entrega vem se arrastando desde o início do ano e tem piorado nos últimos dias, principalmente nas cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Além de Campinas, Jaguariúna, Nova Odessa e Valinhos somam atrasos de mais de 20 dias para receberem contas e encomendas rápidas. Por meio de assessoria de imprensa, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos admitiu atraso nas entregas em algumas localidades da RMC, como Jaguariúna e Nova Odessa. E afirmou que eles são provocados por dois fatores: a sobrecarga de correspondências neste período do ano e o encerramento do contrato com a empresa fornecedora de trabalhadores temporários que atuavam nas entregas. A empresa nega que no centro de distribuição de Valinhos exista 1,5 milhão de encomendas paradas. Críticas “A situação tem ficado cada vez pior. É ruim para todo mundo. Para os funcionários que têm que trabalhar dobrado e não dão conta, e para as pessoas que não recebem seus compromissos em dia e pagam contas atrasadas, por exemplo”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares de Campinas e Região (SintecCas), José Ivaldo da Silva. O problema afeta diretamente as cidades da região de Campinas. O número insuficiente de profissionais de entrega e de triagem obrigou a empresa a promover mutirões para o escoamento das encomendas e cartas aos fins de semana, principalmente nos locais onde o problema é maior. Mesmo assim os atrasos são constantes. No Centro de Tratamento de Valinhos, na última quarta-feira havia funcionários de Indaiatuba trabalhando no local.Áreas mais afetadas Em Campinas, bairros como Vila Georgina, Parque da Figueira, Nova Europa, Taquaral e regiões do Campo Grande e Ouro Verde são os mais afetados com o problema. O morador do Parque Figueira Claudio Bueno afirmou que não recebe cartas há 20 dias. Ele foi informado, no Centro de Distribuição da Vila Georgina, que o carteiro que faz as entregas em sua região entrou de férias e não há ninguém para substitui-lo. “Também não permitem que eu retire as correspondências no local. O jeito é esperar. É um absurdo”, reclamou. Em outras cidades a situação não é diferente. Em Valinho o técnico de informática Jeferson Sousa espera uma mercadoria que era para ter chegado no mês passado. “Ela está parada na agência. É um absurdo, nem telefone atendem para dar uma posição. Pedi para enviarem pelos Correios por acreditar que era uma empresa séria e confiável. Mas é pura e total falta de respeito com o consumidor, se comprei é porque estou precisando da mercadoria”, afirmou. O problema também é comum em Nova Odessa e Jaguariúna. Moradores dos dois municípios não conseguem receber as correspondências nem indo aos postos de distribuição para a retirada dos objetos. Segundo as unidades faltam profissionais até para separar as encomendas. Em Jaguariúna, que possui 50 mil moradores, apenas seis carteiros fazem as entregas. Já em Nova Odessa a situação piora. Os 56 mil habitantes são antedidos por cinco carteiros. O sindicato afirma que seriam necessários 18 carteiros em cada uma das unidades. Ou seja, três vezes mais do que o número atual. Plano de contingência Para minimizar os problemas os Correios informaram que já foi adotado um plano de contingência que redistribui a carga e realoca empregados. A empresa nega de que tenha ocorrido uma demissão em massa de empregados terceirizados. E afirmou que já está em andamento um novo processo de licitação para contratação de nova empresa fornecedora de mão de obra temporária. Porém, não há como definir uma data para a alocação de trabalhadores temporários, pois como empresa pública os Correios devem seguir todos os trâmites legais previstos. Quanto à contratação de novos carteiros, a realização de um novo concurso está sendo analisada. No último concurso, realizado em 2011, foram contratados mais de 20 mil trabalhadores em todo o País, sendo cerca de 200 para a RMC.