RECURSOS HUMANOS

Falta de engenheiros é entrave a novas obras

Déficit de profissionais na Prefeitura atrasa empreendimentos

Bruna Mozer
20/08/2013 às 08:09.
Atualizado em 25/04/2022 às 04:52
Prédios em construção na cidade: falta de engenheiros na Administração para avaliar projetos atrasa obras (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)

Prédios em construção na cidade: falta de engenheiros na Administração para avaliar projetos atrasa obras (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)

A falta de engenheiros na Prefeitura de Campinas, principalmente na Secretaria de Urbanismo, tem agravado ainda mais a lentidão na aprovação de empreendimentos, motivo de reclamação dos empresários. Os engenheiros são os responsáveis por avaliar tecnicamente os projetos e dar encaminhamento à autorização da obra. Somada aos entraves burocráticos do setor, a necessidade de contratação desses profissionais contribui com a morosidade.No início de junho, reportagem do Correio revelou que a Prefeitura pretendia contratar mais cem profissionais para acelerar a avaliação dos projetos. A medida foi vislumbrada para impulsionar os investimentos habitacionais, principalmente os de baixa renda. A Prefeitura não soube informar o déficit de engenheiros atualmente na Administração municipal, e disse somente que desde abril, 27 profissionais foram contratados para vários setores dentro da Prefeitura.Os engenheiros estão alocados principalmente nas secretarias de Urbanismo, Infraestrutura e Planejamento — essas duas últimas responsáveis por dar andamento às obras públicas, como escolas, por exemplo. Já Urbanismo é o departamento que cuida das construções e empreendimentos particulares. O ex-secretário de Urbanismo na gestão do ex-prefeito Pedro Serafim (PDT) Hélio Padilha, também engenheiro concursado da Prefeitura, afirmou que durante sua gestão, no ano passado, necessitava de mais sete profissionais para compor o quadro. Ele admitiu que a demanda de trabalho é grande, mas também atribuiu à burocracia o motivo para a lentidão no setor. “Acontece que (a Prefeitura) não se adapta ao crescimento da construção civil da cidade. Não são todos os profissionais que gostam de trabalhar no Urbanismo. A demanda de trabalho e de atendimento às pessoas é grande”, disse o ex-secretário. Segundo ele, também há certa insegurança dos profissionais depois dos escândalos de corrupção na gestão do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT). Na época, empreendimentos foram embargados pelo Ministério Público por irregularidades na aprovação.Para o presidente da direção regional do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (SEESP), Rubens Patrão, o trabalho no setor público é atraente para a categoria. Diferentemente dos médicos, por exemplo, que não se sentem atraídos para trabalhar pela Prefeitura, Patrão disse que o salário é competitivo. “O problema é o Executivo que não abre concurso público.” O salário para início de carreira gira em torno de R$ 5 mil. De acordo com ele, são comuns comentários da categoria quanto à sobrecarga de trabalho na Prefeitura.O presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Prefeitura de Campinas, Cláudio Orlandi, também afirmou que a demanda alta de trabalho é evidente. Funcionário de carreira da Secretaria de Infraestrutura, ele admite que a carga de tarefa na pasta de Urbanismo é puxada. “A gente recebe sim informações (da categoria) quanto à sobrecarga, isso é bem comum”, disse. MutirãoNo mês passado, depois de muitas críticas da construção civil, a Prefeitura lançou mão de uma força-tarefa para minimizar os gargalos na aprovação de empreendimentos. As secretarias de Planejamento, Verde e Urbanismo, as mais emperradas no atendimento das demandas, iniciaram um mutirão para dar uma resposta aos empreendedores. O maior entrave, segundo o setor da construção civil, é a legislação urbanística arcaica aliada aos procedimentos morosos na tramitação das processos dentro da Prefeitura.O presidente da Associação de Habitação de Campinas (Habicamp), Francisco de Oliveira, afirmou que os resultados foram positivos com esse trabalho, mas admite que, sem o mutitão, o desempenho da secretaria deixa a desejar. “Percebemos que a secretária (de Urbanismo, Silvia Faria) está buscando melhorar a situação. Acredito que o entrave maior seja na burocracia e talvez uma equipe que esteja despreparada”, disse.Além de engenheiros também faltam outros profissionais. O último dado divulgado no mês passado apontava um déficit de 36 servidores, mas foram contratados cinco funcionários administrativos e três técnicos que substituíram servidores que se aposentaram. Para completar o quadro, o Executivo pretendia emprestar pessoal de Finanças e da Sanasa.

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