escola estadual

Falta de acessibilidade é provação para estudantes

Alunos com deficiências físicas se sujeitam a situações como serem carregados no colo e não poderem usar o banheiro

Daniel de Camargo
daniel.camargo@rac.com.br
31/08/2019 às 10:05.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:46

Pelo menos três estudantes com deficiência física sofrem com a falta de acessibilidade na Escola Estadual Professora Rita de Cássia da Silva, no Parque São Jorge, em Campinas. Vilma Neves Pereira, dona de casa de 46 anos, denuncia que o colégio não conta com nenhuma rampa, que o banheiro é pequeno e, por isso, inviabiliza a troca de fraldas, e que esses alunos preferem não participar de algumas aulas de educação física porque precisam ser carregados pelo professor para conseguirem chegar na quadra poliesportiva. Os jovens, afirma Vilma, ficam constrangidos. "Eles morrem de vergonha quando são pegos no colo pelo professor, pois já são adolescentes: as meninas estão lá e veem isso", explicou. Seu filho, João Lucas, de 17 anos, que tem paralisia cerebral, não precisa usar fraldas. Mas um colega dele, sim. "Esse menino fica com a mesma fralda a manhã inteira, porque não tem onde trocar", lamenta. Os problemas, ressalta, já foram reportados para a direção da unidade de ensino por inúmeras vezes. Contudo, a resposta é sempre a mesma: "não há recurso financeiros para promover as melhorias necessárias". De 2018 para cá, houve troca de diretoras. Uma delas disse a Vilma que a reclamação do banheiro era infundada. A justificativa: "existem outras escolas na rede com instalações piores" . As dificuldades enfrentadas pela dona de casa e seu filho eram maiores no ano passado, quando João Lucas ingressou nessa escola e tinha aulas no primeiro andar. Desde março deste ano, a classe que frequenta está alocada em uma sala no térreo, onde ficava um laboratório de informática. A mudança, entretanto, só ocorreu depois que ela, conjuntamente com as outras mães dos jovens cadeirantes, entraram na Justiça. "Ganhamos a causa, mas o Estado ficava recorrendo", comentou. "Antes, nós e os professores subíamos e descíamos com as crianças no colo todos os dias", relembrou. Vilma revela que sua preocupação com a inexistência de acessibilidade da escola se dá também pelo fato de o filho não parar de crescer. "O João, hoje, é magro: está com 45 quilos. Contudo, já tem 1,65m de altura", frisa, contextualizando que carregar o garoto se tornará cada vez mais difícil. Atualmente no 2º ano do Ensino Médio, João Lucas é, de acordo com a mãe, um dos primeiros da sua turma. "É elogiado pelos professores e se destaca em matemática", menciona Vilma. Procuradas, as secretarias de Educação e a dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo não se posicionaram até o fechamento desta edição. A Diretoria Regional de Ensino de Campinas informou que está à disposição da responsável pelo aluno para encontrar um encaminhamento para o caso. Será oferecida uma nova unidade de ensino, que atenda às necessidades do estudante. Se necessário, o transporte escolar também será fornecido.Transporte Para se deslocar do Parque Santa Bárbara, onde a família mora, até a escola no Parque São Jorge, João utiliza o serviço Ligado, oriundo de convênio entre a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (Emtu-SP) e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que estimula a inserção das pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida severa no sistema de transporte metropolitano. Em seu site, a Emtu informa que a atual frota desse serviço conta com 534 veículos adaptados e adequados para levar passageiros cadeirantes e não cadeirantes. São realizados atendimentos do tipo "porta a porta" para cerca de 5,1 mil crianças e adolescentes (e acompanhantes), entre suas casas e as 987 escolas ou instituições conveniadas/credenciadas. SAIBA MAIS João Lucas é atendido pela Casa da Criança Paralítica de Campinas (CCP), instituição sem fins lucrativos, fundada em janeiro de 1954, que oferece tratamento de reabilitação gratuito para crianças e adolescentes com deficiência física e comprometimento neurológico. O atendimento é especializado e multiprofissional. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, se trata de um "rapaz incrível e cheio de energia".

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