A empresária Iracema (à esq.) recebe pagamento com cartão de cliente: "Agora a situação está esclarecida" (Elcio Alves/AAN)
Boatos de que o Banco Central teria autorizado a cobrança de uma alíquota de 0,38% do Imposto sobre Operação Financeira (IOF) nas transações com cartão de crédito provocaram confusão entre os consumidores e internautas. A informação - falsa - era de que a medida teria sido tomada para que o governo pudesse compensar a queda na arrecadação. Confusos, os consumidores passaram a procurar informações nos sites das instituições financeiras.De acordo com a assessoria do Banco Central, essas informações equivocadas tiveram origem em uma reportagem veiculada pela rádio Itatiaia, de Minas Gerais. Em pouco tempo, o assunto passou a ser comentado em todo País por meio de sites de informações e blogs.O diretor executivo Marshal Raffa contou que os boatos chegaram até o seu conhecimento por meio de notícias na rede. “Me causou estranheza porque se você limitar o uso do cartão de crédito, limita o ciclo econômico. Depois tudo foi esclarecido, mas mesmo assim escutei pessoas dizendo que iriam evitar usar o cartão para não pagar IOF”, contou.O Banco Central informou que quem controla essa questão é o Ministério da Fazenda, mas negou que tenha sido feito qualquer mudança na tributação do IOF sobre as operações de crédito. A autoridade monetária explicou que a alíquota de 0,38% já é cobrada - mas apenas quando o cartão é usado como forma de pagamento de contas de consumo como água, luz, telefone e TV por assinatura, por exemplo.A informação foi confirmada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que também negou qualquer mudança na cobrança do tributo e reafirmou que o IOF incide apenas sobre transações específicas, como compras feitas no exterior ou pagamento de contas com cartão de crédito.Ainda segundo o Banco Central, a cobrança do IOF sobre essas transações já é feita há muito tempo, mas não há nenhuma tributação sobre compras parceladas no comércio.O analista de projetos Felipe Amaral costuma pagar suas contas de consumo no cartão tanto para acumular pontos quanto para prorrogar o desembolso com as despesas. “Eu não estava sabendo dessa mudança que estavam comentando e fui me informar. É preciso fazer o cálculo para saber se vale a pena usar o cartão e só fazer isso quando for necessário”, comentou.A culinarista Érika Cândido também recorre ao cartão de crédito quando o orçamento está mais apertando ou precisa de mais prazo. Ela conta que é preciso analisar cada caso porque o cartão já cobra uma taxa - por isso, se os juros pelo atraso da conta forem menores que a soma do IOF e da taxa do cartão, vale a pena usar. “Senão, fica mais barato atrasar o pagamento”, disse.A empresária Iracema Sulinsk conta que 98% das vendas em sua loja são feitas através de cartões de crédito e débito, e segundo ela os boatos não provocaram queda no uso pelos consumidores. “A movimentação está normal, até porque agora a situação está esclarecida” , afirmou.O professor da Faculdade de Economia da Puc-Campinas Roberto Brito explicou que o ideal é pagar as contas sempre à vista. “Se a pessoa está com dificuldade de pagar suas contas em dia, talvez tenha problemas também em pagar a fatura do cartão em dia. E aí, além do IOF, vai ter que pagar também os juros do cartão, que são muito pesados - entre 10 e 13%”, explicou o economista. Nesse caso, recomendou, seria melhor deixar vencer a conta e pagar a multa pelo atraso, que é, em média, de 2%.