combustíveis

Falsa greve provoca uma nova corrida aos postos

Os boatos espalhados nas redes sociais e grupos de WhatsApp sobre a possibilidade de uma nova greve fizeram motoristas lotarem alguns postos

Renato Piovesan
04/09/2018 às 08:23.
Atualizado em 22/04/2022 às 12:22
Movimento intenso de veículos em posto localizado na Avenida Senador Saraiva, no Centro de Campinas (Leandro Ferreira)

Movimento intenso de veículos em posto localizado na Avenida Senador Saraiva, no Centro de Campinas (Leandro Ferreira)

Os boatos espalhados nas redes sociais e grupos de WhatsApp sobre a possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros fizeram motoristas lotarem alguns postos de combustíveis de Campinas ontem. A União dos Caminhoneiros do Brasil (UDC) chegou a disparar nota no fim de semana afirmando que faria uma paralisação após o feriado da Independência (7 de setembro) por entender que o governo descumpriu o acordo em relação ao preço do diesel, que sofreu reajuste de 13% na última sexta-feira. No entanto, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e sindicatos de caminhoneiros de diferentes regiões do País não confirmam a nova greve. A avaliação das entidades é a de que, no momento, não existe clima para nova paralisação e que as informações que circularam até o momento não possuem representatividade na categoria. Na dúvida, vários campineiros resolveram encher os tanques de seus carros para não serem surpreendidos caso ocorra a suposta greve. Num posto de combustível da Avenida Dr. Jesuíno Marcondes Machado, no bairro Nova Campinas, o movimento foi tão grande desde domingo que ontem o etanol acabou às 9h e o estoque só foi reabastecido no fim da tarde. “Aumentou em 20% o movimento do posto desde o fim de semana. Nunca acontece de faltar álcool, mas dessa vez nosso estoque não foi suficiente”, afirmou o frentista Welison Batista de Miranda. “O pessoal que vem abastecer fica perguntando se vai ter greve, mas pelo que eu falo com os caminhoneiros não vai ter nada não”, acrescentou Luís Cláudio Oliveira, responsável pelo caixa de um posto na Rua Monsenhor João Batista Martins Ladeira, no Jardim Leonor. No Centro de Campinas, um estabelecimento na Avenida Senador Saraiva esteve lotado o dia todo, com fila de carros dobrando a Rua Barreto Leme no período da tarde. A gerente do local, Adriana Costa Mattoso, disse que o posto sempre tem bom movimento, mas os boatos de nova paralisação dos caminhoneiros, somado ao iminente aumento do valor do etanol e da gasolina, motivaram mais motoristas a encher seus tanques. “Durante o dia todos postos têm aumentado em até 20 centavos no litro do etanol. Os motoristas estão vendo e procurando onde ainda tem mais barato. É um abuso que vem das distribuidoras, estamos tentando segurar o máximo possível, isso talvez explique esse movimento acima do normal”, comentou. Conforme a pesquisa mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgada sexta-feira, o preço médio do litro dos principais combustíveis em Campinas é o seguinte: R$ 4,20 (gasolina), R$ 2,39 (etanol) e R$ 3,18 (diesel). Ontem já foi possível encontrar o etanol a R$ 2,49 o litro. Rumores Os rumores de nova paralisação dos caminhoneiros cresceram tanto nos últimos dias, que um dos líderes do movimento grevista de maio até precisou divulgar um vídeo para negar que haveria greve. Segundo Wallace Landin, o Chorão, um dos principais responsáveis do movimento passado, é preciso “sabedoria” por parte dos caminhoneiros. “Fico muito preocupado de saber que tem gente infiltrada no nosso meio querendo chamar uma paralisação, fico muito triste porque nós lutamos, ficamos 11 dias na beira das estradas e conseguimos a lei, e quero deixar claro não existe paralisação para o dia 7 de setembro”, prometeu. Jungmann manda Polícia Federal apurar ‘fake news’ O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, mandou a Polícia Federal investigar as mensagens que circulam pelo WhatsApp com a informação falsa sobre uma nova paralisação de caminhoneiros. “Desmentida pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), entre outras representantes da categoria, as mensagens se enquadram na categoria de fake news e seus autores e veiculadores podem responder por crime contra a economia popular e por publicidade enganosa”, diz a nota divulgada ontem, pelo Ministério da Segurança Pública. O ministério afirma que a própria Abcam informou que os áudios e imagens veiculadas nas redes são materiais antigos, dos protestos de maio, que voltaram a circular nesse final de semana como se fossem atuais. “Essas ações causam transtorno à população, prejuízo ao mercado produtor e de serviços, constituem grave fator de desestabilização e têm grande potencial para provocar desordem pública. Seus autores e veiculadores, portanto, estão sujeitos às consequências das legislações que classificam os crimes contra a economia popular e contra o consumidor”, diz a nota.

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