MENTIRAS

Fake news preocupam 85% das empresas

Apreensão é demonstrada em pesquisa inédita feita pela Aberje

Renato Piovesan
renato.piovesan@rac.com.br
29/04/2018 às 08:48.
Atualizado em 28/04/2022 às 07:11

(Reprodução)

Se você recentemente leu algo como “Inverno de 2018 será o mais frio dos últimos 100 anos”, “Se Rússia entrar em guerra, Copa será no país-sede anterior (Brasil)” ou “Papa Francisco discursa a favor de Lula”, e acreditou, você foi mais uma vítima das fake news. As notícias mentirosas e cada vez mais deturpadas nas redes sociais ou aplicativos de mensagem como o WhatsApp já incomodam políticos e celebridades há algum tempo, mas agora têm tirado o sono também das empresas, temerosas pela repercussão que uma informação falsa ou boato sobre sua corporação ou área de atuação possa gerar. Pesquisa divulgada na última semana pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) aponta que as fake news preocupam 85% dos representantes de 52 organizações de médio e grande porte entrevistadas. No entanto, 67% das empresas não têm as boatarias virtuais incluídas em seus temas estratégicos, e apenas 20% dizem ter estruturado seu departamento interno ou contratado serviços externos para acompanhar e gerir as publicações que envolvem notícias falsas. Os participantes acreditam que os principais impactos causados pelas fake news às organizações são danos à reputação da marca (91%); danos à imagem da empresa (77%); perdas econômico-financeiras (40%) e credibilidade da companhia (40%) — a pesquisa era de múltipla escolha, em que os entrevistados podiam marcar mais de uma opção, portanto, os itens somados ultrapassam os 100%. Os temas que os participantes consideram haver mais incidência de fake news são política nacional (78%), seguida por saúde (30%), assuntos internacionais (28%), negócios, economia e finanças (28%) e ciência e tecnologia (26%). Muito antes da internet A professora de arquitetura de marcas Rita Lunardi, do curso de Publicidade e Propaganda da PUC-Campinas, lembra que as fake news surgiram antes mesmo da popularização da internet e das redes sociais, mas agora multiplicaram sua força diante do “espaço ilimitado” que o mundo on-line dá a quem planta boatos. “Quem nunca ouviu a história que Coca-Cola dá mil e uma doenças ou que saíam bichos de lanches do Mc Donald's? São boatos que existem há anos, nem sempre comprovados, e as pessoas nunca pareceram muito preocupadas em checar a veracidade, mas sim sair espalhando as notícias negativas envolvendo as marcas”, diz a professora. “Isso já acontecia antes de chegarmos ao on-line. Mas agora com o digital, tudo é mais veloz, se propaga muito mais rápido e aumentou a preocupação das grandes marcas. Até por isso, muitas delas já fazem o que está ao alcance, que é incluir um processo de monitoramento das redes sociais, interação com o público e se posicionar ou se desculpar assim que checar a procedência do que foi falado”, comenta. Jornal, veículo confiável Com a explosão de boatos nas redes sociais e compartilhamento de matérias de sites desconhecidos, os veículos tradicionais como jornais e revistas continuam sendo os meios mais confiáveis na divulgação de notícias verdadeiras, segundo a pesquisa da Aberje. O levantamento mostra que os principais canais acessados para fins de informação relevante são os jornais e revistas on-line (74%) e os jornais impressos (67%), pelo fato de o público acreditar no trabalho de apuração e checagem feito por jornalistas antes de publicar uma matéria. Por outro lado, 71% dos entrevistados disseram que as notícias menos confiáveis são aquelas encontradas nas mídias sociais. “Em tempos de fake news, o jornalismo de qualidade precisa ser valorizado. Pensar sobre os rumos da comunicação e a relação entre o mundo empresarial e a imprensa torna-se, mais do que nunca, indispensável. Nosso objetivo é antecipar as tendências que impactarão o mercado e responder aos novos desafios com agilidade”, afirma o presidente da Aberje, Paulo Nassar. Boataria digital Em 2015, a boataria virtual causou grandes estragos a centenas de empresas e estabelecimentos comerciais de Campinas. No mês de agosto, áudios viralizados em grupos do WhatsApp espalharam o boato de um toque de recolher na cidade. Comerciantes, temerosos com a suposta ameaça dos criminosos, fecharam as portas de suas lojas e deixaram de faturar na data. As ruas ficaram vazias naquela noite, uma tragédia para bares, restaurantes, cinemas diversos outros estabelecimentos. Na ocasião, o Correio apurou a informação, confirmando tratar-se de fake news, e divulgou em seus canais impresso e digital, alertando a comunidade. 

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