MEMÓRIA

Exposição celebra os 140 anos do Culto à Ciência

Fotos históricas, mobília de época e equipamentos raros tomam os salões imponentes do colégio

Rogério Verzignasse
rogerio@rac.com.br
11/04/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:53

Estudante Wellington Alves, de 15 anos, vencedor de concurso interno para o selo comemorativo, com desenho de Santos Dumont, um dos ex-alunos do Culto à Ciência (Élcio Alves/AAN)

O tradicional Colégio Culto à Ciência, símbolo histórico da educação de excelência em Campinas, completa 140 anos nesta semana. E, para celebrar a data, a direção da escola prepara uma festa para amanhã. O colégio vai permitir o acesso de ex-alunos aos imponentes salões do prédio principal, onde se organiza uma exposição histórica, com fotografias, móveis, raros instrumentos de precisão, peças de laboratório, medalhas, placas e troféus que remetem à história da escola. A direção também vai apresentar o selo personalizado comemorativo à data, e decorar o corredor principal com quadro feito a lápis reproduzindo a imagem clássica de Santos Dumont, que estudou no colégio no começo da adolescência, antes de se tornar uma celebridade mundial.

O detalhe interessante é que o desenho foi feito por um garoto de 15 anos. Wellington Alves de Souza, aluno do 2° ano do Ensino Médio, mora no San Martin, bairro localizado no limite entre Campinas e o subdistrito sumareense do Matão. O jovem chamou a atenção dos professores quando se ofereceu para participar do concurso interno do selo comemorativo. Rapidamente, ele esboçou a cena: o 14 Bis voando com uma faixa comemorativa do aniversário da escola.

A diretora da escola, Débora Seneme Gobbi, há quase uma década no cargo, convidou o menino para retratar o pai da aviação. A moldura será afixada no primeiro lance da escadaria de madeira que une os dois pisos do prédio principal.

Reforma

A direção espera confirmar, nos próximos dias, o recebimento de verbas estaduais para a revitalização completa do terreno nos fundos da escola. A gleba era ocupada no passado pela piscina e pelo campo de futebol (hoje abandonado). O projeto, do paisagista paulistano Apoema Amaral, prevê a construção de quadras, minicampos e quiosques para a realização de exposições artísticas.

As intervenções são previstas desde 2007, quando a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), anunciou investimentos de R$ 4 milhões na reforma da escola. Os recursos disponibilizados pelo Estado, no entanto, permaneceram até 2011 concentrados nas obras estruturais. As salas de aula e os laboratórios foram refeitos. Portas e janelas foram artesanalmente recuperadas. Houve o restauro de detalhes preciosos, símbolos da arquitetura histórica: adornos, portas, batentes, ladrilhos originais. O jardim externo frontal foi totalmente recuperado, com a remoção de árvores condenadas e o cultivo novas espécies.

Para Débora, a revitalização da gleba dos fundos vai coroar a reforma. E um fato deve apressar o repasse. Um trecho do muro da escola (de frente para a Rua Delfino Cintra), ruiu. Tapumes improvisados impedem a invasão do terreno da escola. “Não bastava reerguer o trecho caído. São necessárias obras de terraplanagem para a recomposição do talude”, diz. E, apesar da festejada reforma, a escola já precisa de uma nova demão de pinta externa.

Internamente, a única ação ainda não-executada foi a reabertura ao público da biblioteca do centro de memória. Mas ninguém se atreve a estimar datas para a execução definitiva do projeto.

Personagens

No Culto à Ciência estudaram jovens que, no decorrer da vida, se tornaram profissionais importantes em seus respectivos setores de atuação. Naquelas carteiras se acomodaram, por exemplo, o pai da aviação Santos Dumont, o poeta Guilherme de Almeida, João Nery (o primeiro bispo de Campinas), os ex-prefeitos Raphael de Andrade Duarte, Perseu Leite de Barros, Antônio Mendonça de Barros, Heitor Penteado e Francisco Amaral, o empresário Lix da Cunha, os médicos Domingos Boldrini e John Cook Lane, além de inúmeros artistas da TV. Também foi no Culto que estudaram os idealizadores de duas das mais importantes entidades culturais campineiras: o Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) e a Academia Campinense de Letras (ACL).

História

O Culto à Ciência foi criado por integrantes da Loja Maçônica Independência. Em 1867, o grupo idealista inaugurou uma sociedade civil com o objetivo de angariar fundos para a construção de uma escola pública de qualidade, exclusivamente leiga, alicerçada nos ideais positivistas, abolicionistas e republicanos. O terreno foi doado por um deles. Em 1873, há 140 anos, a pedra fundamental foi lançada. O colégio começou a funcionar no ano seguinte. Em 1892, após a última reunião da Sociedade Culto à Ciência, a escola passou a ser patrimônio do Município, e em meados do século passado passou para o Estado. O tombamento do colégio como patrimônio cultural campineiro começou em 1983.

Almoço

Além do evento festivo, os 140 anos do Culto também serão celebrados por antigos alunos e professores, que vão participar de um almoço na Hípica. O evento acontece as partir das 12h de sábado, exatamente no aniversário do lançamento da pedra fundamental (que aconteceu no dia 13 de abril de 1873).

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