mais divisas

Exportação e importação crescem na Região Metropolitana de Campinas

Vendas ao exterior alcançam a marca de US$ 498,19 milhões, segundo a PUC-Campinas

Rodrigo Piomonte
19/05/2022 às 10:57.
Atualizado em 19/05/2022 às 10:57
Linha de montagem de uma fábrica de ônibus elétricos em Campinas: indústria automobilística brasileira se consolida como fornecedora desse produto para países da América Latina, principalmente Argentina (Gustavo Tilio)

Linha de montagem de uma fábrica de ônibus elétricos em Campinas: indústria automobilística brasileira se consolida como fornecedora desse produto para países da América Latina, principalmente Argentina (Gustavo Tilio)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou no mês de abril, um aumento de 32,37% nas exportações e de 24,36% nas importações em relação ao mesmo período do ano passado. Esse desempenho levou a RMC a alcançar o melhor desempenho dos últimos dez anos, com um volume de exportações alcançando a marca de US$ 498,19 milhões.

É o que aponta os números divulgados pelo Observatório da PUC-Campinas, ligado à Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Os resultados refletem uma melhora nas atividades do setor externo em relação ao mesmo período de 2021, o que é positivo para a geração de emprego nas indústrias da região. Porém, não estão ligados diretamente ao aumento de produtos exportados e sim aos efeitos inflacionários dos preços no cenário internacional, aponta o levantamento.

Segundo as informações do Observatório da PUC-Campinas, foi registrado um crescimento das exportações para todos os principais destinos ligados à pauta internacional da RMC. A Argentina continua sendo o principal parceiro comercial das empresas da região, sobretudo, na questão da exportação de veículos. Na sequência, aparecem países como EUA, China e México.

Apesar do desempenho favorável, a RMC registrou queda na participação no montante exportado pelo Estado de São Paulo. Entre os principais produtos exportados, o estudo destaca o crescimento do valor das vemdas de bombas de ar ou de vácuo, máquinas para a construção civil e veículos.

"Na questão dos veículos, a indústria automobilística brasileira se consolidou como fornecedor desse produto para a América Latina, exportando, sobretudo, para a Argentina. E parte importante dessa produção está na RMC. O aumento de custo de produção também explica o desempenho na exportação", comenta o professor Paulo Ricardo da Silva Oliveira, coordenador do estudo.

Entre os produtos que chegaram na RMC, o estudo destaca o aumento do valor importado de defensivos agrícolas, circuitos eletrônicos integrados e partes de aparelhos telefônicos. O desempenho das exportações e das importações resultou em aumento de 19,79% no déficit comercial regional. O estudo aponta como principal motivo, a dependência das importações de insumos externos. 

"Apesar dos problemas estruturais do déficit comercial regional, causados pela dependência das importações de insumos externos, os dados mensais evidenciam melhora da atividade do setor externo da RMC em relação ao mesmo período do ano anterior. É importante ressaltar que as estatísticas de volume de comércio, baseadas em valores monetários, sofrem efeitos inflacionários importantes no período", disse.

Ainda conforme o estudo, a participação da RMC nas exportações do Estado de São Paulo foi de 7,33%, diante de 7,44% de março e 7,64%, em fevereiro, indicando que a RMC continua perdendo participação relativa nas exportações do Estado. "A região é uma das mais industrializadas do Estado, e quando a indústria sofre com as exportações, a RMC perde a participação no Estado, que tem uma importante participação nas exportações agrícolas", disse Oliveira.

Segundo o Observatório, as importações totalizaram US$ 1,28 bilhão no mesmo período, enquanto as exportações somaram US$ 498,19 milhões. O desequilíbrio entre importações e exportações rendeu um déficit comercial regional negativo de US$ 789,2 milhões. O saldo estadual foi de US$ 664,69 milhões no mesmo período. A participação da RMC nas importações do Estado, de 20,99%, foi a segunda maior da década. 

O professor explica que fatores estruturais sustentam o déficit da balança comercial regional há anos na RMC. "É uma questão estrutural. Não importamos mais que exportamos há pelo menos 20 anos. Então, o padrão de deficit é constante. A região é dependente de insumos e tem uma participação muito alta nas importações do Estado, mas uma participação mais baixa na exportação, já que a indústria brasileira e da região oferta, sobretudo, para o mercado interno", disse.

Segundo ele, o déficit na balança comercial regional deve se manter por depender de toda uma reformulação da estrutura produtiva regional e uma realocação dos fornecedores para ser alterado. "Isso tudo se dá a longo prazo com questões bastante complexas nesse sentido a serem resolvidas", disse.

Para os próximos meses, o professor avalia que deve ser observado novos crescimentos nas exportações e importações em relação ao ano passado, que foi bastante ruim, o que é importante para a região no aspecto da geração e manutenção do emprego.

"Dado ao contexto internacional, que é um pouco de recuperação, apesar das ameaças de guerra e ainda vestígios com ameaças de retomada de pandemia, como vimos na China, principal fornecedor para a RMC, devemos observar crescimento na pauta comercial da RMC nos próximos meses", projeta.

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