Com R$ 2,26 bilhões movimentados, resultado foi inferior apenas aos R$ 2,32 bilhões do mesmo mês do ano passado
Tratores, medicamentos, automóveis, acessórios de veículos, óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, pneus e partes de motores foram alguns produtos que puxaram o aumento (Divulgação)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) movimentou, em julho, US$ 465,18 milhões (R$ 2,26 bilhões) em exportações, o segundo melhor desempenho para o mês em 11 anos. O volume é inferior apenas aos US$ 477,70 milhões (R$ 2,32 bilhões) de julho de 2022, revelou o estudo da balança comercial realizado pelo Observatório PUC-Campinas. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as vendas ao exterior das empresas regionais somaram US$ 3,25 bilhões (R$ 15,83 bilhões), alta de 1,05% em comparação aos US$ 3,22 bilhões (R$ 15,67 bilhões) de igual período de 2022.
Já as importações da RMC em julho foram de US$ 1,24 bilhão (R$ 6,07 bilhões), queda de 30,21% em relação ao US$ 1,79 bilhão (R$ 8,70 bilhões) de igual mês do ano passado, aponta o levantamento feito com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Inovação (MDIC). De janeiro a julho deste ano, as compras feitas no exterior somaram US$ 8,41 bilhões (R$ 40,93 bilhões), redução de 17,54% em comparação aos US$ 10,21 bilhões (R$ 49,66 bilhões) dos primeiros sete meses de 2022.
Com isso, a balança comercial da RMC teve déficit de US$ 784,38 (R$ 3,81 bilhões) em julho, redução de 40,25% em relação ao sétimo mês do ano passado, quando o valor foi de US$ 1,31 bilhão (R$ 6,38 bilhões). “O contexto de tendência de redução das importações pode ter base na queda dos principais produtos importados pela RMC, mas também pode indicar desaceleração no ritmo da produção industrial”, disse o responsável pelo estudo, o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira.
SINAL AMARELO
O resultado ocorreu um mês após outro indicador do Observatório PUC-Campinas apontar retração na atividade econômica da região. Em junho, a Grande Campinas registrou o fechamento de 788 postos de trabalho, em função da 45.695 demissões e 44.907 contratações. O único setor da Região Metropolitana que registrou crescimento na oferta de vagas no mês foi o de serviços, com a criação de 1.450 postos. A indústria teve o fechamento de 363 vagas; o comércio, outras 67; a construção civil, -54; e o de agropecuária, -1.754.
Apesar da queda no mês, o saldo acumulado no primeiro semestre deste ano foi de 22.880 vagas de empregos criadas, resultado das 290.810 contratações e 267.930 demissões ocorridas. Com isso, a RMC chegou a junho com o estoque de 1.039.846 empregos com carteira registrada, alta de 3,63% em comparação aos 1.003.413 do mesmo mês de 2022. Já a balança comercial regional apresenta de janeiro a julho o saldo negativo de US$ 5,16 bilhões (R$ 25,1 bilhões), o que corresponde a alta de 1,87% em comparação aos US$ 5,06 bilhões (R$ 24,64 bilhões) de igual período do ano passado.
Para Oliveira, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, os números de julho consolidam a tendência de queda nas importações e aumento das exportações, que devem ser manter até o final do ano. “Infelizmente, o cenário é ruim”, disse o economista. Ele explicou que a região é altamente dependente dos insumos importados para a produção industrial, com o resultado de julho acendendo o sinal de alerta sobre a atividade.
A queda na queda de compra de insumos aponta para redução da produção. O professor da PUC-Campinas argumentou que o cenário macroeconômico é mais favorável hoje do que no primeiro semestre, com inflação sob controle, dólar estável, arcabouço fiscal e reforma fiscal prestes a serem aprovadas em definitivo no Congresso Nacional. Porém, esse quadro vai demorar para refletir em aumento da atividade econômica, acrescentou. Para Oliveira, a queda na atividade resulta em ociosidade da capacidade produtiva da indústria. Com isso, terá capacidade de reagir mais rápido em caso de crescimento da demanda, pois não será necessário investir em novos equipamentos, aproveitando o que já existe.
DESEMPENHO
De acordo com o estudo do Observatório PUC-Campinas, houve aumento das exportações em diferentes categorias. Entre os produtos que puxaram o aumento das exportações da RMC estão os tratores, medicamentos, automóveis, acessórios de veículos, óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, pneus, partes de motores, agroquímicos, bombas e compressores e preparações e conservações de carne.
Esses produtos totalizam aproximadamente 38,24% das exportações totais da região. Uma montadora de veículos instalada em Indaiatuba e com outras unidades em cidades do interior paulista liderou as exportações entre as fabricantes brasileiras no primeiro semestre do ano. A multinacional japonesa exportou, no primeiro semestre deste ano, 49.241 unidades para países da América Latina e do Caribe.
“A liderança em exportações demonstra a confiança desses mercados na empresa, que é considerada uma referência na indústria automobilística internacional”, justificou o presidente da empresa no Brasil, Rafael Chang. “Aqui também vale frisar que, ao exportarmos tecnologia de ponta, especialmente no campo da eletrificação, reforçamos nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade. Estamos orgulhosos de que nossa tecnologia híbrida flex, uma inovação nascida no Brasil, está sendo reconhecida e adotada em mercados internacionais”, concluiu o executivo.
Recentemente, a montadora lançou seu SUV médio híbrido, que tem motores flex (gasolina e etanol) e elétricos na
Colômbia. O intuito, segundo a empresa, é promover o etanol como importante caminho energético neutro em carbono, junto com a avançada tecnologia híbrida flex. A Colômbia é a sétima maior produtora de cana-de-açúcar do mundo. A fabricante também já iniciou um projeto-piloto para apresentação de veículos híbridos na Índia. Apesar do volume reduzido de venda no mercado nacional, as exportações estão garantido o desempenho da companhia, que mantém três turnos de trabalho em suas fábricas. São cerca de 5,5 mil funcionários nas unidades de Indaiatuba, Sorocaba e Porto Feliz.
DADOS ANUAIS
As exportações da RMC somaram US$ 5,61 bilhões (R$ 27,32 bilhões) em 12 meses. O valor é 4,55% superior aos US$ 5,37 bilhões (R$ 26,13 bilhões) acumulado de igual período anterior – agosto de 2021 a julho de 2022, revelou o estudo do Observatório PUC-Campinas. Já as importações no último ano analisado totalizaram US$ 16,52 bilhões (R$ 80,36 bilhões), queda de 2,7% em comparação aos US$ 16,98 (R$ 82,59 bilhões) do período anterior.
Com isso, o déficit da balança comercial regional nos últimos 12 meses ficou em US$ 10,9 bilhões (R$ 53,01 bilhões), redução de 6% em relação aos US$ 11,6 bilhões (R$ 56,45 bilhões) de igual período anterior. O levantamento mostra que no último ano as exportações regionais aumentaram principalmente para os Estados Unidos, com crescimento de 26,1%, totalizando US$ 1,01 bilhão (R$ 4.94 bilhões). As vendas para o mercado norte-americano ocupam o segundo lugar entre os maiores destinos dos produtos da Região Metropolitana de Campinas, com participação de 18,11% no total.
O resultado fizeram os Estados Unidos se aproximar da Argentina, que lidera o ranking, com US$ 1,03 bilhão (R$ 5,01 bilhões), que representaram 18,34%. As vendas para o país sul-americano tiveram queda de 1,35% em 12 meses. A China continua como a principal origem das importações para a RMC. De acordo com o estudo do Observatório PUC-Campinas, esse país vendeu para a região US$ 4,76 bilhões (R$ 2,31 bilhões), com participação de 28,84% no notal. Porém, as importações de produtos chineses tiveram variação de -8,19% em 12 meses. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar também nas importações, com US$ 2,36 bilhões (R$ 11.48 bilhões), crescimento de 5,46% no mesmo período e participação de 14,29% do total.