De janeiro a março deste ano as vendas ao exterior atingiram R$ 6,24 bilhões
Quadro econômico internacional e nacional apontam para as exportações das empresas da RMC manterem o bom desempenho nos próximos meses e novos recordes serem registrados (Divulgação)
As exportações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) no primeiro trimestre de 2023 foram de US$ 1,31 bilhão (R$ 6,24 bilhões), melhor desempenho dos últimos 10 anos. O estudo realizado pelo Observatório PUC-Campinas aponta que as vendas ao exterior das empresas no acumulado de janeiro a março tiveram alta de 13,03% em comparação ao R$ 1,16 bilhão (R$ 6,09 bilhões) de igual período de 2022, o que ajudou a reduzir o déficit comercial regional.
Nos três primeiros meses deste ano, as importações somaram US$ 3,61 bilhões (R$ 17,79 bilhões), queda de 7,69% em relação aos US$ 3,91 bilhões (R$ 19,27 bilhões) em igual período de 2022. Com isso, o déficit da balança comercial da RMC fechou o primeiro trimestre em US$ 2,29 bilhões (R$ 11,28 bilhões), queda de 16,47% em relação aos US$ 2,75 bilhões (R$ 13,55 bilhões) no acumulado de janeiro a março de 2022.
“Apesar dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência das importações de insumos externos, as exportações mostram melhora da atividade do setor externo da RMC”, diz o coordenador do estudo, o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas Paulo Ricardo da Silva Oliveira. Os dados usados no levantamento são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Mercados
O estudo aponta aumento das exportações para praticamente todos os principais destinos das empresas da região, com destaque para Argentina, Estados Unidos, México, Alemanha e Paraguai. Apesar da queda no volume total, houve crescimento das importações de três países, China, Estados Unidos e México.
Uma fabricante de autopeças com três fábricas na região é uma das empresas que têm registrado aumento nas exportações, que estão em ritmo de alta desde o ano passado e seguem em 2023. No ano passado, que são os dados disponíveis, as exportações da empresa cresceram 9,6%, totalizando US$ 61,6 milhões (R$ 303,56 milhões), Em 2021, as vendas ao exterior foram de US$ 56,2 milhões (R$ 276, 95 milhões).
Em 2022, as maiores vendas da multinacional foram para os países da América Central e do Norte, com uma participação de 40% do total. Em seguida, aparecem a Europa (36,5%), América do Sul (19%) e outros destinos (4,5%). O aumento das exportações ajudou a companhia a fechar 2022 com uma receita líquida de R$ 4,22 bilhões, alta de 16,9% em relação aos R$ 3,61 bilhões registrados no ano anterior. A empresa é fabricante de componentes de pistões de motores, bronzinas, anéis, válvulas, filtros e outras peças.
Março
Após uma queda de 2% em fevereiro, as exportações da RMC voltaram a crescer em março e fecharam em alta de 9,85% comparado a igual período de 2022. De acordo com os dados do Observatório da PUC-Campinas, as vendas de empresas da região para outros países totalizaram no mês passado US$ 509,55 milhões (R$ 2,51 bilhões), contra US$ 463,84 (R$ 2,28 bilhões) no terceiro mês do ano passado.
As importações somaram US$1,33 bilhão (R$ 6,55 bilhões), redução de 6,73% na comparação com o US$ 1,42 bilhão (R$ 6,99 bilhões) de 2022. Com esse resultado, o déficit comercial da Região Metropolitana de Campinas em março foi de US$ 823,36 milhões (R$ 4,05 bilhões), o que representa queda de 14,7% em relação aos US$ 965,30 milhões (R$ 4,75 bilhões) do terceiro mês do ano passado.
As quedas nas importações e no déficit da balança comercial podem parecer positivos numa análise superficial, mas refletem a crise econômica nacional, explica o coordenador do estudo. “Na verdade, a nossa região é dependente do insumo vindo de outros países e a queda nas importações mostra a desaceleração do mercado interno, o que resulta na compra de menos insumos”, explica o economista.
Mas ele aponta que essa dependência das importações não é benéfica para a economia nacional, que deveria criar uma cadeia interna de fornecedores de insumos, mas essa inversão no quadro depende de uma nova política industrial de longo prazo. No acumulado de 12 meses, houve um aumento 16,13% nas exportações da Região Metropolitana de Campinas e de 15,44% nas importações, de acordo com o estudo do Observatório PUC-Campinas. Já o déficit comercial regional cresceu 15,11% nesse período.
Apesar da alta nas exportações, a participação da RMC nas vendas ao exterior do Estado de São Paulo foi de 9% em março de 2019 e apresenta quedas consecutivas na comparação com o mesmo mês dos quatro anos seguintes, fechando o mês passado em 7,17%. De acordo com o coordenador do estudo, esse dado também demonstra a queda da atividade industrial paulista, uma vez que as exportações de produtos agropecuários têm aumentado sua participação na balança comercial do Estado.
O levantamento mostra que se destacaram as exportações de máquinas agrícolas, com alta de 108,83%, automóveis de passageiros (38,75%) e medicamentos (16,57%). Já os produtos importados que tiveram as maiores altas foram compostos heterocíclicos de nitrogênio (42,83%) e vacinas (58,92). Por outro lado, as principais quedas foram de inseticidas agroquímicos (-36,13%), circuitos eletrônicos (-25,7%) e aparelhos telefônicos (-22,31%).
Para Paulo Oliveira, o quadro econômico internacional e nacional apontam para as exportações das empresas da RMC manterem o bom desempenho nos próximos meses e novos recordes serem registrados. “A alta das exportações depende da situação econômica externa, que tem dado sinais de recuperação”, explica o economista.
Para Oliveira, os 15 acordos comerciais fechados na sexta-feira (14) entre Brasil e China podem ajudar na recuperação da atividade econômica nacional, tanto com o aumento da produção industrial quanto na geração de empregos. A estimativa é que os pactos resultem em R$ 50 bilhões de investimentos no país, com a meta do governo brasileiro sendo abertura de novas empresas no país e o aumento das exportações de produtos manufaturados de alto valor agregado.
“A China tem uma participação importante na balança comercial brasileira, tanto de importações quanto de exportações. Esses acordos podem resultar em um maior equilíbrio nas relações comerciais com a China, que hoje é até um processo predatório”, diz o economista. Ele explica que o país importa do Brasil principalmente produtos agropecuários, que são mais baratos, e exporta produtos manufaturados, mais caros.
A China ocupa o sétimo lugar no ranking do destino das exportações da Região Metropolitana de Campinas, totalizando US$ 247,87 milhões nos últimos 12 meses (R$ 1,22 bilhão), com uma participação de 4,32% no volume total. O montante é 4,44 vezes menor que a Argentina, que ocupa a primeira colocação da lista, tendo importado das empresas da região US$ 1,10 bilhão (R$ 4,97 bilhões).
Por outro, o país asiático é o líder disparado das importações para as empresas da RMC, com US$ 5,71 bilhões (R$ 28,13 bilhões), o que representou 31,68% do total nos últimos 12 meses. O montante sozinho é maior que a soma dos outros quatro países que estão no top five dos que mais venderam para a região, que chegaram a US$ 5,41 bilhões (R$ 27,15 bilhões) no mesmo período. A segunda colocação é dos Estados Unidos, com uma participação de 14,42%, vindo em seguida a Alemanha (6,97%), Índia (4,75%) e Japão (3,92%).