Soldados do Exército descarregaram ontem as partes da ponte de campanha, que começará a ser montada hoje: estrutura garantirá mobilidade aos moradores da região (Alessandro Torres)
Uma ponte inglesa de aço com 42 metros de comprimento, sete de largura e 65 toneladas de propriedade do Exército Brasileiro será lançada sob o córrego Taubaté, no Jardim das Bandeiras em Campinas. O equipamento é empregado em operações militares para passagem de tropas e em situações de socorro aos trabalhos da Defesa Civil. Em caráter provisório, a ponte metálica da Força Terrestre servirá para minimizar a situação de isolamento em que vive a comunidade local, desde que a estrutura original de alvenaria, que existia na altura rua Ferdinando Turquetti, foi levada pelos temporais de janeiro.
A solução do Exército surge de forma inédita na cidade e servirá como apoio para a comunidade local até que a Prefeitura consiga construir uma nova ponte definitiva para o bairro, o que pode levar de seis a dez meses. Os danos com os temporais provocaram a queda de seis pontes na cidade. Todas precisaram ser reconstruídas. O valor total das obras estimado pela Prefeitura é de R$ 60 milhões.
A previsão é a de que o equipamento do Exército esteja montado no local e pronto para uso num prazo de dez dias. Equipes de Engenharia do Exército do 2º Batalhão de Combate de Pindamonhangaba, com o apoio da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada de Campinas, estarão trabalhando a partir de hoje na operação de lançamento da estrutura.
Uma das características da tecnologia militar é que a ponte não possui pilares de sustentação. Será toda montada no local e lançada sobre o córrego. A estrutura atingirá de um lado ao outro do córrego e terá capacidade para suportar até 70 toneladas, permitindo com segurança o trânsito em mão única de pedestres, carros e veículos maiores como caminhões.
O prefeito Dário Saadi (Republicanos), esteve na quinta-feira (9) no Jardim das Bandeiras acompanhando as obras nas margens do córrego Taubaté que vai receber a ponte do Exército, que começa a ser montada a partir de hoje. Equipes da Secretaria de Serviços Públicos estiveram trabalhando no vão do córrego de cerca de 30 metros com máquinas para garantir estabilidade das margens para o lançamento da ponte metálica.
Na ocasião, Dário aproveitou para agradecer o apoio do Exército. "O Exército, desde o primeiro momento, se colocou à disposição para ajudar. Hoje estamos dando início a esta obra e agradecemos muito por esta parceria. É fundamental garantir a mobilidade urbana para que a população possa acessar os serviços nesta região", disse o prefeito.
A mobilização do Exército já estava preparada para o início da montagem da ponte e mexeu com o cenário do bairro. Diversos militares e caminhões da Força estão no local descarregando os pedaços da ponte que é toda montada em partes. Para a obra a estimativa é que 80 homens participem dos trabalhos, sendo 60 militares, entre engenheiros do Exército que vão atuar na montagem da ponte e outros militares de apoio.
O general de Brigada, Agnaldo Oliveira Santos, comandante da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada de Campinas, que intermediou todo o suporte do Exército para Campinas, explica que a instalação desta ponte faz parte da operação 'Mão Amiga', do Exército Brasileiro. "A instalação desta ponte faz parte da operação Mão Amiga, do Exército em apoio ao Governo do Estado numa ação de ajuda à Defesa Civil em decorrência das chuvas de janeiro. É uma ação que as Forças Armadas, costumeiramente, fazem em diversas situações de calamidade pública pelo país", disse.
O general ressalta que para a execução dessa operação de parceria com a cidade de Campinas foi necessária a autorização do Comando Militar do Sudeste. "Trouxemos aqui a tropa de Engenharia que é do 2º Batalhão de Combate de Pindamonhangaba, subordinada à 2ª Divisão do Exército do Estado de São Paulo e à Brigada de Campinas, a 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, que está dando apoio logístico de suporte em saúde e segurança para que seja colocada essa ponte temporária até que a Prefeitura possa realizar a contratação em caráter emergencial pelo decreto de emergência para a construção de uma ponte no local original", disse.
O militar conta que a ponte é uma tecnologia inglesa Modelo Compact 200. Segundo ele, algumas unidades de Engenharia do Exército Brasileiro possuem o equipamento que é usado em operações militares para facilitar a mobilidade da tropa em passagens sobre rios, mas que também pode ser usada em apoio a situações de emergência da Defesa Civil, como no caso do Jardim das Bandeiras, em Campinas. Recentemente um equipamento similar foi usado em cidades do Nordeste que passaram por estado de calamidade pública.
A ponte militar tem previsão de ser inteiramente montada e lançada sobre o córrego em até dez dias. Após esse prazo o equipamento estará pronto para o trânsito com toda a segurança. "É uma ponte com capacidade de 70 toneladas permitindo o trânsito de veículos, carros maiores e caminhões, além de pedestres", disse.
Segundo o general, a ponte metálica usa uma tecnologia de engenharia e montagem que não necessita de nenhum pilar no meio. Esse equipamento possui ao todo 60 metros de comprimento e sete de largura. Mas para o apoio à queda da ponte original do Jardim das Bandeiras o Exército informa que será necessário o uso de apenas 42 metros do equipamento.
"A situação exige 30 metros de vão, mas serão lançados na operação cerca de 42 metros de ponte para garantir segurança. O peso dela completa é de 65 toneladas. Esperamos contribuir com o esforço da Prefeitura para a retomada da normalidade do dia a dia do bairro e minimizar os impactos que a chuva e a queda da ponte original causaram para a comunidade", disse.
A operação do Exército irá lançar a ponte militar ao lado do espaço onde ficava a ponte original levada pelas chuvas. O motivo é permitir que o espaço original esteja desobstruído para que as equipes da Prefeitura e da empresa contratada possam realizar os trabalhos de construção da ponte definitiva, o que levará de seis a dez meses para ficar pronta.
O prefeito Dário disse na quinta-feira que essa semana a Prefeitura está finalizando as etapas de formulação dos contratos com as empresas que trabalharam na reconstrução das seis pontes que caíram em Campinas no mês de Janeiro, incluindo está prevista para o Jardim das Bandeiras.
Desde a queda da ponte cerca de 20 mil pessoas na região ficaram impactadas e em situação de quase isolamento. Os moradores do bairro usam o acesso da ponte para ir a unidades de saúde e escolas. Sem a ponte, é necessário recorrer a um caminho alternativo de mais de cinco quilômetros.