Decisão abrange 26 campineiros que integram o governo Jonas; ainda cabe recurso à terceira e última instância
A Executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) referendou a decisão do diretório municipal de Campinas e confirmou a expulsão de petistas “infiéis”, entre eles o ex-vereador e atual secretário municipal de Trabalho e Renda, Jaírson Canário, e Ercindo Maranio Júnior, presidente do Conselho Municipal de Saúde. No total, a Executiva votaria ontem a expulsão de 26 petistas que, contrariando a postura de oposição do partido, aceitaram cargos no governo do prefeito Jonas Donizette (PSB).A reunião ocorreu na tarde de ontem e a decisão sobre o destino dos 26 petistas não havia saído até o fechamento desta edição. “O julgamento de todos ainda está em andamento, mas as expulsões estão praticamente referendadas. O caso de Canário já foi julgado e o Diretório estadual acompanhou a decisão da Executiva municipal e confirmou a expulsão”, afirmou o presidente do PT municipal, Ari Fernandes.Segundo ele, ainda cabe recurso à terceira e última instância, que é o Diretório nacional do partido. “Mas, dificilmente, a Executiva nacional se envolve em decisões de âmbito municipal. Além disso, com a expulsão referendada nas duas primeiras instâncias, acho improvável uma mudança no quadro”, avaliou Fernandes.Canário foi procurado, mas não foi localizado nem retornou as ligações da reportagem até o fechamento da edição. A filiação de Canário foi cassada pela Executiva municipal em fevereiro deste ano, por 24 votos a 21. Na época, Fernandes classificou como “uma grande perda” a saída do secretário da sigla. Porém, ressaltou que o PT tem um compromisso com os eleitores de Campinas de fazer oposição ao governo Jonas, considerando a expressiva votação obtida por Márcio Pochmann (PT), adversário de Jonas na disputa pela Prefeitura de Campinas.Na ocasião, Canário lamentou a decisão do diretório. Disse que tinha sido vítima de uma “execução sumária” e que iria recorrer até a última instância para garantir seu direito de continuar no partido. Ele chegou a recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para permanecer no partido, alegando ilegalidade na votação que determinou que petistas não poderiam aceitar cargos no governo municipal. O Tribunal acatou seu pedido e concedeu uma liminar que permitiu que ele continuasse filiado ao PT de forma provisória. O mérito da ação ainda não foi a julgamento.Quando teve início o processo de suspensão dos direitos políticos dentro do PT dos filiados que assumiram cargos no governo municipal, o prefeito afirmou que respeitava, mas discordava da postura do partido. Alegou que a eleição havia acabado e que o momento era de “unir forças” pela cidade. Lembrou ainda de seu apoio ao governo e sua aprovação pelas lideranças nacionais do PT.