Mesmo com o alto número de radares e multas aplicadas, fator de risco apareceu em 51 dos 14
Aproximadamente 68% das penalidades aplicadas no ano passado por infrações de trânsito envolveram excesso de velocidade; ao todo, os 51 acidentes com vítimas fatais por abuso de velocidade deixaram 52 mortos em 2023 (Alessandro Torres)
Mesmo com os inúmeros radares e multas aplicadas na cidade de Campinas por alta velocidade, o que é tido por parte da população como “indústria da multa”, essa irregularidade esteve presente como fator de risco em 51 dos 149 acidentes com vítimas fatais registrados em 2023, o equivalente a 34% do total. O índice aparece no Boletim de Vítimas Fatais no Trânsito, divulgado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) durante a abertura do Movimento Maio Amarelo 2024.
No ano passado, 159 pessoas perderam a vida em 149 sinistros (acidentes) fatais em Campinas, sendo 79 (49,7%) em vias urbanas e 80 (50,3%) em rodovias no perímetro urbano. Principal causa de óbitos no trânsito no município em 2023, os 51 acidentes com vítimas fatais por excesso de velocidade deixaram 52 mortos. Foram 29 casos identificados com este fator de risco no eixo urbano e 22 em rodovias.
As 51 ocorrências registradas envolveram 43 homens e oito mulheres. A maioria das vítimas, 34, era motociclista ou garupa. Na sequência, aparecem nove ocorrências com condutores ou passageiros de demais veículos e oito com pedestres. Grande parte das ocorrências envolveu jovens de 18 a 29 anos, com 21 casos. Juntos, os fatores de risco excesso de velocidade e consumo de álcool estiveram presentes em 25 ocorrências fatais analisadas, 13 em vias urbanas e 12 emrodovias.
INFRAÇÕES
O excesso de velocidade representou quase 68% das infrações de trânsito contabilizadas em Campinas em 2023. Foram expedidas 784.339 penalidades, sendo 661.991 (84,4%) oriundas da fiscalização eletrônica (radares) e 122.348 (15,6%) aplicadas pelos agentes da mobilidade urbana. Do total computado, 533.160 penalidades envolveram excesso de velocidade.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a velocidade praticada pelos veículos impacta diretamente na gravidade dos acidentes registrados. De acordo com os estudos, ao trafegar a 60 km/h ou mais, o motorista não freia a tempo e o pedestre é atropelado com alto risco de morte. Um atropelamento causado por veículo a 50 km/h geralmente resulta em ferimentos na vítima, que pode sobreviver. Já a 40 km/h, o atropelamento pode ser evitado.
A análise para identificar os fatores e as condutas de risco dos sinistros fatais é realizada pelo Comitê Intersetorial ProgramaVida no Trânsito, que é composto por membros dos seguintes órgãos: Emdec, Secretaria Municipal de Saúde, Polícia Militar, SAMU, Corpo de Bombeiros, Polícia Científica, Instituto Médico Legal (IML) e hospitais.
EM 2024
No fim de abril, a empresa divulgou que Campinas registrou seis mortes a menos em vias urbanas no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, queda de 32%. Foram 13 óbitos em 2024 e 19 em 2023.
Motociclistas e garupas, pedestres e ocupantes de demais veículos representaram os mesmos 31% do total de mortes no trânsito em 2024. Foram quatro vidas perdidas em cada grupo.
Assim como ocorreu nos dois meses iniciais de 2024, também houve redução nas mortes de motociclistas no eixo urbano. A queda foi de 60% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 10 óbitos.
O total de quatro mortes de pedestres registrado neste ano é 33% menor que o número registrado no primeiro trimestre de 2023 (seis óbitos). O índice de 33% se inverte para a alta entre os ocupantes de demais veículos: foram quatro mortes entre janeiro e março deste ano e três em 2023. Entre os ciclistas, que somaram 7% dos óbitos, uma morte foi registrada em 2024 e nenhuma no primeiro trimestre de 2023.
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