Em depoimento de quase duas horas, o ex-diretor da Secretaria de Saúde, Anésio Corat Júnior, negou ter recebido qualquer tipo de propina
Em depoimento de quase duas horas, prestado na tarde de ontem, na 4ª Vara Criminal de Campinas, o ex-diretor do Departamento de Contas da Secretaria de Saúde, Anésio Corat Júnior, negou ter recebido qualquer tipo de propina dos donos da Organização Social Vitale, que administrou o Hospital Ouro Verde por 18 meses. Ele chegou a ser preso na segunda fase da Operação Ouro Verde, em março do ano passado, depois que promotores e policiais encontraram R$ 1,2 milhão em dinheiro em sua residência, mas obteve um habeas corpus em novembro e vem respondendo ao processo em liberdade. Ontem, o ex-servidor municipal Ramon Luciano da Silva, que trabalhou na Secretaria de Saúde ao lado de Anésio, também compareceu para depor, mas preferiu se manter em silêncio. O depoimento de ambos estava marcado para o dia 22 de novembro, mas a audiência foi cancelada porque os réus moram em outros municípios e precisavam ser intimados via carta precatória, o que demanda maior tempo, segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Eles foram denunciados à Justiça por organização criminosa, corrupção e peculato. Após os depoimentos, o promotor de Justiça Daniel Zulian, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), afirmou que a audiência foi positiva para a acusação, já que Anésio "não conseguiu refutar as provas já levantadas". Em fevereiro, após três meses de investigações, o prefeito Jonas Donizette (PSB) foi inocentado pela Câmara (24 votos a 8) das denúncias de omissão e negligência no Caso Ouro Verde. Ele poderia ser cassado do cargo, caso os vereadores entendessem que o chefe do Executivo tivesse sua parcela de responsabilidade no caso. A Operação Ouro Verde apura desvios de R$ 7 milhões em recursos públicos no Hospital Ouro Verde e, até agora, já levou 18 pessoas à prisão.