Grupo foi demitido em abril após a empresa, com plantas em Campinas e Jundiaí, ter sido vendida
Funcionários da Sifco protestam em frente à empresa Dana, em Jundiaí, que comprou a Sifco: alegam não ter recebido a multa da rescisãor (Divulgação)
Ao menos 268 ex-funcionários da antiga fábrica Sifco, com plantas em Campinas e Jundiaí, lutam para receber a multa de rescisão de contrato. O grupo afirma ter sido demitido em abril deste ano, após a STJ Forjaria (Dana), assumir a direção da unidade e exigir em contrato, durante as negociações, a demissão de funcionários doentes ou com alguma deficiência física causada por conta de acidente de trabalho. O caso foi parar na Justiça e alguns deles conseguiram de forma individual a reintegração ao trabalho, porém, ainda não receberam a multa. Eles afirmam que há funcionários que estão doentes, inclusive, alguns estão com depressão. A ação de venda da empresa corre na 5ª Vara Civil e também na 4ª Vara Trabalhistas, ambas no Fórum de Jundiaí. De acordo com ex-funcionários e também familiares, o processo de venda da empresa começou há 10 anos e, ao longo deste período, a nova empresa entrou na Justiça, já que teria que assumir o passivo trabalhista. “Dos 1.940 funcionários, 268 que sofreram acidentes ao longo da carreira ou que estavam afastados foram demitidos. São funcionários que estavam na empresa há anos e deram suas vidas por ela”, disse o ex-funcionário de planejamento logístico Marcelo Donizeti Pinto. O grupo afirma que foi colocado de em férias em novembro do ano passado, mas proibido de pegar a cesta básica na empresa. Em abril, os trabalhadores foram dispensados e a rescisão parcelada em 30 vezes, sem a liberação da multa rescisória. No mesmo mês, alguns funcionários denunciaram o caso para o Ministério Público do Trabalho (MPT), que moveu ação e pediu para a Justiça do Trabalho de Jundiaí tutela de urgência para a manutenção de 228 trabalhadores. O MPT alegou que os referidos empregados tinham estabilidade no emprego, por serem acidentados ou reabilitados, dentre outros motivos, mas não foram absorvidos pela Dana no negócio de aquisição de ativos estratégicos da Sifco, em outubro de 2016. O pedido estipulava prazo de 48 horas para que a SJT Forjaria apresentasse registros de todos os empregados portadores de estabilidade ou garantia de emprego, constando a transferência desses trabalhadores da Sifco para o quadro de empregados da SJT a partir de 30 de março de 2017, sob pena de multa diária de R$ 5 mil por dia. A empresa recorreu da decisão e obteve liminar de suspensão temporária até que o processo seja julgado. “Nós só queremos o que é de nosso direito. A empresa não poderia ter feito discriminação. Tem pessoas sem dedo, sem braço”, disse o ex-funcionário de manutenção, Jorge Paulo Trindade Amaral. Sindicato Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região disse que a proposta de compra apresentada pela Dana de ativos da Sifco, no processo de Recuperação Judicial, não envolveu exigência de demissão dos acidentados da empresa. “A proposta foi no sentido de adquirir os ativos e assumir 80% dos empregados da Sifco. Os outros 20% continuariam na Sifco, que deveria mantê-los empregados, respeitando eventual estabilidade existente. Porém, muitos foram demitidos”, informou. “Quanto às verbas rescisórias o Sindicato conseguiu, junto com os funcionários, uma negociação que obteve o pagamento das mesmas, no mês de maio/2017, faltando a multa de 40% do FGTS, que há previsão de pagamento no mês de dezembro/2017, mediante utilização de saldo da compra a ser pago pela Dana a Sifco”, acrescentou, frisando que aos demitidos que detinham algum tipo de estabilidade há ação ajuizada pelo MPT que está aguardando julgamento e que foi paga multa de atraso nas rescisões trabalhistas. O que diz a Dana A direção da Dana, em nota, informou que lamenta as “dificuldades enfrentadas por essas pessoas e esclarece que os profissionais em questão nunca foram funcionários da empresa e sim eram ex-funcionários da Sifco. A Dana adquiriu parte das operações da Sifco que estava em processo de Recuperação Judicial, um processo público e com plano de recuperação aprovado e documentado”, destacou. A empresa disse que não pode comentar assuntos referentes a outras empresas e que respeita e obedece as leis e direitos de seus funcionários.