O Combate da Venda Grande aconteceu no dia 7 de junho de 1842. E envolveu lideranças políticas e comunitárias que hoje identificam ruas e avenidas
Marco no final da Avenida Dário Meirelles, ponto onde campineiros perderam a vida (Leandro Ferreira)
Hoje em dia, pouca gente conhece a história do monumento instalado no canteiro central da avenida, nos Amarais. Naquele exato local, em meados do século 19, aconteceu uma batalha sangrenta, que opôs tropas do Império a forças rebeladas. Acontecia a chamada "Revolução Liberal", episódio pouco conhecido das novas gerações, e que não tem, nos livros de história, a atenção que merece. Na manhã da próxima quinta-feira, no entanto, vai acontecer ali uma homenagem singela, com bandas e discursos de historiadores. O evento celebra a memória de campineiros que tombaram naquele chão. O Combate da Venda Grande aconteceu no dia 7 de junho de 1842. E envolveu lideranças políticas e comunitárias que hoje identificam ruas e avenidas em diversas cidades do Estado. Campinas, principalmente. Gente como o Regente Feijó e Boaventura do Amaral, que identificam vias da região central. O movimento político, contrário às decisões centralizadas nas mãos dos conservadores, mandatários do imperador, eclodiu em Sorocaba e se espalhou pelas vilas do Interior. O líder da revolução era o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. O episódio sangrento em Campinas aconteceu nos momentos finais da revolução, quando o Império controlava todos os núcleos insurgentes, que resistiam já com poucas armas e munições. Não havia como reagir. Foi exatamente o que aconteceu em Campinas. Os revoltosos foram cercados e exterminados quando usavam como base um sobrado, conhecido como Venda Grande, onde morava a família do major Teodoro Ferraz Leite, já falecido na ocasião do combate. Era um imóvel fechado, parte do espólio em inventário. E usado, provisoriamente, como quartel-general. Historiadores campineiros dos tempos atuais, como João Marcos Fantinatti (falecido há três anos) e Duílio Battistoni, ainda na ativa, lembram em seus escritos que Boaventura do Amaral, oficial das tropas revoltosas campineiras, foi morto dentro daquele sobrado, assim como alguns de seus soldados. A memória do conflito é cultuada por cidadãos como José Eduardo Gagliardi Florence. É que o historiador que vivia na época, redator da Gazeta de Campinas, era Amador Bueno, filho de Hércules Florence, ancestral famoso de Eduardo. Ele tomou a inciativa de divulgar o evento nas redes sociais, e pretende tornar o episódio conhecido dos mais jovens. O Movimento A Revolução Liberal eclodiu por conta de um golpe legislativo patrocinado pelos conservadores ligados ao Império, que dissolveu a Câmara dos Deputados, em sua maioria contrária ao governo instituído, e assim amputou os recursos legais de oposição. Por aqui, os conservadores estavam no poder desde março de 1841, sendo o presidente da Província de São Paulo o baiano Barão de Monte Alegre. Os liberais estavam exasperados, e em São Paulo projetaram depor o presidente, e aclamar o brigadeiro Rafael Tobias Barreto para o cargo. O movimento militar foi chefiado pelo senador (e também senador) Diogo Antônio Feijó, já bem idoso à época. PARTICIPE O evento especial que celebra a memória do Combate da Venda Grande acontece às 10h da próxima quinta-feira, dia 7. O monumento, erigido ainda em 1956 pelo Centro de Ciências Letras e Artes (CCL), fica no final da Avenida Dário Freire Mereilles, nos Amarais. O acesso mais fácil ao local é o lado do cemitério público que funciona no bairro.