Evento debate o legado de educadora

A educadora Cecília de Godoy Camargo Pavani, idealizadora do projeto Correio Escola, foi homenageada, sexta-feira de manhã, no Centro de Convenções da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A roda de conversa, que fez parte do quarto e último dia de apresentações da 21ª edição do Congresso de Leitura (Cole), teve como objetivo homenagear e discutir o legado deixado pela professora, falecida em novembro do ano passado. Desde 1978, a Unicamp sedia o Cole — um dos principais congressos na área de leitura no Brasil. Com o nome de “Correio Popular - Correio Escola - Correio Multimídia”, o debate de ontem teve início às 10h30 e foi mediada pelo professor Ezequiel Theodoro da Silva, da Faculdade de Educação da Unicamp. Além dele, a homenagem ainda contou com a presença do jornalista e professor Fabiano Ormaneze; das professoras do curso de extensão de mídia e leitura da Unicamp, Ângela Junquer e Elizena Cortez, e do edidor do Correio Popular, Marcelo Pereira. Em seu discurso, Silva destacou a importância do Projeto Correio Escola, uma ação pioneira no Estado de São Paulo, iniciada em março de 1992, e que teve como objetivo conscientizar alunos e professores sobre a importância da leitura no dia a dia. O projeto, entre outras ações, permitia com que os estudantes manuseassem os jornais diários do Correio Popular, visando fomentar debates, questionamentos e posicionamentos acerca dos assuntos que eram publicados pelo veículo de comunicação. Ao todo, o projeto durou 25 anos e atingiu tanto escolas públicas quanto privadas. “A Cecília deixou um legado de que o jornal pode ser utilizado de diversas formas dentro de uma sala de aula. Ele pode ser usado como uma ferramenta didática, de auxílio e de ensino para as disciplinas curriculares (história, matemática, química, etc). Porém, o mais importante é que pode ser usado também como um meio capaz de criar nas pessoas o interesse pelo prazer da leitura - o que, como todos nós já sabemos, é um hábito extremamente importante”, explicou Ormaneze. Para Ângela Junquer, a educadora é um exemplo a ser seguido pelos jovens de hoje. A professora comentou que os trabalhos sociais desenvolvidos por Cecília foram fundamentais para o desenvolvimento de milhares de crianças, ao longo das últimas duas décadas e meia. “Os jovens atualmente têm uma certa dificuldade de interpretar e formar opiniões consistentes sobre determinados assuntos, justamente porque as próprias leituras desenvolvidas são muito superficiais. Eu acho que na leitura, a Cecília é o maior exemplo para todos jovens de hoje”, afirmou. Por sua vez, Elizena Cortez contou que os aprendizados com a educadora foram muito além do lado profissional. Ela revelou que, acima de tudo, Cecília era uma pessoa com um enorme coração e uma coragem acima da média. “Ela foi uma mulher que sempre se colocava no lugar do outro e que não se conformava com algumas situações que aconteciam na nossa sociedade. Para você fazê-la desistir de uma boa ideia, tinha que ter argumentos realmente muito bons”, ressaltou a professora.  Para o jornalista Marcelo Pereira, que conviveu com Cecília Pavani desde a criação do projeto, por 25 anos, sua vocação para liderar ideias e projetos era evidente. “Ela sabia comungar e partilhar, extraindo o melhor de seus parceiros pedagógicos”. O jornalista enfatizou ainda que a educadora sempre defendeu um jornalismo de qualidade, voltado para os interesses da comunidade. E que sua contribuição para a educação e para o jornalismo foi exemplar. “Sempre muito assertiva, mas respeitosa com os colegas de redação. Alertava para nossos erros e defendia uma leitura crítica do jornal junto aos professores”, lembrou Pereira. A família de Cecília Pavani esteve presente à homenagem: seu marido, o diretor de Planejamento do Grupo RAC, Marco Aurélio Pavani, os filhos Tiago e Juliana e a irmã Márcia.