ESTRADAS

Evasão de pedágio aumenta 75% no Estado em 2014

Polícia Rodoviária e concessionárias se unem para combater a prática, que é infração prevista no Código de Trânsito Brasileiro; tecnologia de identificação de placas será usada nos pedágios

Gustavo Abdel
13/07/2015 às 07:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 16:42
Policial rodoviário na central de monitoramento da Rota das Bandeiras, uma das estratégias para coibir (  Divulgação)

Policial rodoviário na central de monitoramento da Rota das Bandeiras, uma das estratégias para coibir ( Divulgação)

O número de ocorrências de evasão de pedágio nas rodovias do Estado de São Paulo aumentou 75% no ano passado em relação a 2013, segundo dados divulgados na última semana pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias com base em informações fornecidas pelas cinco principais rodovias. Foram identificadas três principais táticas para burlar a cobrança, sendo a mais usual delas a passagem “no vácuo” de outro veículo que fez o pagamento da tarifa. Diante dessa crescente infração, considerada grave pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as concessionárias e a Polícia Militar Rodoviária se uniram para punir os infratores e reforçaram a tecnologia de identificação nas praças de pedágios.Entre 2012 e 2013, foi registrado um aumento de 60%. Porém, essa marca foi superada no ano passado. De acordo com a associação brasileira, o número de infrações passou de 1,040 milhão em 2013 para 1,822 milhão em 2014.A Agência Reguladora do Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que entre janeiro e junho deste ano, já foram ao todo 997 mil evasões registradas em todos os pedágios do Estado. Esse número, no entanto, ressaltou agência, representa somente 0,29% do número de veículos que passaram pelas praças de pedágio nos cinco primeiros meses do ano.Uma das principais táticas adotadas pelos contraventores, de acordo com as concessionárias, a Polícia Militar e a própria associação que fez o recente levantamento, consiste em trafegar com o veículo a uma distância muito pequena do carro que está adiante e passar pela cobrança antes que acancela abaixe, aproveitando o pagamento efetuado pelo veículo anterior. Essa tática é utilizada pelos evasores tanto na cobrança manual do pedágio quanto na automática.Outra maneira registrada pelas concessionárias é a derrubada da cancela, principalmente das pistas de cobrança automáticas. Há ainda uma terceira técnica, porém mais utilizadas por veículos pesados, como caminhões, que é trafegar pela área destinada às motocicletas, derrubando barreiras de plástico.Apesar das câmeras de monitoramento gravarem toda a movimentação, a polícia descobriu também recentemente um esquema utilizado pelos caminhoneiros para que as placas dos veículos não fiquem registradas nas imagens: um dispositivo, acionado pela cabine, faz com que a placa se abaixe, impedindo a leitura.BrechasDados da polícia rodoviária, que concentram rodovias movimentadas, como a Anhanguera, a Bandeirantes e o Corredor D. Pedro, apontam um aumento de 7.000% nas multas por evasão de pedágio de 2013, quando foram 25 multas, para 2014, que registrou 1.793 multas. Muitos alegam que a evasão se dá pela falta de dinheiro para pagamento da tarifa e também pelas brechas na fiscalização em algumas rodovias.Para especialistas, além de lesar os cofres das concessionárias, o perigo de colisões traseiras é eminente, principalmente quando os contraventores aproveitam o pagamento de terceiros. Como exemplo do prejuízo financeiro causado pelos evasores, somente no ano passado a concessionária Rota das Bandeiras, responsável pela Rodovia D. Pedro I, deixou de arrecadar R$ 1,5 milhão por causa da evasão.Fiscalização Para conter a prática, as concessionárias e a polícia resolveram unir forças. Desde o início do ano, um policial rodoviário trabalha na central de monitoramento em um dos trechos da Rodovia Anhanguera, administrada pela concessionária CCR AutoBAn. Ele é responsável por flagrar, com ajuda de câmeras de monitoramento, os motoristas que furam o pedágio.Mesma medida é adotada pela concessionária Renovias, responsável por nove praças de pedágio, inclusive a do Km 123 da Rodovia Governador Adhemar Pereira de Barros (SP-340), que liga Campinas a Mogi Mirim.A concessionária informou que em um mês registra em média 2,5 mil evasões em seus pedágios. “Esse número vem caindo em função da fiscalização. O policial militar rodoviário está atuando no CCO desde outubro de 2014”, informou, pela assessoria de imprensa. “A concessionária registra fotos da passagem do motorista que evadiu o pedágio e as encaminha ao policiamento/DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para que sejam tomadas as devidas providências”, acrescentou.Concessionária testa sistema on-line para multar infrator A concessionária Rota das Bandeiras desenvolveu um sistema on-line que irá auxiliar a Polícia Militar Rodoviária a aplicar multas por evasão de pedágio. A prática ilegal tem crescido no Corredor D. Pedro. De janeiro a maio deste ano, foram 59.662 casos, o que corresponde a um acréscimo de 13,3% em relação a igual período do ano passado.O sistema, em fase de testes há pouco menos de um mês, garante a transmissão em tempo real dos dados dos veículos que cometeram a infração, segundo a Rota. A partir das informações, o policial militar rodoviário que atua dentro da sede da concessionária confirma a evasão por meio das câmeras de monitoramento e aplica a multa. A passagem por uma pista automática sem o pagamento, por si só, não configura a evasão. É necessário verificar, por exemplo, se o veículo possui um TAG e se houve erro de leitura.“O que este nosso sistema faz é justamente cruzar essas informações de forma on-line. Quando constatado que, de fato, o veículo não possuía TAG e, ainda assim, foi embora da praça sem realizar o pagamento, as informações são compartilhadas com a polícia militar. O policial, então, realiza o procedimento formal de aplicação da multa”, explica o diretor financeiro da Rota das Bandeiras, José Roberto Amorim.Há casos recorrentes. Somente nos primeiros cinco meses de 2015, há, por exemplo, o caso de um motorista que cometeu a evasão em 141 oportunidades. “Outra medida que passaremos a adotar, com o sistema funcionando de forma plena, será a cobrança desses valores, seja por meio conciliatório ou pela via judicial”, acrescentou Amorim.

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