saúde

Estudo rastreia qualidade do sêmen

Ao todo, o estudo levou em conta 18.902 amostras de sêmen de 9.495 homens, atendidos no Hospital da Mulher Prof. Dr. J.A. Pinotti (Caism), entre os anos de 1989 e 2016

Henrique Hein
henrique.hein@rac.com.br
16/04/2018 às 10:43.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:47

A autora da dissertação, Anne Ropelle (Divulgação)

Uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concluiu que a qualidade do sêmen nos homens da região vem apresentando um declínio nos últimos 27 anos. Ao todo, o estudo levou em conta 18.902 amostras de sêmen de 9.495 homens, atendidos no Hospital da Mulher Prof. Dr. J.A. Pinotti (Caism), entre os anos de 1989 e 2016 — todos os pacientes analisados tinham dificuldade de engravidar as suas mulheres. Segundo a Unicamp, uma concentração média de espermatozoides igual ou superior a 15 milhões por ml e um volume seminal superior a 1,5 ml são considerados normais. O resultado da pesquisa mostrou ainda que a média de concentração dos espermatozoides entre 1989 e 1995 era de 86 milhões por ml, e que de 2011 a 2016, houve uma queda para 48 milhões, porém ainda dentro dos padrões normais (acima dos 15 milhões). A autora da dissertação, Anne Ropelle, de 26 anos, relata que se os números continuarem caindo, as chances dos casais encontrarem maior dificuldade para conseguirem engravidar aumentará. Ela explica que a causa da infertilidade ainda não possui respostas concretas, mas que a relação com a epidemia de obesidade no mundo pode ser uma das hipóteses, já que os homens obesos costumam apresentar um desbalanço entre os hormônios estrogênio e testosterona. “A gordura no corpo aumenta a concentração do estrogênio e diminui a qualidade do sêmen. Nesse sentido, os obesos têm uma menor concentração de espermatozoides no sêmen. Não sabemos se isso aconteceu com a nossa população, porém essa razão faria mais sentido de ser investigada”, comenta a autora da pesquisa. De acordo com Luiz Francisco Baccaro, ginecologista docente da FCM e orientador do estudo, a coleta foi avaliada com base em três padrões seminais: concentração (quantidade de espermatozoides na amostra), motilidade progressiva (capacidade de movimentação dos espermatozoides) e morfologia (forma dos espermatozoides). Para ele, alguns trabalhos internacionais já apontam que uma concentração menor do que 55 milhões espermatozoides por ml, já seria o suficiente para causar problemas de infertilidade. "Os parâmetros estudados apresentaram uma queda drástica da qualidade ao longo dos anos no nosso laboratório. As médias de concentração e porcentagem de espermatozoides com motilidade progressiva continuaram normais e dentro dos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o número atual nós preocupa", conclui. Segundo Anne, dentro da medicina já é consensual que a exposição ao tabagismo e o baixo padrão de crescimento infantil são fatores que ajudam no aumento de gordura na adolescência. “O alcoolismo e o uso de drogas na idade adulta são fatores de risco que também influenciam para uma baixa produção de espermatozoides”, ressalta a bióloga. De acordo com Baccaro, o estudo é a primeiro no Brasil a ter uma grande amostra e um longo período de tempo. Ele afirma que o caminho daqui para frente é sondar mais a fundo os fatores que podem levar os homens à infertilidade. “Mais do que estudos futuros, o importante agora é mostrar para a população que uma qualidade ruim do sêmen aumenta a chance dos homens adquirirem doenças cronicas, como a hipertensão, a diabetes, o colesterol alto e doenças pulmonares, por exemplo." , explica o orientador da pesquisa. Reprodução assistida é alternativa Atualmente, uma das alternativas para casais que desejam engravidar é a reprodução assistida, um conjunto de técnicas para facilitar a ocorrência da gravidez. Para ser admitido no Ambulatório de Reprodução Humana da Unicamp, por exemplo, o casal deve ter tentado engravidar pelo menos um ano, sem êxito. Um dos exames para diagnóstico de infertilidade é o espermograma, que avalia se os homens têm alterações que poderiam influenciar nas taxas de fertilidade.

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