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Estudo avalia utilização do bioetanol

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concluirá, em quatro meses, um levantamento do potencial de produção de etanol em grande escala no País

Maria Teresa Costa
24/04/2019 às 10:05.
Atualizado em 04/04/2022 às 09:04

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concluirá, em quatro meses, um levantamento do potencial de produção de etanol em grande escala no País, para subsidiar a montadora japonesa Nissan no lançamento no mercado de um carro com célula de combustível de óxido sólido, que utiliza a reação do etanol para produzir eletricidade altamente eficiente para alimentar o motor. Em vez de usar energia elétrica da rede para abastecer, o carro leva um tanque de etanol. Convênio entre Unicamp e Nissan será assinado nesta sexta-feira prevendo a execução de vários projetos para o uso do bioetanol como alternativa para a mobilidade elétrica. O primeiro deles, segundo o pesquisador Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, do Laboratório de Genômica e Bioenergia da universidade, será a pesquisa sobre o potencial de produção do etanol com novas tecnologias e com nova política pública para o setor. O Brasil, segundo ele, tem 180 milhões de hectares de áreas de pastos — se metade dessa área for utilizada para plantação da cana para produção de etanol de primeira e segunda geração, o potencial é o equivalente ao de gasolina para suprir a frota mundial. O etanol de primeira geração é produzido dos açúcares extraíveis da cana, e de segunda geração, obtido a partir da palha e do bagaço. A Nissan testou no Brasil veículos com a tecnologia batizada de E-Bio-Fuel-Cell, com um gerador de potência movido por uma célula de combustível de óxido sólido (SOFC), que usa a reação de diversos combustíveis com oxigênio, incluindo etanol e gás natural, para produzir eletricidade. O protótipo com a célula é abastecido 100% do etano para carregar uma bateria de 24kWh que permite uma autonomia de mais de 600 km, similar aos veículos de combustão interna. Os veículos eram versões adaptadas do utilitário elétrico NV200 produzido na Espanha e equipado com o mesmo trem de força do Leaf, com motor de 107 cv, em que foi adicionada a célula de combustível que gera eletricidade. Ainda não há data para carros com motor com a tecnologia chegarem ao mercado. Aposta A tecnologia é a aposta da Nissan para conquistar o mercado, porque ela gera só CO2 e vapor de água e o CO2 é absorvido pela cana. Assim, não tem material particulado, e emissões de poluentes causadores de poluição nas cidades são praticamente zero. Para o pesquisador Gonçalo Pereira, a tecnologia tornará o etanol uma commoditie mundial, gerará empregos e reduzirá a poluição nas cidades. Segundo ele, a produção do etanol é uma cadeia grande, que gera grande quantidade de empregos. Ele só começou a ser produzido no Brasil na década de 70, com a crise do petróleo, quando o País encontrou uma solução rápida, que foi a produção de carros movidos a álcool. “Saímos de uma produção de zero para 10 bilhões de litros”, afirmou. Na sequência, houve o aumento de preço e o Brasil passou a produzir o carro flex, movido a etanol e a gasolina. “Agora temos uma nova possibilidade, que é o uso da célula combustível, onde o elétron do etanol movimenta o motor elétrico”, disse. Esses carros, segundo ele, praticamente triplicam a autonomia. Um veículo movido a etanol faz entre sete e oito litros por quilômetros. Com célula combustível fará 24 a 25 quilômetros por litro. CARREGADORES No início deste ano, a Nissan anunciou projeto para o desenvolvimento de carregadores bidirecionais, equipamento que permitirá ao proprietário do carro transferir a energia da bateria não utilizada para uso na residência ou para a rede de energia. O projeto está sendo desenvolvido com o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e com o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai).

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