UNICAMP

Estudantes querem 'anistia' para deixar prédio

Em meio a ameaças e boatos sobre a reintegração do prédio da reitoria, os estudantes seguem com o movimento, aguardando uma resposta da reitoria

Inaê Miranda
27/06/2016 às 21:15.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:45
Cartazes espalhados pela Unicamp pedem ampliação de moradia estudantil e programa de cotas: demandas (Patrícia Domingos/AAN)

Cartazes espalhados pela Unicamp pedem ampliação de moradia estudantil e programa de cotas: demandas (Patrícia Domingos/AAN)

O reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Tadeu Jorge, avalia uma carta-proposta entregue pelos estudantes na última sexta-feira, durante evento na Associação dos Docentes (Adunicamp). O movimento de ocupação e greve foi desencadeado pelos estudantes no dia 10 de maio, em protesto contra o corte de verbas, por um programa de cotas e ampliação das vagas na moradia estudantil. Em meio a ameaças e boatos sobre a reintegração do prédio da reitoria, os estudantes seguem com o movimento, aguardando uma resposta da reitoria. Além das pautas que deram origem ao movimento, no documento entregue ao reitor, os estudantes pedem que a reitoria se comprometa em não punir os estudantes que participaram da ocupação e que indefira a sindicância aberta contra um estudante. Além disso, eles afirmam que o DCE se compromete a arcar com os custos referentes a danos materiais provenientes da ocupação. Os alunos também pedem que a reitoria garanta a alteração do calendário letivo para que não haja prejuízos acadêmicos para os alunos e que a reitoria mantenha as negociações após a desocupação. “Para ocorrer a desocupação o reitor tem que aceitar a nossa carta”, afirmou uma integrante da comissão de negociação. Procurada, a Unicamp informou em nota que “realizou, ao longo de 40 dias, seis reuniões com a comissão dos Estudantes, com a expectativa de alcançar uma solução negociada” e que na última reunião, ocorrida dia 15 de junho, a comissão da Unicamp apresentou um documento para a construção de um compromisso entre as duas partes, objetivando a desocupação do prédio, no qual consta o atendimento da maioria dos itens da pauta estudantil. A reitoria juntou a documentação sobre as negociações e “relatou todos os acontecimentos a juiz responsável pelo caso, que tomará a decisão que considerar cabível.” “Na última sexta-feira (24), nove dias após a Unicamp ter apresentado suas propostas, um grupo de estudantes entregou ao reitor José Tadeu Jorge, durante um evento na Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), um texto em resposta ao documento apresentado pela reitoria. A Reitoria está analisando o texto para responder aos estudantes”, informa a nota da Unicamp. Os estudantes fizeram uma plenária nesta segunda-feira (27) e devem realizar uma assembleia às 18h desta terça-feira para discutir o movimento. Reintegração As possibilidades de reintegração de posse existe, já que foi concedida uma liminar pela justiça favorável à Unicamp. De acordo com a universidade, a Justiça também pediu informações sobre o andamento das negociações. “Esclarecemos que a legislação impõe a medida ao gestor público nesse tipo de circunstância”, diz a universidade em nota. Mas ainda não há uma comunicação oficial da reitoria para que a Polícia Militar cumpra o mandado de reintegração. “Até o momento, não recebemos qualquer comunicação oficial da reitoria a respeito”, informou a Polícia Militar. Rumos de paralisação serão debatidos em reunião na quinta-feira A greve dos professores e funcionários também paralisa as atividades na Unicamp. Eles reivindicam reajuste salarial. Em plenária na segunda-feira, os professores decidiram realizar uma assembleia às 12h de quinta-feira, que definirá os rumos do movimento. Na última sexta-feira, os docentes receberam o reitor José Tadeu Jorge, que foi “sabatinado”. De acordo com a Adunicamp, a reunião foi positiva. “Pedimos maior empenho do Cruesp na questão do financiamento. O grande problema que as universidades estão passando hoje não é devido a crise econômica que o país está vivendo. A crise só antecipou. A Unicamp cresceu e se mantém com os mesmos recursos do ICMS. Ele (o reitor) concorda com esta visão, se comprometeu e já está fazendo ações na Assembleia Legislativa, tem procurado e conversado com deputados sobre essa questão”, afirmou o diretor da Adunicamp, Paulo Centoducatte. O Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) afirma que o diálogo não foi aberto aos trabalhadores. “Não houve nenhum contato da reitoria. A proposta de reajuste salarial continua sendo a dos 3%, feita há um mês. Vamos continuar insistindo na negociação, com ações de greve, mesmo porque os três setores da universidade estão paralisados. Isso demonstra que a reitoria está sendo mal avaliada e não tem outra opção senão negociar. Temos o reitor mais bem pago do Brasil e ele sequer dialoga com a universidade”, afirmou o diretor do STU Teófilo Reis.

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