O centro acadêmico ainda associou a pichação à política conservadora do governo Jair Bolsonaro (PL) (Reprodução/Centro Acadêmico de Ciências Sociais e História da Unicamp)
Estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) cobriram, em um ato realizado no fim da tarde de segunda-feira (25), pichações com teores nazistas feitas nas paredes do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Os pichos foram feitos na semana passada e um boletim de ocorrência eletrônico por crime de intolerância também foi registrado. A Polícia Civil investiga o crime. Em nota, a direção do IFCH repudiou a iniciativa e classificou a ação como intolerável.
“O IFCH é o lugar da inclusão e da tolerância e não aceitamos conviver com atos violentos como esse. Vamos cobrar as instâncias responsáveis para que haja investigação do caso e que as providências necessárias sejam tomadas. Pedimos a nossa comunidade que esteja atenta e informe à direção sempre que tiver conhecimento de atos violentos como esse”, diz trecho da nota.
Nas paredes, foram pichadas as letras “SS”, em referência a Schutzstaffel, polícia política do nazismo, um "88", que alude à 8ª letra do alfabeto, o "H", que refere-se à saudação nazista "Heil, Hitler", direcionada à Adolf Hitler, e a palavra alemã “Freiheit", que em português significa "liberdade".
A ação de cobertura dos pichos foi organizada pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais e História da Unicamp (CACH) e contou com a participação de diversos estudantes. No local, os pichos foram substituídos por cartazes com dizeres “racistas e fascistas não passarão”, “ditadura nunca mais” e “derrotar a extrema direita com a luta de estudantes e trabalhadores”.
O centro acadêmico ainda associou a pichação à política conservadora do governo Jair Bolsonaro (PL). “Sob o governo Bolsonaro, os grupos neonazistas cresceram em mais de 270% no Brasil. Longe de qualquer coincidência, esse fato é a expressão direta da política de ódio e morte propagada pelo governo genocida e seus aliados”, informou o CACH.
O caso também foi notificado à Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp (DeDR). “Não bastasse a inaceitável violência que sustenta o elogio a qualquer forma de intolerância, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é crime no Brasil (Lei 7.716/1989), e justifica a pronta e incisiva reação das instituições e de cada cidadão e cidadã diante dela”, apontou o Observatório de Direitos Humanos da Unicamp.
“Talvez, bastasse lembrar que o Estado Democrático brasileiro define como ‘valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos’ o exercício dos ‘direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça’, conforme instrui o cabeçalho da Constituição Federal. A mesma lei máxima do Brasil veda entre seus princípios fundamentais qualquer tipo de preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer formas de discriminação (...)”, afirmou em o Observatório.