REFLEXO DO FRIO

Estoque de sangue cai a níveis preocupantes no Hemocentro

Nos últimos dez dias, as doações foram reduzidas em 22%, índice que equivale a 1.400 bolsas; agravamento do quadro pode levar ao cancelamento de cirurgias

Bianca Velloso/ bianca.velloso@rac.com.br
28/04/2023 às 08:44.
Atualizado em 28/04/2023 às 08:44

Webster Silva Nogueira, 19 anos, durante sua primeira doação de sangue, que classificou como a realização de um sonho: "Sempre tive vontade de doar sangue para ajudar as pessoas" (Rodrigo Zanotto)

Os estoques de sangue no Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estão em níveis críticos. Esse banco de sangue abastece todos os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) da região. Com a baixa, algumas cirurgias correm o risco de ser adiadas, pois é necessário ter uma reserva do material para realizá-las, dado que não existe substância sintética para substituir o sangue humano. Nos últimos dez dias, o Hemocentro registrou redução de 22% nas doações, o que equivale a 1.400 bolsas. A queda nas temperaturas causa essa diminuição, mas a demanda não segue esse ritmo.

O enfermeiro supervisor da equipe técnica do Hemocentro da Unicamp, Leandro Nicioli, reforçou o provável motivo desse problema. "Nos meses mais frios, percebemos essa queda nos estoques, porque os doadores deixam de ir até os postos de coleta. Imagino que seja o desconforto de sair de casa no frio. Entretanto, as cirurgias continuam ocorrendo nesse período. Muita gente continua precisando de sangue no outono e no inverno", alertou.

As cirurgias realizadas em hospitais precisam de uma reserva cirúrgica, caso aconteça alguma intercorrência e o paciente precise receber sangue no momento da operação. Se não tiver como disponibilizar essa reserva, os médicos optam por adiar o procedimento. Outro uso do sangue é nos casos de pessoas que precisam de transfusão para determinados tratamentos. "Mesmo com várias pesquisas, não temos um substituto sintético para o sangue. Por isso dependemos exclusivamente das doações", explicou o enfermeiro.

No Hemocentro, o sangue A, tanto positivo quanto negativo, está em nível crítico. O mesmo vale para o tipo O positivo e negativo e B negativo. Já o sangue AB, positivo e negativo, está em nível de alerta. O único sangue em nível ideal é o B positivo. Por conta desse quadro, o Hemocentro está reforçando o pedido para que as pessoas doem sangue. Para doar é preciso estar em bom estado de saúde, ter entre 16 e 69 anos e ter mais de 50kg. Pessoas entre 16 e 18 anos devem estar acompanhadas por um responsável legal. Caso a pessoa tenha feito alguma cirurgia no intervalo de 12 meses antes da doação, ela deve informar, bem como procedimentos de endoscopia realizados nos últimos 6 meses.

Se o doador tomar algum medicamento, ele também deve relatar. Essas informações, que são coletadas na entrevista, fase que antecede a doação, são confidenciais. Nesse momento, chamado de triagem, é determinado se a pessoa está apta ou inapta a doar. Caso a pessoa não possa doar naquele momento, ela receberá as orientações para que, eventualmente, possa retornar para concluir a doação.

Como está acontecendo a vacinação contra gripe e covid-19, o enfermeiro supervisor do Hemocentro da Unicamp advertiu que quem tomar as vacinas deve esperar alguns dias. "Quem tomar a vacina da gripe deve esperar ao menos 48 horas para realizar a doação de sangue. Já quem tomar a vacina bivalente contra covid-19 tem que esperar 7 dias para doar", orientou.

Durante a coleta são retirados 480ml de sangue do doador. Essa quantia é menos de 10% do volume de sangue que circula no corpo de uma pessoa. Desse total coletado, 450ml vão para doação e os outros 30ml são destinados para exames laboratoriais para comprovar a segurança do material. Essa etapa dura no máximo dez minutos. Logo nas primeiras 24 horas após a doação, esse volume de sangue já é recuperado pelo organismo, apenas com a hidratação. A recuperação celular ocorre entre nove a 15 dias.

Os homens podem doar 4 vezes no período de 12 meses, com um intervalo mínimo de 60 dias entre cada coleta. Já as mulheres podem doar até 3 vezes no período de 12 meses, com intervalo de 90 dias entre as doações. Essa diferença se dá porque as mulheres perdem sangue mensalmente na menstruação. "A doação de sangue é um ato de responsabilidade social e amor ao próximo", enfatizou Leonardo Nicioli.

Maiara de Oliveira Costa, 24 anos, foi até o Hemocentro da Unicamp para doar sangue pela segunda vez. A jovem acredita que as pessoas devem adotar o gesto, pois é como doar vida. "As pessoas deveriam doar sempre que possível. Não dói", disse, sorrindo. Assim como Maiara, Webster Silva Nogueira, 19 anos, também fez sua doação. Ele disse que estava realizando um sonho, pois sempre quis colaborar nesse sentido. "Sempre tive vontade de doar sangue para ajudar as pessoas", declarou.

Onde doar

Em Campinas, as pessoas aptas a doar sangue podem se dirigir a dois locais: Hemocentro da Unicamp ou Hospital Mário Gatti. Ambos os locais funcionam de segunda-feira a sábado, das 7h30 às 15h, inclusive em feriados. Quem quiser pode agendar pelo site do hemocentro da Unicamp.

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