ABASTECIMENTO NO LIMITE

Estiagem em Minas reduz o estoque de água no Cantareira

Falta de chuva em MG e nos rios do sistema reduz nível do reservatório para 37,3%

Maria Teresa Costa
28/10/2013 às 21:15.
Atualizado em 26/04/2022 às 07:37
Represa do Cantareira em Nazaré Paulista: nível dos rios em baixa compromete o armazenamento e dificulta negociação da região ( Cedoc/RAC)

Represa do Cantareira em Nazaré Paulista: nível dos rios em baixa compromete o armazenamento e dificulta negociação da região ( Cedoc/RAC)

O nível de água nos reservatórios do Sistema Cantareira está baixando diariamente e a poupança que a região de Campinas fez para usar nas emergências, o chamado Banco de Águas, caiu 80,3% no último mês, apontando para o início de negociações difíceis para garantir, em novembro, vazões acima dos cinco metros cúbicos por segundo a que as cidades têm direito. O motivo é a falta de chuva em Minas Gerais, onde estão as cabeceiras dos rios que formam o Cantareira e também no próprio sistema — em setembro, choveu 33,6 milímetros, metade da média histórica do mês, e outubro aponta para a manutenção da média do mês, que é de 132,6mm.Mesmo com mais chuva que em setembro, os reservatórios do Cantareira estão armazenando menos água — diminuiu de 40,6% de sua capacidade de reserva em setembro para 37,3% nesta segunda-feira (28).Na quinta-feira (24), a Câmara Temática de Monitoramento Hidrológico vai se reunir para definir qual a vazão que será liberada para a região de Campinas. Nesse quadro, disse o especialista em recursos hídricos José Carlos de Oliveira Costa, a tendência é que a câmara acabe por poupar o Banco de Águas e liberar apenas os 5m3/s a que a região tem direito no contrato de outorga.“A expectativa é de que chova, mas não o suficiente para normalizar os reservatórios e, por isso, é preciso poupar água, mas ao mesmo tempo fazer uma gestão eficiente do sistema para garantir um volume de espera, caso as chuvas venham com intensidade e evitar a necessidade de abertura de comportas em janeiro, como já chegou a ocorrer”, afirmou.O nível mais baixo está sendo registrado no reservatório Jaguari, que trabalha com 33,07% de sua capacidade e está liberando 5,5m3/s (em setembro estava liberando 8m3/s). Os reservatórios Cachoeira e Atibainha, que formam o Rio Atibaia, principal manancial de abastecimento de Campinas, estavam operando ontem com 55,1% e 60,3% de suas capacidades, respectivamente, e liberando 3,3m3/s para o Atibaia.Com baixa reserva e poupança pequena, a situação é preocupante. A poupança que a região tem hoje é de 14,55 milhões de metros cúbicos, o que garante uma vazão por 30 dias de 5,4m3/s, além dos 5m3/s a que tem direito — em setembro o Banco de Águas tinha 74 milhões de metros cúbicos, ou 32,6m3/s diários durante um mês.O nível dos rios está bastante baixo. O Atibaia, em Campinas, está em 0,88 metro e com uma vazão de 10,23m3/s, enquanto o Jaguari, em Cosmópolis, está em 0,68 metro e vazão de 12,2m3/s. O Rio Piracicaba está mais alto, com 1,35 metro e vazão de 44,2m3/s, mas pequena em relação ao período de chuvas, quando a vazão ultrapassa os 100m3/s.A região de Campinas tem vivido sob os efeitos extremos. Quando chove é em grande volume e quando é estiagem também é em excesso. Isso tem levado os gestores dos mananciais a lançar mão de estratégias para que o Sistema Cantareira se comporte não apenas como armazenador de água, mas também como regulador de vazão. Independentemente das manobras, a região terá que conseguir mais 6 mil litros de água por segundo até 2020 para garantir o seu desenvolvimento. Sem isso, será o caos.Quase toda a água que passa nos rios das bacias hidrográficas da região é captada para abastecimento: para uma oferta por segundo de 38m3/s há uma demanda atual de 35,5m3/s, o que já coloca a região perto do estresse hídrico que começa a comprometer investimentos. Há muitas medidas sendo estudadas, mas a água que a região precisa vem do Sistema Cantareira, mesmo lugar de onde é retirada a água que abastece parte da Região Metropolitana de São Paulo. Aumentar a vazão para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) significará tirar água de São Paulo.

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