Vacinação contra H1N1 começou na Grande São Paulo; justificativa é o critério epidemiológico, que leva em consideração o número de casos e óbitos
No primeiro dia de vacinação contra a gripe H1N1 em São Paulo uma longa fila se formou na Unidade Básica de Saúde República, na Praça da República, centro de São Paulo (Cedoc/ RAC)
A Secretaria de Estado da Saúde ignorou o Interior e começou nesta segunda-feira (11) a vacinação contra a gripe H1N1 apenas na Capital e na Grande São Paulo. A justificativa é o critério epidemiológico estabelecido, que leva em consideração o número de casos e óbitos, a partir de um coeficiente de incidência. Mesmo assim, o Estado segue monitorando a região de abrangência do Centro Vigilância Epidemiológico (CVE) de Campinas, que tem 16 casos confirmados e três óbitos — uma delas em Americana e as outras duas não foram informadas a procedência. No total, 3,5 milhões de vacinas foram distribuídas nessa fase de antecipação, em 39 cidades. Para Campinas, a campanha segue marcada para o dia 30 de abril. O critério não leva em consideração o número de habitantes, apenas o registro absoluto, de acordo com Regiane Cardoso de Paula, diretora do CVE da Secretaria de Saúde do Estado. “A solicitação das doses foi feita para o Ministério baseada na população de risco. Temos 12 milhões de vacinas para receber para a vacinação do dia 30 de abril e esse primeiro lote voltamos para a região que caracteriza maior risco, que foi a Capital e Grande São Paulo. Mas esse quadro pode mudar, tudo depende do monitoramento que realizamos de cada região”, explicou. A cidade de São Paulo, que tem 11,9 milhões de pessoas, registra uma morte por Síndrome Respiratórias Agudas Graves (SRAG) para cada 629 mil pessoas este ano — total de 19 óbitos até o dia 5 de abril. Esse número é 100 vezes maior, se levado em consideração a cidade de Holambra, com 13 mil habitantes, e duas mortes suspeitas. Se essas mortes fossem confirmadas, o município teria um óbito para cada 6,5 mil habitantes. O município de Campinas tem seis casos confirmados e uma morte em investigação. “É preciso que a população evite o pânico. Esse alarme é desnecessário, pois a gripe tem evolução benigna. O que não pode acontecer é essa corrida para as clínicas de vacinação e as pessoas ficarem horas em um local fechado. Além disso, manter os cuidados de higienização das mãos e evitar aglomerações”, disse Regiane. Para o médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Amaury Lelis Dal Fabbro, as viroses respiratórias são mais incidentes no Inverno e este ano foi o primeiro a ter antecipação. “Os casos começam a aparecer no Inverno, quando o clima fica mais frio e seco. Provavelmente, essa antecipação foi por conta dos surtos que aconteceram nos países do Hemisfério Norte, como Estados Unidos, importados de brasileiros que viajaram para lá ou turistas que vieram para o Brasil”, explicou. Sobre as vacinas, o professor acredita que, caso a antecipação não tivesse acontecido, a campanha aconteceria no período certo. “A cadeia de produção de uma vacina é complexa e vai desde a produção até o teste de milhões de doses. Não é uma coisa trivial”, reforçou. De acordo com o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) liberou a formulação da vacina em setembro de 2015 e foi encaminhada para o Instituto Butantan, que leva seis meses para produzir. Não houve atraso e as doses foram entregues no prazo combinado. Neste ano, até 5 de abril, foram notificados 667 casos e 75 óbitos pela Síndrome Respiratória Aguda Grave no Estado de São Paulo atribuíveis ao vírus Influenza. Desse total, 534 casos e 70 óbitos foram relacionados ao vírus A (H1N1); em relação ao vírus B, foram 44 casos notificados e 3 óbitos. Em 2015, 342 casos de SRAG foram notificados em todo o Estado, sendo 190 relacionados ao tipo A (H3N2) e 43 ao vírus B. Do total de 65 óbitos registrados em 2015, 28 tiveram também relação com o A (H3N2) e 10 com o B. Foto: César Rodrigues/30mar2016/AAN A grande procura pela vacina contra a H1N1 tem provocado filas em Clínicas particulares de Campinas Prefeito tenta antecipar o envio de doses para a cidade O prefeito Jonas Donizette (PSB) se reuniu nesta segunda-feira (11) com a secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Lenir dos Santos, para discutir o envio de vacinas para Campinas e poder antecipar a imunização contra a gripe. Segundo Jonas, a conversa foi boa e ele aguarda, agora, uma posição do secretário de Estado da Saúde, David Uip. No dia 1° de abril, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) havia sinalizado a possibilidade de enviar vacinas para Campinas iniciar a imunização antes do início do calendário nacional, mas isso não aconteceu. De acordo com o secretário de Saúde, Carmino de Souza, Jonas aproveitou a visita para discutir outros assuntos importantes para a Saúde da cidade, como a habilitação do UPA São José, o pagamento de 20 leitos da UTI do Ouro Verde, assim como solicitar a aprovação do Ouro Verde como instituição de ensino e a autorização de utilização de uma verba liberada de R$ 1,5 milhão para a compra de equipamentos para o Hospital Ouro Verde. Pesquisa abre caminho para remédio contra o zika vírus Pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiram correlacionar o zika vírus e a ocorrência de microcefalia em estudo conjunto iniciado em fevereiro deste ano. Com os resultados, será possível iniciar a identificação de medicamentos que poderão futuramente conter a doença. A partir de células-tronco humanas reprogramadas, o grupo de cientistas liderados pelo médico Stevens Rehen, neurocientista do Idor e da UFRJ, criaram organóides cerebrais, também conhecidos como minicérebros, que foram infectados com o zika vírus a fim de observar as consequências para a formação do cérebro fetal. “Os organóides cerebrais representam excelentes modelos para a investigação de distúrbios de neurodesenvolvimento, uma vez que podem simular no laboratório várias características do crescimento do cérebro humano, nos ajudando a desvendar os mecanismos de diversas doenças e identificar novos tratamentos”, explica Rehen. O estudo foi publicado na revista americana Science, uma das mais conceituadas no mundo. Em 136 anos de existência, raros foram os trabalhos realizados por cientistas brasileiros publicados nesta revista.