O governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, chega para visitar o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Campinas (Ricardo Lima)
O governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), visitou na quinta-feira (26) o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Campinas e anunciou que a partir da próxima quarta-feira, 1º de junho, mais 31 leitos pediátricos serão abertos na região de Campinas. A metrópole receberá 16 das novas estruturas no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, sendo que 6 são de UTI e 10 de tratamento semi-intensivo. O Hospital Estadual de Sumaré (HES) também será contemplado, com 15 leitos.
Anteriormente, a Prefeitura de Campinas, representantes dos hospitais que atendem pediatria no município e a Câmara Municipal de Sumaré solicitaram a reabertura de até 30 leitos no setor de enfermaria do HES. Ontem (26), Rodrigo Garcia anunciou que serão 15 estruturas no Hospital, 5 de enfermaria, 5 de urgência referenciada e mais 5 de UTI. Todos os novos leitos serão disponibilizados a partir do dia 1º de junho.
O governador informou que esses leitos serão mantidos por pelo menos 120 dias, com uma nova avaliação da demanda após esse período. O investimento estimado para a abertura e custeio gira em torno de R$ 2 milhões.
"Acredito que com essa decisão nós vamos equacionar o gargalo de leitos de pediatria infantil. Eu agradeço a celeridade com que todos se mobilizaram e os leitos já estarão funcionando na semana que vem."
Na segunda-feira, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), se reuniu com autoridades em saúde do município e representantes da Maternidade de Campinas, Hospital PUC-Campinas e HC e Caism da Unicamp para tratar da crise ocasionada pela alta demanda por leitos pediátricos. Na ocasião, a expectativa era de um anúncio nesta semana, mas com um número maior de leitos a serem implantados, cerca de 70.
Mesmo com a quantidade abaixo do esperado, o governador afirmou que o esforço para atender mais cidades da região com a abertura de mais estruturas continua. "Nosso Departamento Regional de Saúde (DRS) está em diálogo com as prefeituras. Os prefeitos também estão comprometidos em ajudar na abertura desses leitos e teremos novos anúncios nas próximas semanas. Hoje, estão garantidos 31 leitos a serem abertos a partir de junho."
Na avaliação de Dário, que pleiteou uma ação do Estado algumas vezes ao longo da crise nos leitos pediátricos, o anúncio cumpriu a expectativa mesmo com menos da metade das estruturas esperadas. "A gente vem há quase dois meses com uma pressão imensa nos leitos de pediatria, tanto de UTI como - e principalmente - de enfermaria. Esse anúncio veio em boa hora. A preocupação era a de que esses leitos fossem anunciados para julho, agosto, quando já teria passado a fase mais aguda. Acredito que esse aporte de leitos vai tranquilizar a situação, mas vamos continuar discutindo com o governo do Estado a ampliação."
Dário também lembrou a abertura de mais sete leitos, que já estão em funcionamento no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, totalizando a abertura de 38 na região durante o período de pressão nas estruturas pediátricas. Ele aproveitou para valorizar o esforço feito pelos demais prefeitos da Região Metropolitana e por todos que atendem a pediatria na cidade de Campinas.
Mutirão das Cirurgias
No mesmo local, o governador de São Paulo também reforçou o anúncio que já havia feito na quarta-feira, a realização de um Mutirão de Cirurgias com o objetivo de amenizar o impacto causado por dois anos de represamento de cirurgias eletivas, uma consequência da pandemia de covid-19. O investimento do Estado será de R$ 350 milhões e a tentativa de zerar as filas deve durar de quatro a cinco meses.
De acordo com os dados do Estado, são 538,1 mil cirurgias na fila da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), sendo que na região do DRS 7 (Campinas), que tem 42 cidades, 71.456 pacientes estão aguardando a realização dos procedimentos. Neste mutirão, 54 procedimentos de 7 especialidades estarão contemplados, sendo elas a do aparelho circulatório, visão, digestiva e abdominais, osteomolecular e geniturinário, das glândulas endócrinas e em nefrologia.
Para atingir a meta ambiciosa, a estratégia delineada foi a de oferecer o dobro do valor pago de acordo com a Tabela SUS aos hospitais participantes. Segundo Garcia, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP) autorizou o governo a pagar o valor dobrado, por entender que esse é um momento de exceção.
O governador também afirmou que a rede estadual irá ampliar a capacidade mensal de cirurgias. "São Paulo consegue realizar 25 mil cirurgias na rede própria todos os meses. Nós levaríamos mais de dois anos para equilibrar essa fila se deixássemos a vida normal seguir (...) vamos sair de 25 mil cirurgias por mês para quase 70. Vamos agregar quase 50 mil cirurgias na rede própria."
Ontem, o governador sinalizou que o sucesso do programa também passará pela adesão dos hospitais particulares e filantrópicos. Ele fez um apelo aos prefeitos, secretários e parlamentares presentes para que dialoguem e negociem com hospitais e clínicas privadas a adesão ao programa. O chamamento público ficará aberto durante um mês com a estimativa de que os hospitais filantrópicos e privados comecem a participar do mutirão a partir de julho.
