Objetivo é avaliar as melhores possibilidades para implantação de 431 quilômetros de linhas férreas
Alckmin durante vistoria às obras de construção de um piscinão para conter enchentes na região da Avenida do Estado (Divulgação/Portal do Governo do Estado)
O governo do Estado publicou no Diário Oficial um chamamento público para que empresas apresentem manifestações de interesse privado (MIP) para o desenvolvimento de estudos e modelagem para a implantação de 431 quilômetros de linhas de trens intercidades. Segundo a publicação feita pelo Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas (CGPPP), a rede integrada de linhas ferroviárias de passageiros abrangerá as cidades de Santos, Mauá, São Caetano, Santo André, Jundiaí, Campinas, Americana, São José dos Campos, Taubaté e Sorocaba, e se conectará a uma estação central na cidade de São Paulo.
A intenção do governo é atrair investimentos de US$ 9,2 bilhões para retirar carros das grandes rodovias que chegam à Capital paulista, como a Anhanguera, a Bandeirantes, a Dutra, a Ayrton Senna, a Anchieta e a Imigrantes. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer ter estudos prontos para avaliar os trechos mais viáveis e as possibilidades de implantação de linhas ligando cidades. Os interessados têm até o dia 8 de fevereiro para apresentar a MIP requerendo autorização para realização dos estudos e seis meses para a conclusão e apresentação dos estudos desenvolvidos — o material a ser entregue deve conter o projeto de engenharia, o estudo de demanda, a análise de viabilidade econômico-financeira, a análise dos aspectos operacionais, a análise dos aspectos jurídicos institucionais e o modelo de remuneração. No caso de aproveitamento do material, a empresa responsável pelos levantamentos será remunerada.
A extensão até Americana tem interessados. O banco de investimentos BTG-Pactual e a Estação da Luz Participações (EDLP) formaram um consórcio para realizar estudos de viabilidade de um sistema de trens intercidades, composto por dois corredores de passageiros — um, entre as cidades de Americana e Santos, passando por Campinas Jundiaí, São Paulo, São Caetano do Sul, Santo André, Mauá e Cubatão, e outro entre Sorocaba e Pindamonhangaba passando por São Roque, São Paulo, Jacareí, São José dos Campos e Taubaté. A conexão dos dois corredores será em uma estação no Centro de São Paulo, a ser construída. Estimado em R$ 20 bilhões, é o maior empreendimento privado em estudo no País.
O aval para o início dos estudos foi dado no ano passado pelo Conselho Gestor de PPPs do Estado de São Paulo, que aprovou a Manifestação de Interesse Privado, apresentada pelo consórcio. A MIP é mecanismo já adotado pela União e previsto em regiões como Minas, Bahia e Goiás. Por ela, a iniciativa privada pode trabalhar na estruturação de projetos de infraestrutura, em suas modelagens, englobando, além do desenvolvimento do projeto, a apresentação de estudos técnicos, econômico-financeiros, jurídicos e outros documentos próprios à licitação.
Projetos
Regulamentada no ano passado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a MIP permite que não apenas o governo, mas especialmente a iniciativa privada, proponha novos projetos em infraestrutura no Programa de Parcerias Público-Privadas do Estado de São Paulo.
Antes, a iniciativa de montar uma parceria público-privada cabia ao Estado, que identificava as áreas necessitadas, fazia os projetos e abria licitação para contratar as empresas. Com a formalização da MIP, o campo privado é incentivado a montar seus próprios projetos e apresentá-los ao governo. Caso o poder público estadual considere o projeto válido, preparará licitação a fim de contratar a companhia.
A proposta do consórcio é ligar as quatro regiões metropolitanas do Estado que formam a chamada Macrometrópole Paulista, com as regiões de Campinas, São Paulo, Santos e Vale do Paraíba, onde estão 153 cidades de 30 milhões de pessoas. Essa macrometrópole gera 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e reúne 72% da população e 80% de toda a riqueza gerada no Estado.