dia a dia

Estacionar é um drama para campineiros

Se comparado a São Paulo, Capital do Estado, o valor por hora é 22,5% inferior. Já em relação a Santos ? maior cidade do Litoral ? é apenas 3% menor. A média, no entanto, é 30% superior à praticada em Ribeirão Preto

Daniel de Camargo
09/04/2018 às 08:32.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:19
Plataforma de descontos on-line indica que gasto médio pelo serviço em Campinas é de R$ 7,75 por hora e de R$ 209,00 para mensalistas: apesar das reclamações, valores são menores que os praticados na Capital (Leandro Ferreira)

Plataforma de descontos on-line indica que gasto médio pelo serviço em Campinas é de R$ 7,75 por hora e de R$ 209,00 para mensalistas: apesar das reclamações, valores são menores que os praticados na Capital (Leandro Ferreira)

A falta de opções para estacionar em vias públicas e a insegurança levam os motoristas a “optarem” por deixar seus carros em estacionamentos, enquanto realizam diversas atividades, de ordem profissional ou não. Um levantamento realizado pela plataforma de descontos on-line Cuponation indicou que o gasto médio pelo serviço em Campinas é de R$ 7,75 por hora e R$ 209,00 para os motoristas que têm planos mensais junto aos estabelecimentos. Se comparado a São Paulo, Capital do Estado, o valor por hora é 22,5% inferior. Já em relação a Santos — maior cidade do Litoral — é apenas 3% menor. A média, no entanto, é 30% superior à praticada em Ribeirão Preto. Para consultar a média em outras cidades, acesse www.cuponation.com.br/insights/quanto-custa-estacionar-sao-paulo Essas estimativas refletem em um universo de 918.705 veículos, que representam a frota contabilizada pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran) na cidade até fevereiro do passado. O órgão aponta ainda que em outubro de 2017 havia 566.488 condutores com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) ativa no município. O “custo-benefício” não sensibiliza o cabeleireiro Fábio Pinheiro, que diz indignado que os preços cobrados são muito caros. “Nós não temos outra opção porque quando você deixa o seu carro na rua, eles quebram tudo”, afirma, dizendo que faz uso do serviço duas ou três vezes por semana, quando vem ao centro comprar mercadorias necessárias à sua prática profissional. Nessa visita, especificamente, ele gastou R$ 18,00 para estacionar por duas horas na Rua Conceição. Desempregada, Arani Sena endossa a reclamação, explicando que “na correria do dia a dia”, ela acaba parando no primeiro estacionamento com vaga disponível, “independentemente do valor”. Para a jovem de 27 anos, é um investimento “necessário e preventivo”, que evita despesas maiores. A clientela dos estacionamentos é formada ainda por consumidores que não têm muita noção do custo porque, efetivamente, não recorrem ao serviço com frequência. Rosane Aires, professora universitária, por exemplo, confessa que não ter parâmetros para analisar as cifras cobradas. Existem ainda relações corporativas entre empresas que firmam convênio com estacionamentos, e arcam com as despesas de seus clientes, com o objetivo de se “ ter um diferencial” perante a concorrência — prática comum aos restaurantes e bares, por exemplo. Em 22 de setembro do ano passado, a Prefeitura de Campinas sancionou uma lei que determinava que fosse cobrado apenas o tempo que o veículo permanecesse no local, evitando a aplicação da “hora cheia”. Na oportunidade, o Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark) informou que iria à Justiça por compreender que a proposta era inconstitucional. Essa visão não é compartilhada pelo vereador José Carlos Silva (PSB), autor da lei, que interpreta que a nova norma iria corrigir um erro, que infringe o Código do Consumidor. Em 9 de novembro de 2017, entretanto, uma liminar conseguida pela Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) suspendeu a lei. A entidade temia ser prejudicada no futuro, uma vez que não era parte do texto inicial da regulamentação. “Nós entramos com uma ação e vamos brigar para que esse absurdo seja corrigido. Os shoppings estavam fora, mas vamos mudar a lei para incluí-los também. As pessoas não devem ser obrigadas a pagar um valor sendo que não usufruíram do serviço em sua totalidade”, comentou o parlamentar. Composição de preço depende de vários fatores O Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark) explica que a tabela de preços de cada estacionamento, além de ser resultado da planilha de custos, está intrinsecamente relacionada às condições imobiliárias do mercado e às particularidades do imóvel. Por isso, a estrutura de receita e de custos, e consequentemente preço final ao consumidor, variam de um estabelecimento para outro, mesmo quando pertencem à mesma empresa. A instituição diz ainda que “a falta de conhecimento sobre sua complexidade operacional pode levar à equivocada impressão de que a atividade é um verdadeiro paraíso da prestação de serviços, que exige investimentos baixos e resulta em farta receita. Mas, como em qualquer outra atividade, os preços do serviço resultam de uma combinação que determinam os custos da unidade”.

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