Seis auditores infiltrados buscaram irregularidades e falhas de atendimento no serviço público municipal
A Prefeitura de Campinas divulgou nesta semana o primeiro relatório sobre o trabalho dos auditores cidadãos, política implementada pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) que compõe o Plano Anticorrupção, que tem como objetivo dar prioridade ao controle dos atos administrativos, com ênfase na transparência. Mas de acordo com o balanço, os “espiões” — termo recusado pelo prefeito — não encontraram qualquer indício de ilícito relacionado à corrupção, apenas comportamentos que são bem conhecidos pelos cidadãos e pela própria Administração e figuram entre os mais reclamados no telefone 156 da Prefeitura, como lentidão em alguns serviços, más condições de prédios públicos e atendimento ruim. Jonas afirmou que o trabalho é importante para aprimorar os serviços.O relatório não apresenta detalhes sobre os problemas encontrados no serviço público, apenas mostra, de forma resumida, os resultados dos três aspectos que foram analisados pelos auditores: legalidade, atendimento e procedimento. Os maiores problemas encontrados foram a demora no atendimento em alguns órgãos e a forma ríspida com que alguns servidores atendem aos cidadãos. Em relação à prática de ato ilegal por parte de agentes públicos, não houve nenhuma constatação.As secretarias, concessionárias e outros órgãos “fiscalizados” foram: Secretaria de Urbanismo, Secretaria de Saúde, Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Secretaria do Verde e do Desenvolvimento Sustentável, Secretaria de Finanças, Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Associação das Empresas de Transporte Urbano de Campinas (Transurc) e Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc).No quesito atendimento, foram identificados acolhimentos positivos e negativos. “Em alguns relatórios revela-se a disposição de quadros da Prefeitura Municipal em bem atender aos cidadãos de Campinas, agindo de forma resolutiva e cordial”, aponta o documento. “Em outros momentos, percebe-se a ação de pessoas que não primam pelo reconhecimento do importante mister que desempenham ao prestar atendimento ao público, deixando de apresentar solução e, não poucas vezes, agindo sem a necessária cordialidade.”Os relatórios apresentados pelos auditores também mostraram deficiências em alguns procedimentos adotados pela Prefeitura, principalmente no que diz respeito à burocracia interna. “É importante ressaltar que essa constatação não é, em si, uma novidade, pois os problemas burocráticos e de processo do município estão presentes já de longa data”, aponta o relatório. A conclusão apresentada no documento afirma que “o principal objetivo do Governo não é fazer uma caça às bruxas, mas evitar que a corrupção ocorra.”Os seis auditores infiltrados foram indicados por entidades de classe e sociedades e nomeados pelo prefeito para denunciar supostas irregularidades encontradas na Administração, que vão desde mau atendimento até cobrança de propina e dificuldade na aprovação de demandas. O trabalho deles consiste em acompanhar, na qualidade de usuário, os serviços públicos prestados e elaborar relatórios a cada dois meses.Os dados apresentados foram tabulados pela Secretaria de Gestão e Controle, e estão disponíveis no Portal de Transparência da Prefeitura de Campinas.