flexibilização

Especialistas são favoráveis a adiar volta

A decisão do Governo do Estado de São Paulo de não autorizar a flexibilização das regras de quarentena em Campinas foi aprovada por especialistas

Henrique Hein
29/04/2020 às 11:18.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:37

A decisão do Governo do Estado de São Paulo de não autorizar a flexibilização das regras de quarentena em Campinas foi aprovada por especialistas ouvidos ontem. Segundo eles, o plano anunciado anteontem pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) de permitir a reabertura de comércios e serviços na cidade gradualmente a partir da próxima segunda-feira foi “precipitado”. No começo da tarde de ontem, o chefe do Centro de Contingenciamento ao Coronavírus do Governo de São Paulo, David Uip, descartou qualquer possibilidade de Campinas, ou outro município, iniciar a retomada das atividades comerciais antes do dia 10 de maio, quando termina a quarentena decretada no Estado. Na avaliação da médica infectologista Raquel Stucchi, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), este não é o melhor momento para afrouxar as medidas de isolamento social, já que a doença sequer chegou ao seu pico de contaminação. Segundo ela, a proximidade de Campinas com São Paulo é outro ponto que inviabiliza a proposta feita pela Prefeitura, já que a Capital é hoje o epicentro da Covid-19 no País, com o maior número de mortes e casos confirmados da doença. “Temos no município uma situação mais confortável, porque Campinas antecipou o isolamento social em relação a São Paulo. Porém, estamos a menos de 100 km da Capital e não somos uma cidade ilhada. Eu entendo as razões econômicas para flexibilização, mas elas não se justificam nesse momento”, afirmou ela. Para o médico epidemiologista, André Ribas Freitas, decisões como a que foi proposta pela Prefeitura de Campinas deveriam ser mais bem avaliadas. “Eu acredito que decisões como essa deveriam ser tomadas em conjunto com as demais cidades da região metropolitana e posteriormente discutidas com o Estado, porque Campinas não é uma cidade ilhada. Até acho que algumas atividades poderiam ser retomadas a partir do dia 10, mas apenas em setores relevantes para sociedade e que ofereçam baixo risco de contaminação”, disse ele. “Campinas propôs abrir igrejas e restaurantes, locais que do ponto de vista da necessidade social têm pouca relevância e uma chance altíssima de contaminação”, explicou o especialista. Sobre a estrutura do plano apresentado por Campinas, que previa liberar o comércio por etapas, Freitas afirmou ser favorável, mas não do jeito que Administração estava planejando. O projeto da Prefeitura previa liberar as atividades na cidade em três fases, cada uma delas com duração de 14 dias. “Eu achei muito curto o tempo entre as etapas. Em 14 dias não dá para verificar o impacto da ação da doença, tendo em vista que estamos com exames atrasados. O espaço entre as etapas precisa de muito mais tempo”, destacou. Para Renata Moreira, coordenadora de biomedicina da Faculdade Anhanguera, na unidade do bairro Taquaral, a discussão da liberação de algumas áreas do comércio é importante, mas não pode ser feita em locais que apresentam alto risco de contaminação, conforme a Prefeitura tentou fazer. A falta de concretização da população com relação às medidas de higiene e segurança é outro ponto que dificulta a medida proposta pelo Governo Municipal. “É preciso que a população minimize o contato físico, use máscaras e faça todo o processo de higienização antes de sair ou entrar em casa. Essa disciplina precisa ocorrer para que isso (flexibilização do comercio e demais serviços) funcione”, afirmou ela.

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