TRANSPORTE

Especialistas defendem fim do uso de dinheiro em ônibus

Cobrança eletrônica em coletivos poderia evitar assaltos e desvio de valores

Cecília Polycarpo
23/11/2013 às 06:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 22:16

A cobrança eletrônica de passagens no transporte coletivo em Campinas poderia evitar assaltos e desvios de dinheiro. É o que afirmam especialistas em transporte público consultados pelo Correio. Com índice de roubos a ônibus alarmante na cidade (264 casos apenas nos primeiros seis meses do ano) passageiros e funcionários das companhias estariam mais seguros com o fim da circulação de dinheiro dentro dos veículos.A eliminação do uso de cédulas e moedas nos coletivos evitaria ainda o desvio de dinheiro por parte de alguns cobradores, prática que usuários entrevistados pela reportagem disseram ocorrer com frequência.Apesar de a Secretaria Municipal de Transporte e a Associação das Empresas do Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc) fazerem campanhas para que os usuários utilizem o cartão do Bilhete Único, que funciona através de créditos comprados em postos de atendimento, 18% das viagens ainda são pagas em dinheiro. Muitas vezes, passageiros demoram para pagar e cobradores têm dificuldade com o troco. Usuários afirmam que os itinerários chegam a atrasar por causa de filas que começam ainda fora do veículo, consequência das transações em dinheiro.O modelo proposto pelos engenheiros civis Diógenes Costa e Carlos Alberto Bandeira Guimarães, ambos especialistas em transporte público e planejamento urbano pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), elimina completamente a circulação do dinheiro nos ônibus. O sistema é o mesmo utilizado na maioria dos países da Europa, onde células e moedas não são aceitas nos veículos. O usuário faria a compra em totens eletrônicos próximos aos pontos ou adquiria as passagens de papel magnéticas (como as utilizadas no metrô de São Paulo) em pontos de vendas como padarias, supermercados, farmácias e bancas de jornais.“Campinas tem plena condições de ter um sistema de vendas externo, como é feito com a Zona Azul, por exemplo. Na Espanha, França e Alemanha, não existe dinheiro em ônibus. No Brasil, isso com certeza ia diminuir assaltos”, disse Costa. O cobrador poderia ser realocado em postos de vendas ou absorvido em outra funções dentro das companhias. Ainda de acordo com o especialista, a tecnologia para migrar a cobrança para o sistema completamente eletrônico é acessível. “Não existe nenhuma dificuldade, basta a Administração comprar a ideia e implementar. Se há um problema de segurança, a Prefeitura deve fazer a análise e ver se justifica a mudança”, completou.

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