lixo

Especialistas criticam retomada do Delta A

A área encontra-se desativada há quatro anos, a pedido da Justiça, sob alegação de ter atingido a sua capacidade máxima

Henrique Hein
henrique.hein@rac.com.br
05/07/2018 às 08:30.
Atualizado em 28/04/2022 às 14:49

Movimentação de lixo no aterro sanitário Delta A, localizado no bairro Satélite Íris 3, em Campinas (Leandro Torres/AAN)

Especialistas ouvidos pelo Correio criticaram a reativação do aterro sanitário Delta A, no bairro Satélite Íris 3, em Campinas. Anteontem, uma estação de transferência e transbordo de lixo foi inaugurada no local com o intuito de substituir a antiga área, que funcionava de forma provisória. O objetivo do governo municipal é voltar a depositar os dejetos dentro do espaço, que atualmente já recebe e transporta cerca 1 mil toneladas de lixo por dia para o aterro Estre, em Paulínia. A área encontra-se desativada há quatro anos, a pedido da Justiça, sob alegação de ter atingido a sua capacidade máxima. Entretanto, em 2016, a Prefeitura conseguiu uma autorização da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para reutilizar o local. O Ministério Público, contudo, questionou a decisão e exigiu adequações no espaço. Em sua defesa, a Administração Municipal alegou que a reabertura do aterro trará benefícios ambientais e uma economia de cerca de R$ 40 milhões por ano aos cofres públicos da cidade. Porém, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, o município precisa mesmo é de uma boa política efetiva de longo prazo para destinação dos resíduos e não de um plano paliativo de descarte do lixo, por meio de um modelo arcaico de aterro. Para a professora de engenharia civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ana Paula Bortoleto, a argumentação da Prefeitura não faz sentido. A especialista, afirma que reativar um aterro está longe de ser uma solução ambiental a médio e longo prazos. “O correto é sempre trabalhar com a prevenção, a reciclagem e a compostagem. Só que isso tem em custo alto e, necessariamente, precisa envolver um trabalho grande de conscientização por parte da Prefeitura. No meu modo de ver, a reabertura desta área tem apenas um objetivo: diminuir o custo de transporte dos resíduos que hoje vão para Paulínia”, explicou Ana Paula. Já para Rafael Moya, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Direitos de Difusos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Campinas, a reutilização do Delta A é uma medida completamente desconexa. “A verdade é que Campinas, assim como outros tantos municípios, desrespeitam a politica nacional de resíduos sólidos. Em vez de tomarem medidas globais, preferem tomar medidas apenas pontuais e completamente desconexas”, afirmou o advogado. Alternativa também recebe questionamento nas ruas Além dos especialistas, o Correio também foi às ruas ouvir a opinião da população sobre o assunto. Todos os entrevistados contestaram a reativação do aterro Delta A por conta dos riscos ambientais. Para a estudante de biologia Júlia Romão, de 24 anos, destinar o lixo no local é um retrocesso à modernidade. “A cada ano mais e mais estudos comprovam que a gente precisa se preocupar com o meio ambiente. Como pode um órgão sério como a Prefeitura achar que um aterro sanitário é uma solução boa para o meio ambiente? Gente do céu, que absurdo!”, afirmou a estudante. A opinião de Júlia foi a mesma do autônomo Júnior Silva, de 42 anos, que reclamou da atitude da Administração Municipal. “Os caras estão malucos. Sério isso?”, questionou. Segundo ele, qualquer um sabe que despejar uma grande quantidade de lixo num local nunca vai fazer bem para o meio ambiente.

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