AFRODESCENDENTES

Escritora resgata identidade genética e geográfica familiar

Pesquisadora lançou três livros em sua trajetória de vida em seus 85 anos

Da Redação
27/04/2023 às 09:52.
Atualizado em 27/04/2023 às 09:52
Escritora e pesquisadora Odete Silva Dias fez palestra na OAB Campinas (Alessandro Torres)

Escritora e pesquisadora Odete Silva Dias fez palestra na OAB Campinas (Alessandro Torres)

“O maior investimento possível dos pais e do Estado é a educação.” A escritora e pesquisadora Odete Silva Dias, de 85 anos, negra, enfermeira e filósofa de formação, realizou na quarta-feira (26) à noite em Campinas a palestra “Identidade Genética e Geográfica dos Afrodescendentes”, tema de dois dos seus três livros escritos durante toda a sua trajetória de vida. O evento ocorreu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - 3ª Subseção Campinas organizado pela Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra do Brasil.

A escritora conversou com a reportagem do Correio Popular e contou como foi todo o processo de desenvolvimento de suas pesquisas. “Os traumas na infância, como as perdas da irmã mais velha e do irmão mais novo em um período de 90 dias, despertou na sexta filha de oito irmãos, nascidos em Jeriquara, região norte do interior do estado de São Paulo, próximo à Franca, o desejo de conhecer o mundo, a Deus e a si mesma”, explicou.

Passei por um problema sério de saúde ainda adolescente. Fui uma das primeiras a ser diagnosticada no estado com tuberculose. Após minha recuperação, me descobri na área da saúde e por consequência a Enfermagem”, relembrou a pesquisadora.

Anos mais tarde, Odete Dias decidiu pesquisar, depois de ouvir muitas “estórias”, sua própria história e de sua família. Seu primeiro livro “Identidade: o tempo como senhor da história”, contou com pesquisas de documentos no Brasil e em Angola, no continente africano, mapeando genética e geograficamente seus irmãos e primos, desvendando sua árvore genealógica.

O interesse pela história dos seus antepassados impulsionou uma nova pesquisa que resultou no seu segundo livro “Identidade: o tempo como senhor da história – os emigrados”. Dessa vez a escritora se debruçou sobre todo o processo do comércio de escravizados da África para a Europa, sob a chancela de documentos produzidos pela Igreja Católica na pessoa do Papa Nicolau V a partir de 1452.

Um banho de história protagonizado pela escritora que fez questão de deixar registrado. “O dinheiro as pessoas roubam. O conhecimento não.”

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