Na última semana, houve relatos de vários casos na cidade, mas em dois bairros específicos, no distrito do Campo Grande, a quantidade de escorpiões impressiona
Sydney Stefanin, professor de educação física, morador do Jardim Florence 1: "Mesmo com veneno eles chegam a entrar em casa. Depois de um tempo aparecem mortos e ficam secos" (Lizandra Perobelli/Especial para a AAN)
A infestação de escorpiões amarelos, espécie mais venenosa, tem preocupado moradores de Campinas e também o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e as Equipes Regionais de Vigilância em Saúde. Na última semana, houve relatos de vários casos na cidade, mas em dois bairros específicos, no distrito do Campo Grande, a quantidade de escorpiões impressiona. Sydney Stefanin, de 55 anos, professor de educação física, é morador do Jardim Florence 1 e diz que só este ano já capturou 12 escorpiões em sua casa. “Encontramos na garagem, atrás da poltrona e em outros lugares. No ano passado inteiro achamos cinco”, compara. Sydney acredita ter sorte pelo fato de ninguém de sua família ter sido picado ainda e conta que uma vizinha não teve a mesma sorte. “Ela foi picada há um mês, enquanto limpava a casa do pai dela, no Jardim Rossin, e teve que tomar morfina por causa das dores, que persistiram por 24 horas”, relata. Para tentar se precaver, Sydney investiu em venenos para combater escorpiões. “Mas mesmo com o veneno eles chegam a entrar em casa. Depois de um tempo aparecem mortos e ficam secos”, relata. O assistente administrativo Flávio Correia, de 37 anos, diz que já encontrou escorpiões na parede da sala, em sua lavanderia, corredores, na frente e no fundo de sua casa, localizada no Satélite Iris 1. “Na mata existente em frente à minha casa, tem um campo de futebol e um grande buraco onde jogam entulhos diversos. E lá é tomado de escorpiões. Outro dia meu cunhado trouxe mais de quinze dentro de um vidro pra nos mostrar. A vizinha ao lado da casa já pegou até nas louças em cima da pia, debaixo da cama do filho e em vários lugares. Ela tem três filhos e um recém-nascido.” Ao longo dos anos, há uma crescente demanda de pragas urbanas e cada vez mais situações beneficiam a proliferação de animais peçonhentos, especificamente os escorpiões amarelos, segundo a bióloga e coordenadora do CCZ, Elen Fagundes. A bióloga diz que esses animais são classificados como aracnídeos e peçonhentos e por isso colocam o sistema de saúde em alerta. Mais de 90% dos casos de picadas tendem a não ser graves, tranquiliza Elen, mas causam incômodo e dor local, fazendo-se necessário a analgesia para eliminar a sensibilidade. Em casos de demora da identificação da picada, pode-se chegar a óbito. A toxina de um animal peçonhento tem efeitos mais rápidos numa criança ou em idosos por serem mais frágeis e segundo o CCZ, procura-se evitar o acidente, através das orientações aos cidadãos. As condições estão, definitivamente, favoráveis à proliferação, pois eles se alimentam de insetos menores, mas principalmente de baratas. Além disso, adaptam-se muito bem às redes de esgoto, galerias pluviais e redes elétricas, chegando até as casas através de ralos ou mesmo por meio de lustres e fios desencapados. E esse, não se trata de um problema apenas do município, já que cidades vizinhas e de outras regiões do País também compartilham com o Centro de Zoonoses as mesmas infestações. Elen também informa que é necessário que sejam realizadas ações permanentes e conjuntas entre órgãos públicos de limpeza e a população mobilizada. “Os moradores não podem fazer descartes indevidos de lixos, pois isso propicia a infestação. Donos de terrenos devem cuidar desses locais, evitando que tornem-se abrigos de lixos de todo tipo e eliminando a multiplicação dos peçonhentos”, orienta a bióloga. Além disso, é fundamental que as partes externas das casas sejam limpas e os moradores devem estar atentos à limpeza das caixas de gordura, lixeiras que deverão ser mantidas fechadas, evitando atrair insetos que são alimento para os escorpiões e tudo isso, para evitar o contato e consequentemente o acidente. Elen orienta que, caso o acidente ocorra e alguém seja picado, é necessário procurar com rapidez uma unidade de saúde mais próxima, para receber o devido atendimento. E também, para efeito de mapeamento, a população pode colaborar com o Centro, ligando no telefone 156 da Prefeitura, para relatar o caso e cooperar com a identificação dos bairros que estão enfrentando a infestação. O QUE FAZER PARA EVITAR ACIDENTES? Instalação de veda porta rodo Ralo abre-fecha Cabos de tensão encapados Tampa protetora de pias Produtos químicos devem ser registrados e quem vai manuseá-los precisa estar habilitado SAIBA MAIS O escorpião amarelo tem como nome científico Tityus serrulatus e pode ser encontrado no Sudeste e Centro Oeste do Brasil. Trata-se de um escorpião com pernas e causa num tom de amarelo claro, o seu tronco é de um tom de amarelo escuro. O nome da espécie foi dado devido ao fato de que esse escorpião possui serrilha no terceiro e quatro anéis da sua causa. Em média tem 7 cm de comprimento. COMO PROCEDER SE ENCONTRAR UM ESCORPIÃO? Você deverá armazená-lo em um pote com álcool e se possível levá-lo a um ponto de saúde, para que encaminhem ao Centro de Controle Zoonoses.