prevenção

Escolas da RMC suspendem aulas

Dezessete das 20 cidades da RMC acompanharam a medida preventiva adotada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de interromper as aulas

Daniel de Camargo
17/03/2020 às 08:11.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:27

Dezessete das 20 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) acompanharam a medida preventiva adotada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de interromper gradualmente as aulas desde ontem. Na maioria dos municípios, as escolas permanecerão abertas até sexta-feira, para que as famílias possam receber orientações e se organizar para manter os estudantes em casa a partir da próxima segunda-feira, quando as atividades serão totalmente suspensas. No período, as faltas serão abonadas. Apenas Hortolândia, Indaiatuba e Santa Bárbara d’Oeste não seguiram as diretrizes do governo. Na última sexta-feira, a secretária de Educação, Ciência e Tecnologia de Hortolândia, Sandra Fagundes Freire, informou que, ontem, os gestores de todas as escolas receberiam orientações da Secretaria de Saúde sobre como agir de forma preventiva no ambiente escolar. “Os alunos terão uma rotina supervisionada de lavar as mãos de forma criteriosa, com orientação de profissionais de enfermagem. Estamos acompanhando, junto com o Comitê Municipal, as ações estabelecidas para que possamos agir com cautela e tenhamos tranquilidade para enfrentar esta situação”, enfatizou Sandra. Em nota, a Prefeitura de Indaiatuba informou que as aulas foram mantidas porque muitas famílias dependem das creches e escolas para deixar seus filhos e manter a rotina de trabalho. No entanto, as atividades extraclasses estão suspensas a partir de hoje. Todavia, serão abonadas as faltas dos estudantes que faltarem. O Executivo informou que as vagas não serão prejudicadas. A Administração Municipal de Santa Bárbara d’Oeste informou que a presença dos alunos é facultativa e as eventuais faltas serão abonadas. “Além do ensino, as escolas cumprem um papel social relevante e devem permanecer como um ponto de apoio e conscientização da comunidade”, diz trecho do texto. Rede municipal O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), anunciou na tarde de ontem a suspensão das aulas na rede municipal e privada do maior município da RMC. Na rede pública municipal, são 206 unidades que atendem aproximadamente 64 mil alunos. A orientação para quem puder é não ir à escola nesta semana. Já na rede estadual de Campinas, são pouco mais de 106 mil estudantes. Luciano Rodrigues da Silva, motoboy de 37 anos, morador do Conjunto Residencial Souza Queiroz, próximo ao bairro Parque Ipiranga, disse concordar com a suspensão das aulas. Um de seus filhos estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Vicente Rao, no Parque Industrial. “As crianças em casa, vai nos prender lá. Apesar dessa mudança na rotina, é o mais seguro”, comentou. Mesmo com as medidas, projeta, o País já está sendo muito afetado, inclusive a economia. Ontem, muitas escolas, públicas e privadas, apresentavam salas vazias. No Colégio Lyon, no Jardim Proença, as atividades serão suspensas só na quinta-feira. Mas a média era de cinco alunos por sala. No período de suspensão, a instituição disponibilizará conteúdo em vídeos pela internet. Diversas outras escolas particulares e universidades também suspenderam as atividades. Entre outras, o Colégio e Curso Oficina do Estudante e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Medidas Ontem pela manhã, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, apresentou uma videoconferência direcionada aos dirigentes regionaisde ensino, prefeitos, secretários municipais de educação, supervisores e diretores de escola. Rossieli tirou dúvidas e reforçou a importância do distanciamento social neste momento e a necessidade de proteger os idosos. “Ao restringir o contato social tentamos evitar o aumento exponencial dos casos. Estudos apontam que a cada três dias o número de casos poder dobrar. Sem esse tipo de medida (de suspender as aulas), podemos chegar a um colapso”, analisou. O secretário lembrou ainda que em muitos casos, crianças e jovens não apresentam sintomas, mas podem ser transmissores do vírus, pondo em risco as próprias famílias e os servidores da escola. Rossieli ressaltou que a secretaria fará comunicações frequentes com toda a comunidade escolar por diversos canais, e pediu atenção às fake news. Unicamp amplia medidas de restrição na área acadêmica A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou ontem a ampliação das medidas de restrição de atividades acadêmicas adotadas na semana passada por conta da epidemia do coronavírus. As restrições — que deveriam ser encerradas no dia 29 de março — foram estendidas até o dia 12 de abril. A universidade monitora 11 casos suspeitos de contaminação — cinco deles, da comunidade acadêmica. Os demais são pacientes do Hospital das Clínicas — referência regional do atendimento a pacientes afetados pela doença. A Unicamp conta com cerca de 35 mil alunos, oito mil funcionários e aproximadamente 1,8 mil professores.  Na resolução publicada ontem, a universidade informa que ficam suspensas as atividades acadêmicas presenciais e eventos públicos até 12 de abril, sendo mantidas as atividades administrativas e das áreas essenciais e de saúde. Até o dia 12 de abril, ficam suspensas as viagens de professores e servidores, e os setores administrativos vão funcionar em regime de contingenciamento ou rodízio. Poderá ser definido também o trabalho a distância. O funcionário que não puder deixar seu filho em creche, poderá não comparecer ao trabalho. Gestantes e servidores com mais de 60 anos, além daqueles que registram quadros clínicos de diabetes ou doenças cardíacas e respiratórias, também estarão dispensados do comparecimento. Plano de contingência Atualmente, o HC da Unicamp conta com 40 leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que podem ser utilizados para atendimento dos casos de coronavírus. A instituição, no entanto, informou ontem que se houver necessidade, outras áreas do hospital poderão ser convertidas em UTIs para atender eventuais casos de coronavírus. "O Hospital tem hoje uma reserva de mais de 40 respiradores que estão prontos para serem usados em uma eventual emergência. Se houver um problema com algum equipamento usado por um paciente, nós trocaremos ele imediatamente. Mesmo assim, fizemos a compra de mais respiradores" , comentou. A Unicamp destacou ainda que está entrando com pedido de obtenção de verba junto ao Governo do Estado de São Paulo para ajudar na assistência de novos pacientes. Na última quinta-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, liberou R$ 92 milhões ao Estado de São Paulo para o combate à propagação do coronavírus, após solicitação feita pelo governador João Doria. "Também estamos entrando com um pedido junto ao governador para que possamos usar parte dessa verba, porque vamos ter sobrecarga de pacientes", comentou.

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